“Marcelo quer reabrir debate” sobre AO90 (?)

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DN_logoMarcelo quer reabrir debate sobre Acordo Ortográfico

Diário de Notícias, 30 de Abril de 2016 – 11:16

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Presidente faz visita de quatro dias a Moçambique, país que não ratificou o acordo

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Marcelo Rebelo de Sousa vai relançar o debate sobre o Acordo Ortográfico aproveitando a boleia da visita de quatro dias que fará na próxima semana a Moçambique, país que não ratificou o dito acordo. Segundo avança hoje o Expresso, o referendo é uma das possibilidades para resolver o impasse.

O consultor cultural do presidente da República, Pedro Mexia, diz ao semanário que Marcelo tem recebido mensagens de cidadãos e instituições a contestar o acordo e que, caso Moçambique e Angola não o ratifiquem “impõem-se uma reflexão sobre a matéria, que é de competência governamental, mas o presidente não deixará de sublinhar a utilidade de reflexão”.

O Expresso recorda que em 1991 Marcelo Rebelo de Sousa foi um dos 400 subscritores de um manifesto contra o Acordo Ortográfico, mas que, em 2008, se manifestou a favor do mesmo considerando que as alterações não eram substanciais. Seis anos depois, na TVI, admitiu que, apesar de defender o Acordo Ortográfico, não o aplicava na prática. Durante a campanha para as presidenciais, Marcelo continuou a não escrever segundo as novas regras, mas nunca tomou uma posição pública sobre o tema. Já este mês, num ofício a que o Expresso teve acesso, lê-se que “sem prejuízo de possíveis desenvolvimentos futuros, o presidente da República, como todas as instituições do Estado português, segue as regras do Acordo Ortográfico no exercício das suas funções”.

[Diário de Notícias, 30 de Abril de 2016. Acrescentei “links” e destaques. Fotografia de topo: TVI24.]

“Minha nossa” (Senhora)

ruadoegitoOeiras11

A saga continua. De rajada, quatro artigos de três autores diferentes, todos eles perorando sobre, a bem dizer, amendoins linguísticos: o primeiro artigo versava sobre “o sexo das palavras“, o segundo “assunto” foi a “linguagem politicamente correcta“, em terceiro lugar veio o “importantíssimo” tema dos barbarismos contaminando a Língua Portuguesa e agora aparece mais este, olha-m’este, o quarto é do Chico Louçã, esse ganda bacano.

Numa prosa pejada de expressões idiomáticas brasileiras volta ele à vaca fria, salvo seja, o Chico, manifestando-se — se bem que usando de elegantérrima ironia — chateadérrimo por o autor do primeiro artigo da presente rajada achar que as palavras são como os anjos, não têm sexo. Que sim, que têm, diz o Chico, e “prova” irrefutável disso é que até o Presidente da República (um reputadíssimo revolucionário, como toda a gente sabe) diz “portuguesas e portugueses” em vez de utilizar o exíguo, insuficiente, reaccionário e somítico apelativo “portugueses”. Tomai e embrulhai, seus sexistas, machistas, ó cambada.

Pois bem, pessoal (está bem assim, ó Chico?), parece-me que já chega de brincadeirinhas. Não vou agora estar aqui a tecer considerações sobre teorias da conspiração (pero que las hay, las hay) por causa do “timing” em que surgem mais estas “causas fracturantes”; não me consta que tais minudências, que não interessam nem ao menino Jesus, sirvam objectivamente para desviar as atenções do essencial, ou seja, para entreter o pagode.

Mas não deixa de ser um bocadinho estranho que ande por aí tanta gente à procura de sarna linguística para se coçar quando a Língua Portuguesa já tem cancro de pele, neoplasia ortográfica.

 

logo_shareA Língua Portuguesa, santificada seja ela nas suas alturas

25 de Abril de 2016

Francisco Louçã

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Ouvi e não consegui evitar o espanto. O espanto, não, mesmo o escândalo, se não a indignação. Pois não é que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, e logo no parlamento, e logo na sessão solene do 25 de Abril, se permitiu dizer o seguinte: “É olhar para a forma como Portuguesas e Portugueses estão a viver a saída de uma crise, certamente uma das mais pesadas desde o 25 de Abril de 1974. Elas e eles sofreram sacrifícios, cortes, penalizações”. Como se não bastasse esta afronta, repetiu a tolice umas frases adiante: “Elas e eles foram os grandes vencedores sobre a crise”.

Estava eu esmagado pelo argumento imperioso dos críticos, essa tal de linguagem inclusiva é um disparate, o masculino plural sempre serviu e sempre há-de servir para incluir homens e mulheres, isto é um problema de gramática e não é de sociedade, está bem como está, o cavalheiro deixe-se de frescuras, a Língua Portuguesa é definitiva, e sai-se o Presidente com uma destas. De facto, com duas destas, ele disse e repetiu, um erro ainda se perdoa mas dois erros é uma estratégia.

Que a coisa foi longe demais, é bem evidente. Tudo começou com uma proposta bastante ingénua e menor (o Cartão de Cidadania, pelo amor da santa, era só isso), armou-se um fuzué tremendo, televisão, reportagem, crónicas, incêndios vários. E, claro, como estas coisas acontecem de onde menos se espera, tive direito a que me expliquem paternalmente que é tudo “treta” (Ferreira Fernandes até decidiu declarar-se ofendido e atirar-me com uma história estrambólica sobre uma candidata de burka algures no norte da Europa) e Nuno Pacheco, imperial, veio impor um definitivo “querem mesmo acabar com a linguagem ‘sexista’? Acabem com o Português”. De permeio, citação de Ricardo Araújo Pereira, a quem tiro sempre o chapéu, e de Miguel Esteves Cardoso, que aliás teve a elegância de vir deitar água na fervura e explicar, meio a brincar e meio a sério, que até gosta disso de usar “cidadania” para designar o homem e a mulher e os seus cartões. O assunto teria ficado arrumado, digo eu, se não fosse esta ligeira tergiversação do Esteves Cardoso, mas todas as guerras têm as suas baixas.

Eu não sabia que escolher a designação de “alunos” para uma turma de 25 mulheres e dois homens era uma imposição definitiva da Língua Portuguesa, abençoada seja ela. Ingenuidade minha, aprendi logo com a admoestação. Imaginava que me podia atrever a dizer “enfermeiras” ao tratar de uma profissão que tem, quantas serão: 95% de mulheres? Arrependi-me logo, estaria certamente a “acabar com o Português”.

Pensava eu que podia propor uma abordagem moderada, pragmática, porque me cansa repetir exaustivamente “professoras e professores”, ou “trabalhadoras e trabalhadores”, e por isso gostaria de usar termos inclusivos aqui e além, de modo a respeitar homens e mulheres e que a língua seja o que é, uma forma de comunicação fluida e consistente entre pessoas – nunca mais me atreverei a pensar nisso, é uma “treta”, “a mais tola e inútil das cruzadas” que até pode “acabar com o Português”.

Entendam portanto a minha indignação quando escutei o Presidente a dilacerar a Língua Portuguesa. Ele não leu a Gramática? Ele atreve-se a pronunciar “a mais tola e inútil das cruzadas”? Não ouviu os áugures que nos avisam da desgraça da Língua Pátria? Não sabe que as regras são eternas, que na Língua não se mexe, que o que é “Homem” há-de ser sempre homem e mulher e que o que é “homens” será tudo? Pensará ele que a Língua evolui e que os seus atrevimentos no discurso do 25 de Abril a vão ajudar a mudar, ou que a sociedade é que vai fazendo a língua e não o inverso? Não percebe o que é evidente? E não há impeachment num caso tão sinistro como este?

[“Público”, edição em papel, 30.04.16]

“Lost in translation”

lostintranslationNunca entendi esta “questão”. Há-de ser decerto um assunto importante, a julgar pelo número de pessoas (pelo menos aparentemente) normais que a ele se referem amiúde, mas confesso que me ultrapassa mesmo “o” para que raio isto interessa. Em que é que este antiquíssimo fenómeno, esta trivialíssima parvoíce, tal vulgaríssima labreguice afecta a Língua Portuguesa enquanto corpus são e escorreito?

Pois é claro que a TVI (por exemplo, mas com direito a destaque) capricha na liquidação sumária do Português. Pois sim. Mas isso, raios, não tem absolutamente nada a ver com aquilo que nos interessa!

Anglicismos? Francesismos? Barbarismos? Estrangeirismos?

Sim, sempre houve disso. So what?

O “acordo ortográfico” é que é assunto, ok?

Peço desculpa pelo estilo blunt: isto é pura e simples conversa fiada, verbo de encher, bull shit. Tentem lá mudar o chip, caramba, deixem-se de conneries.

 


logo_sharePerdidos na tradução

Nuno Pacheco

29/04/2016 – 00:10

Faz-nos falta a Grande Cruzada da Tradução Nacional!

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Anda por aí um vírus, teimoso e persistente, ao qual nos vamos habituando com alguma moleza: o vírus do Anglicismo. Nada de muito grave, diga-se. O seu irmão mais velho, o Galicismo, imperou com pompa e proveito no século XIX. Depois auto-extinguiu-se, sem intervenção de qualquer vacina. Os pais, esses, são eternos: o Desdém e a Tolice. Antes de continuar, convém dizer duas coisas positivas. A primeira é que os portugueses são, ou tentam ser, saudavelmente poliglotas, e para isso muito contribui o facto de não haver, por exemplo, tradução oral mas sim legendagem de filmes, documentários ou séries (ao contrário do que sucede, por exemplo, em Espanha, França ou Inglaterra), e assim desde muito novos que todos sabem como soa o inglês, o francês, o espanhol, o alemão ou o japonês. A segunda, é que o uso de palavras ou frases estrangeiras no dia-a-dia, por necessidade ou brincadeira, não faz mal a ninguém e nem sequer é criticável. Ninguém se lembraria, a não ser os mais puristas, de traduzir Facebook por Livro de Caras ou Twitter por Gorjeio.

No entanto, há casos onde o abuso do inglês se torna caricato. Vejam-se, por exemplo, muitos concursos televisivos nacionais (The Big Picture, Got Talent Portugal, Cook off, The Voice Portugal, Fama Show, Love on Top, etc); os nomes que travestiram tantas universidades; a gíria que infesta a economia e a gestão; ou o recém-inaugurado e prometedor News Museum. Quem escolheu o título em inglês deve tê-lo achado mais cosmopolita. Museu das Notícias? Que saloiada! Mas e o também recente Museu do Dinheiro? Não será este tão ou mais universal do que as notícias? Então, o que esperam para fazer dele um Money’s Museum, hã?

Ah, faz-nos falta a Grande Cruzada da Tradução Nacional! Ponhamos em Belém uma Tower e um Monastery, para ajudar os turistas; troquemos as ruas por streets; chamemos trains aos comboios e ATM aos multibancos, sejamos, como se diz?, universais! — que o Desdém pelo nosso idioma e a Tolice de ignorá-lo farão o resto.

“O equívoco” politicamente incorrecto

CratiloUm artigo politicamente correcto veiculando uma opinião politicamente correcta sobre o fenómeno que nesta mesma frase aparece por duas vezes designado. Descontando o estilo de trabalho académico, pejado de referências a “fontes” que tornam a leitura quase impossível, o autor faz ainda assim despontar, por entre esse emaranhado de “impressionantes” citações, uma ideia ou outra de sua própria lavra. As referências a “conservadorismo” ou a “conservadores” são em si mesmas não apenas politicamente correctas (basta atentar nos respectivos antónimos, por assim dizer) como ilustram a mecânica intrínseca, a lógica inerente, o “modus operandi” não da linguagem mas do “pensamento” politicamente correcto: impedir que a porca da realidade estrague uma bela teoria.

 


 

logo_sharePlatonicamente correcto

António Guerreiro

29/04/2016 – 12:03

A ideia de que vivemos sob a ditadura do “politicamente correcto” não resiste a esta experiência: diante de uma plateia cultural e socialmente heterogénea, pede-se que levante o braço quem defende a “political correctness” e verifica-se que é diminuto o número de braços erguidos. Quem conta esta experiência é um académico americano chamado John K. Wilson, num artigo escrito no ano passado, onde actualiza e reafirma a sua tese de 1995, num livro intitulado The Myth of Political Correctness. The Conservative Attack on Higher Education. Para a maioria, ser politicamente correcto significa aderir a um hipermoralismo, a um puritanismo da linguagem, a um fundamentalismo ético. John K. Wilson não nega que houve uma revisão da linguagem no sentido de adequá-la a novos quadros ideológicos e a novas concepções culturais e sociais (reconhecendo, aliás, que não é possível excluir as idiotices de gente intolerante), mas os seus argumentos pretendem demonstrar que as denúncias do politicamente correcto como um fanatismo que tomou conta da Universidade e dos media, ameaçando a cultura americana, são reacções muito exageradas de uma “conservative correctness” a que John K Wilson também chama “patriotic correctness”. Este debate, cujos argumentos de um lado e do outro são difíceis de avaliar na sua adequação à realidade para quem está fora do contexto, torna bem claro que as operações de correcção política não consistem em querer impor uma linguagem artificial e cheia de maquilhagem contra uma linguagem neutra, pura e natural, como a água que jorra das fontes. Tais operações partem precisamente da ideia – incontestável – de que há regras gramaticais, usos e formações lexicais que se sedimentaram como históricas cristalizações ideológicas e culturais. O equívoco do politicamente correcto é o de que as pode destruir, quando elas têm é de ser desconstruídas (evoco a “desconstrução”, à maneira de Derrida, que está longe de ser o mesmo que “destruição”). Toda esta discussão tem a vantagem de nos reconduzir à política enquanto questão exclusiva dos seres falantes. Os regimes totalitários tiveram a pretensão de pôr a língua ao serviço dos seus desígnios, de a manipular até ao ponto de enxertar nela um novo idioma. Veja-se o estudo magistral que o filólogo alemão Victor Klemperer publicou em 1947, sobre a LTI, a Lingua Tertii Imperii, a língua do IIIº Reich. Mas não se pense que as democracias liberais não impuseram também uma língua ao serviço da mentira política. Basta pensar no uso que se faz de palavras como “crise”, “reforma”, “colaboradores”, “recursos humanos”, “empreendedorismo”, etc. Mas foi o comunismo soviético que se identificou totalmente com um “linguistic turn”, uma viragem linguística, ao ponto de querer governar através da linguagem e proceder a uma “linguistização da sociedade”. É esta a tese de um filósofo russo-alemão, Boris Groys, num livro de 2006 intitulado Das Kommunistische Postskiptum. Logo no início do livro, podemos ler esta asserção: “A revolução comunista é a transcrição, ao nível da praxis social, do medium do dinheiro [através do qual opera a economia] para o medium da linguagem [através da qual funciona a política]”. O comunismo pode assim ser definido como um fenómeno discursivo. E a União Soviética, diz Groys, “concebia-se como um Estado onde só a filosofia governava”, realização histórica da República de Platão, em que linguagem é elevada a medium de poder total. O politicamente correcto não é uma ideologia, como pretendem muitos ideólogos conservadores, mas tem uma forte dimensão platónica.

[Transcrição, exactamente conforme o original (sem parágrafos), de artigo de opinião da autoria de António Guerreiro. Jornal “Público” (suplemento “ípsilon”), 29.04.16. Destaques meus. Imagem de topo (não casual ou por lapso): Google Books. ]

“Euromundismo” e “afetos” (?)

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Nos seus 20 anos – A evolução da CPLP

27.04.2016 às 16h00

Adriano Moreira

“A CPLP é um pacto de amizade entre iguais. A sua actuação está a ganhar crescente visibilidade internacional e o seu reconhecimento tem-se verificado nas actividades desenvolvidas em inúmeras áreas sectoriais. As demonstrações de interesses de alguns países e instituições em integrarem a CPLP comprovam a vitalidade de uma organização que comemorou 15 anos de existência no passado 17 de Julho de 2011”. As palavras são de Domingos Simões Pereira, anterior secretário-executivo da organização. Agora, quase a celebrar 20 anos, Adriano Moreira faz uma análise da evolução da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

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Quando, em 1964 e 1966, se realizaram o primeiro e segundo Congressos das Comunidades de Cultura Portuguesa, por iniciativa da Sociedade de Geografia de Lisboa, à qual então presidia, sabíamos que a estrutura do Império Euromundista da frente atlântica europeia, esperava já pela certidão de óbito na ONU. Nesta data, sobreviventes a essas iniciativas, existe a Academia Internacional da Cultura Portuguesa em actividade, e a União das Comunidades de Cultura Portuguesa suspensa pelo facto de, em moldes diferentes, o tema ter passado para a órbita governamental. O desfazer do Império Euromundista, que tinha sede em vários Estados da frente atlântica (Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Portugal), não omitiu a guerra, que, pelo que respeita a Portugal, não tinha sido necessária quando se desfez o breve Reino Transatlântico de Portugal, Brasil e Algarves, reinando D. João VI, e no rescaldo da Revolução Francesa e das guerras napoleónicas.

Mas se o desfazer daquele breve Reino foi geralmente pacífico, também implicou a sobrevivência de um espírito de solidariedade das sociedades civis e dos governos, que no referido Congresso de 1966, na Ilha de Moçambique, permitiu a um delegado brasileiro proclamar que tinha sido dado um passo para a Pátria Maior, isto à sombra das bandeiras de Portugal e do Brasil, pela primeira vez erguidas a par como alicerce de um futuro. Essa Pátria Maior seria o que tenho chamado uma solidariedade de afectos, permanente e crescente à margem da evolução política, que, no virar do século, incluiu a chamada guerra colonial portuguesa. Todavia, este grave acidente não impediu o sonho da solidariedade de afectos, de que muitos foram apóstolos, ocorrendo-me lembrar Agostinho da Silva como voz sobrevivente em todas as circunstâncias, e ainda hoje ouvida.

De facto, depois de o Presidente da República Portuguesa, António José de Almeida, ter ido ao Brasil agradecer o facto de se ter proclamado independente, foi seguramente tal sentimento que fez com que, entre todos os países europeus do Império Euromundista da frente atlântica, Portugal fosse o único que viu configurar-se o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Embora o facto da comunidade de afectos, sem esquecer os acidentes do trajecto colonial semeado de brutalidades por todos os colonizadores, seja de origem inevitavelmente portuguesa, como demonstração evidente na formação da nacionalidade obtida pela mistura de mais de uma dezena de etnias, é certo que nenhuma de ambas as instituições teve o seu arranque por mão portuguesa, mas antes por iniciativa do Brasil. E por isso não poderei deixar de lembrar sempre o nome do embaixador José Aparecido de Oliveira, que foi o grande realizador das instituições e, por muito que a ideia seja contornada, o papel doutrinário de Gilberto Freyre, e o sonho de Agostinho da Silva de criar uma Biblioteca portuguesa em Brasília, que apoiasse eficazmente o plano universitário, e o projecto que não conseguiu levar a cabo de semear Centros de Estudo Portugueses em pontos cruciais da história portuguesa, designadamente Ceuta, Goa, Malaca, Japão, e assim por diante.

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