«“Bobagens” de Ministro brasileiro» [“O Diabo”, 23.11.23]

Logo de entrada, contaminando o artigo propriamente dito, uma citação do falecido historiador José Hermano Saraiva, esse assumidíssimo, assanhadíssimo brasileirista, aliás um dos mais destacados membros do restrito clube de fiéis à “causa” do Itamaraty, ou seja, devotos do putativo II Império brasileiro.

Dessa elite de tugas ilustres do chamado “antigo regime” com imenso “sentido de dedicação ao Brasil”, fazia também parte, por exemplo, Adriano Moreira, ex-Ministro de Salazar (1961-62), depois ex–Presidente do CDS-PP (1986-88), depois ex-deputado (1992-95) e por fim ex-Conselheiro de Estado (2016-19).

E, se bem que fossem — como continuam a ser — uma irrisória minoria, Hermano e Adriano tinham por companhia outros devotados sonhadores (ou apreciadores de pesadelos, consoante a perspectiva) do brasileirismo, alguns dos quais ainda transportando consigo o mofo do “antigamente”, como o próprio Marcello Caetano, que ali se exilou em 26 de Abril de 74 e que por lá ficou a dar umas aulas, ou o Cavaco de Boliqueime (ex-PM, ex-PR e ex-especialista em rodagens de automóveis Citroën), a quem Brasília deve, pessoalmente, a “adoção” da língua brasileira em Portugal e PALOP, via #AO90.

Brasão do (I) Império do Brasil. O brasão do II Império brasileiro poderá ser o mesmo com, por exemplo, uma bola de futebol no centro e o lema “Pentacampeão Mundiau”

De resto, no mesmo clube “canarinho”, isto é, no “time“, alinharam, antes e depois do 25 de Abril, outras figuras gradas e caras — literalmente — de ambos os regimes. Já no Estado que sucedeu ao velho (o qual, por mais paradoxal que tal coisa possa parecer, se designava como “Estado Novo”), as esquerdas partidárias atiraram-se ao Brasil e à língua universau brasileira como gato a bofe, salvo seja, tendo descoberto, para o efeito e de repente, que afinal o “sentimento de dedicação ao Brasil” é uma ideia nova, novíssima, totalmente ao contrário do que sucedia no dito Estado Novo, e que, portanto, quem for contra o “acordo” de “adoção” da cacografia brasileira não passa de um empedernido “reacionário” a merecer holocausto ou, no mínimo, ser encostado à parede.

Viva o #AO90, “falam” estes “progressistas”, e “morte aos velhos do Restelo“, “falam” também, entre mais umas quantas brilhantes pérolas de coltura.

No que respeita a brasileiristas militantes, de resto, não considerando os gémeos do centrão, entre esquerdolas e direitalhos não existe a mais ínfima diferença: utilizam exactamente os mesmos “argumentos” para justificar o injustificável e fazem ambos gala da sua admiração parola pelo “gigante” sul-americano, sempre tentando disfarçar a insaciável ganância que a uns e a outros move. Não passam de uns quantos tristes, é certo, mas são por igual ruidosos, broncos e caceteiros.

“Bobagens” de Ministro brasileiro arrasadas por académico português

“Eu acho que as nações, como as pessoas, valem pelos sentimentos que têm. Esse nosso sentimento de dedicação ao Brasil é uma das riquezas da Alma Portuguesa. Às vezes pergunto a mim próprio se estaremos a fazer tudo, tudo quanto esse sentimento nos obriga”
José Hermano Saraiva, in “A Alma e a Gente”, IV, Ep. 7 – Portugal no Brasil (2006)[vídeo no fim deste “post”]

Jornal “O DIABO”, 23/11/2023


Com pouquíssimo eco na comunicação social, as declarações proferidas por Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, pela sua gravidade, deveriam ter motivado uma resposta firme por parte do Governo português. Não há reacção conhecida. Para não acirrar ânimos? Talvez.

Diz a sabedoria popular que “vozes de burro não chegam ao céu”, mas também que “quem cala, consente”.

Cotejadas as duas expressões, e porque “quem não se sente não é filho de boa gente”, impõe-se algumas observações sustentadas por factos, como se segue.

Flávio Dino milita no Partido Socialista Brasileiro, depois de um percurso político vinculado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB). É professor de Direito Constitucional e senador pelo Estado do Maranhão, para o qual, como candidato do PCdoB, foi eleito governador, na primeira vez, em Dezembro de 2014.

Nas redes sociais a partir do dia 7 de Novembro, um vídeo que mostrava “uma portuguesa xingando uma brasileira no aeroporto de Lisboa”, invectivando com “vá para a sua terra, estão a invadir Portugal”, suscitou o seguinte comentário de Flávio Dino: “Bom, se for isso, nós temos direito de reciprocidade, não é? Porque em 1500 eles invadiram o Brasil”. E continuou com “concordo, até, que eles repatriem todos os emigrantes que lá estão, devolvendo junto o ouro de Ouro Preto, e aí fica tudo certo, a gente fica quite”. Nesta pérola linguística sobre invasores e espoliados sobressai o “nós” e o “eles” …

Houve ainda comentários de Túlio Gadelha, deputado brasileiro com o cargo de relator da Comissão sobre Migrações Internacionais e Refugiados da Câmara de Deputados, que solicitou ao ministério das Relações Exteriores do Brasil que exigisse esclarecimentos à Embaixada de Portugal no Brasil. Quis “botar faladura” dirigida à turba inculta brasileira que faz ganhar eleições, e dela se aproveitando para atingir desígnios pouco edificantes, pondo-se a par com a agenda da moda. E fê-lo durante uma cerimónia pública, no Brasil.

Não se discute esse acto isolado e grosseiro, xenófobo se não for patriótico, de uma cidadã portuguesa sobre uma cidadã brasileira. Não é importante. Mas é pretexto para que reflictamos, todos, portugueses e brasileiros, ao nível de cada uma das nossas sociedades e de cada uma das nossas governações. Há, aqui e ali, pequenas situações de mau convívio, irrelevantes, que podem envenenar relações que se querem globalizantes, envolventes e de compromisso entre os dois Estados e Povos.

De forma sistémica, não há xenofobia nem racismo em Portugal. Os números registados nas polícias e nos tribunais provam-no. O que há são actos isolados, a que os mal-intencionados, “wokes” e grupelhos com uma agenda de racismo e de supremacia, mas ao contrário, querem dar dimensão institucional ao nível das relações bilaterais entre países. E há quem isto promova no exercício do ministério da Justiça brasileiro.

O Brasil, enquanto colónia, depois como Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822) e, por fim, como país independente, foi atractivo para portugueses e para gentes de muitas nacionalidades. Nas últimas décadas não tem sido. Pelo contrário, o movimento é inverso: são os brasileiros a procurar outros países para melhorarem as suas vidas e Portugal é um destino de referência. Pululam: por todo o lado em que se faça uma televisiva entrevista de rua, lá os ouvimos nas mais variadas situações e pelos mais diversos motivos.

São muitos, demasiados, para a nossa dimensão territorial e cifra demográfica. É um problema de escala, não tanto um choque cultural, que está na origem das reacções adversas do português comum aos brasileiros e dos atritos quotidianos nas cidades a que maioritariamente estes últimos afluem para viver: Lisboa, Porto, BragaÉ que não basta invocar a reciprocidade: deve haver proporcionalidade. Presentemente, vivem em Portugal cerca de 400 mil brasileiros, com mais de 150 mil a adquirirem autorização de residência durante o presente ano de 2023, dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. E os pedidos não abrandam.
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O unicórnio brasileiro

A expressão utilizada pelo actual presidente (“prefeito”, em brasileiro) da Câmara Municipal de Lisboa, no passado dia 2 de Novembro, em plena Web Summit, não foi “atrair brasileiros para Lisboa”, foi “atrair brasileiros para Portugal”.
Menos de um mês após proferir a bojarda, Moedas desloca-se a Brasília para assinar um acordo de geminação entre a capital portuguesa e a capital brasileira. Fez um acordo com esta, como já existiam acordos semelhantes com as capitais dos PALOP, mas “esqueceu-se” de “atrair para Portugal” (ou para Lisboa) os cidadãos destas outras, logo, dos respectivos países. Se há acordos de geminação com Luanda, Maputo, Bissau, Praia e São Tomé, então porque não pretenderá o “prefeito” alfacinha “atrair” angolanos, moçambicanos, guineenses e santomenses “para Portugal”? Porquê só brasileiros?

Na vida de cada qual, como é do senso comum, muito raramente há coincidências. Na política, nunca.

“Atrair brasileiros para Portugal é uma das prioridades”

eco.sapo.pt, 02.11.23
“Atrair brasileiros para Portugal é uma das minhas prioridades”, diz Carlos Moedas

A fábrica de unicórnios tem previsto um programa de softlanding, visando atrair empresas a se instalar em Lisboa.

“Atrair brasileiros para Portugal é uma das minhas prioridades”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na conferência de imprensa, na Web Summit, depois de ser conhecida a primeira scaleup a integrar a UnicornFactory Lisboa.

“Espero que a Web Summit no Brasil ajude a atrair mais pessoas para cá e não o contrário”, disse o autarca quando questionado sobre de que modo o ecossistema de startups brasileiro poderia beneficiar da Unicorn Factory Lisboa. Esta quarta-feira a Sensei foi anunciada como a primeira scaleup a integrar o programa de scaleups, com arranque previsto para 2023.

O projecto da fábrica de unicórnios tem ainda previsto um programa de softlanding, visando atrair empresas para se instalarem em Lisboa. Para estes dois programas, a CML e os privados têm alocado um total de 8 milhões de euros.

“Lisboa tem de ser uma cidade aberta”, reforçou Moedas, que aposta no projecto da fábrica unicórnios — uma promessa eleitoral — para atrair empresas de base tecnológica de todo o mundo para a cidade, uma forma, diz, de atrair jovens e criar emprego.

“A diversidade de pessoas é o que cria inovação”, reforça.

[Transcrição integral, incluindo destaque e “link”. Cacografia brasileira corrigida automaticamente]

Moedas assina acordo de geminação entre Lisboa e a capital do Brasil

Dinheiro Vivo/Lusa
dinheirovivo.pt, 23.11.23

O acordo tem como objectivo geral cimentar relações de amizade, intercâmbio e reforçar os laços históricos e culturais.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que está no Brasil, assina esta quinta-feira em Brasília um acordo de geminação entre as capitais portuguesa e brasileira.

Durante um jantar de comemoração dos 111 anos da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, em São Paulo, Moedas disse à Lusa que o acordo está inserido numa tradição que Lisboa já mantém com várias capitais de países de língua portuguesa como Luanda, Maputo, Bissau, Praia e São Tomé.

“O acordo é mais uma ligação de cidades irmãs que, Lisboa, por tradição, tem com cidades que são capitais de países de língua portuguesa. Não tínhamos isso com o Brasil e eu gostava muito de deixar essa marca (…). Por isso, assinar este acordo é muito importante”, afirmou o autarca.

O acordo de geminação entre Lisboa e Brasília, que será assinado por Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal (que detém o controlo administrativo da cidade de Brasília), tem como objectivo geral cimentar relações de amizade, intercâmbio e reforçar os laços históricos e culturais.

De acordo com dados divulgados no site da Câmara Municipal de Lisboa, os acordos de geminação também simbolizam “um reconhecimento de interesse mútuo no comércio, indústria e educação.”

A capital portuguesa já assinou 13 acordos de geminação, que incluem cidades europeias, asiáticas e africanas como Madrid, Rabat, Malaca, Macau, Budapeste e Cachéu. No Brasil, Lisboa mantém acordos de geminação com as cidades do Rio de Janeiro e Salvador.

Moedas confirmou que participou na Assembleia-Geral da União das Cidades Capitais Luso-Afro-Americo-Asiáticas (UCCLA), no âmbito de uma visita ao Brasil que começou na segunda-feira.

“Sou presidente da UCCLA, dessa união das cidades que falam português, e foi uma reunião muito boa porque conseguimos juntar muitas cidades, mais de 40 cidades, à volta da mesa, em Fortaleza [capital do estado brasileiro do Ceará], para discutir os temas da língua portuguesa e aquilo que é a capacidade que temos como cidades capitais portuguesas de sermos centros de inovação e tecnologia”, explicou.

Depois de passar por Fortaleza, Moedas participou, na terça-feira, em São Paulo, na 20ª. Assembleia Geral da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI), na qual autarcas de 18 cidades decidiram que o ano de 2024 será dedicado à língua portuguesa.

“Fui eleito vice-presidente da UCCI [no biénio 2024/2025]. Foi um prazer promover um impacto maior da língua portuguesa, não só o impacto que queremos ter entre as cidades de língua portuguesa, mas também nas cidades ibero-americanas, que por tradição usavam mais a língua espanhola a do que a língua portuguesa”, avaliou.

Moedas reuniu-se ainda com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e com o vice-governador do estado de São Paulo, Felicio Ramuth.

O autarca de Lisboa lembrou que assinou, há cerca de um ano, um acordo bilateral de colaboração com a maior cidade do Brasil, que engloba parcerias e troca de experiência em várias áreas como limpeza urbana, saúde, empreendedorismo, promoção de tecnologia, gestão administrativa e intercâmbio entre funcionários públicos.

Moedas disse que outro objectivo da visita ao Brasil é promover o projecto Fábrica de Unicórnios de Lisboa, que visa atrair investimentos de grandes empresas tecnológicas à capital de Portugal.

“Conseguimos num ano atrair mais de 54 empresas tecnológicas para Lisboa, entre elas [empresas] unicórnios, ou seja, que valem mais de mil milhões de euros (…). Hoje já temos um unicórnio brasileiro na nossa cidade, com escritórios, que é a Quinto Andar”, empresa de arrendamento de imóveis, disse o autarca

“Lisboa é um centro de atracção de talentos e é uma plataforma de inovação que hoje conta na Europa. Nós estamos pré-seleccionados para ser a capital da inovação da Europa. Acredito que Lisboa pode ganhar esse prémio porque tem realmente construído um ecossistema de tecnologia e inovação único na Europa. E, portanto, estou aqui também para falar com os investidores brasileiros“, concluiu.

[Transcrição integral. Cacografia brasileira corrigida automaticamente.
Destaques e “links” meus. Imagem de topo de: “Saddlery Direct“.]



Ecclesia passará a “Elesia”?

A estátua de Cristo Redentor, existente no Rio de Janeiro, no Brasil, inspirou, em 1934, durante uma visita àquela cidade, o Cardeal-Patriarca de Lisboa de então, Dom Manuel Gonçalves Cerejeira, a construir um monumento similar em Lisboa. [Wikipedia]

Se descontarmos a oratória litúrgica e ignorando a retórica “pastoral” do documento, esta espécie de programa de acção da organização “Ecclesia” contém orientações políticas relevantes para os católicos portugueses, com tudo o que isso implica no tecido social do país, como base, e, sobretudo, pelos reflexos que as ditas orientações inevitavelmente provocarão nas estruturas políticas do Estado português, do qual, aliás, a Igreja Católica é parte integrante e activa, quando não decisiva, desde pelo menos 1143.Pois bem, quase novecentos anos depois do Tratado de Zamora e da bula Manifestis Probatum (1179), é manifesto que as coisas não mudaram grande coisa naquilo que à política vaticana concerne ou, pelo menos, ao que verdadeiramente interessa a um dos seus ramos mais influentes.As verdadeiras intenções subjacentes ao documento agora transcrito ficam desde logo claramente expressas na repetição obsessiva de algumas palavras-chave: “diversidade”, “migrantes” (ou “migração”) e “inculturação” (ou “inculturada”). Palavras-chave estas que se articulam com certas expressões pontuais para formar um todo.

Se sequenciarmos “migrantes” e “inculturação” com “diáspora da língua portuguesa” (leia-se, “da língua brasileira”, que a IC tuga se apressou a “adotar”), ficamos de imediato com uma ideia clara daquilo que pretendem as sotainas — em particular o galho dos seguidores de Josemaría Escrivá.

Se a tal concatenação lógica anexarmos a “diáspora” (de sentido único, evidentemente) e o esconjuro de “racismo e xenofobia” — o omnipresente espantalho que, à esquerda, à direita e ao centro, convém sempre agitar –, então já teremos o quadro completo: a IC tuga, isto é, as editoras, escolas e colégios, investimentos e toda a sorte de negócios em que são parte interessada, em parceria ou exclusivamente, toda a filial tuga da organização romana está não apenas muito satisfeita pela “adoção” da “língua universau” como manifesta interesse no mercado do “gigante” e, em especial, nas esmolas que da Igreja brasileira (e de Roma) poderão escorrer para umas quantas paróquias da “terrinha”.

Ou quantas benesses pontifícias, em vestes e paramentos, em espécie ou em contado, poderá valer o fervor brasileirista, a devoção ao Cristo Redentor do Rio de Janeiro, a fé na cotação do Real.

Migrações: A diversidade cultural «não é ameaça» à unidade da Igreja

agencia.ecclesia.pt, 31 Outubro 2023

Missionários da diáspora da língua portuguesa estiveram reunidos, em Roma, para reflectirem sobre «diversidade de rostos da igreja».

Roma, Itália, 31 Out 2023 (Ecclesia) – A diversidade cultural “não é ameaça” à unidade da Igreja, concluíram os missionários da diáspora da língua portuguesa que estiveram reunidos, de 23 a 27 deste mês, em Roma (Itália) para reflectir sobre «diversidade de rostos da igreja».

“A diversidade cultural, fruto da aceleração da globalização, que está sempre mais presente nas paróquias, movimentos e comunidades migrantes não é, de maneira nenhuma, ameaça à unidade da Igreja: família de rosto pluriforme”, lê-se nas conclusões enviadas à Agência ECCLESIA.

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Zolgensma – PMF* (1.ª parte)


«Marcelo suspeito de “cunha” para tratamento de duas gémeas no Santa Maria»

TVI/CNN-Portugal, Sex, 3 Nov 2023

«O Hospital de Santa Maria abriu uma auditoria para perceber como é que duas gémeas que vivem no Brasil receberam em Lisboa um tratamento de quatro milhões de euros. Há suspeitas de que isso tenha acontecido por influência do Presidente da República, mas Marcelo Rebelo de Sousa nega a situação. Apesar de um parecer contra de todos os neuropediatras do hospital, o tratamento avançou mesmo e as suspeitas admitem que possa ter sido por influência do chefe de Estado. O programa Exclusivo, do Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), interceptou a mãe das crianças a admitir que recorreu a uma “cunha” do Presidente da República

Marcelo envolvido em caso de gémeas brasileiras tratadas em hospital de Lisboa

“Jornal de Notícias”, 03 Novembro, 2023

[foto]
Gémeas obtiveram nacionalidade portuguesa para serem tratadas – DR

O presidente da República terá tido influência no tratamento de duas bebés brasileiras, que para o efeito terão recebido em Lisboa medicamentos na ordem dos quatro milhões de euros, noticiou a TVI.

Marcelo Rebelo de Sousa é suspeito de interferência no Hospital de Santa Maria, num caso ocorrido em 2019, altura em que duas bebés brasileiras entraram naquela unidade hospitalar de Lisboa para receber um tratamento que custou quatro milhões de euros.

À TVI, Daniela Martins, mãe das crianças, confirmou que as então bebés, que viviam no Brasil, entraram no Santa Maria em finais de 2019 para serem tratadas, tendo conseguido obter a naturalização portuguesa, para que fossem tratadas em Lisboa. A progenitora precisou ainda que a nora e o filho do presidente da República tinham interferido a esse respeito.

De resto, a convicção dos médicos do Santa Maria é que tal sucedeu por influência do chefe de Estado. Uma carta de indignação dos clínicos desapareceu entretanto dos registos hospitalares, tal como o dossier de admissão das crianças, acrescentou aquele canal televisivo. O Hospital de Santa Maria vai abrir uma auditoria, para perceber o sucedido.

Em declarações à TVI, Marcelo Rebelo de Sousa disse não se recordar de ter tido interferência no caso, negando qualquer tipo de favor no processo. “Francamente não me lembro”, vincou o presidente da República, vincando, contudo, não ter tido influência no tratamento das bebés em Portugal.

Marcelo nega ‘cunha’ no caso de gémeas brasileiras em hospital de Lisboa

sol.sapo.pt, 4 de Novembro de 2023

Presidente da República negou, este sábado, ter interferido no acesso a tratamento médico de duas bebés gémeas brasileiras num Hospital de Lisboa.

Em causa está uma reportagem da TVI, transmitida na sexta-feira à noite, que dizia que Marcelo Rebelo de Sousa teria metido uma ‘cunha’ para o tratamento das crianças.

Eu ontem disse que não tinha feito isso, se tivesse feito tinha dito. Não falei”, sublinhou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas.

“Ninguém aparece [na reportagem] a dizer que eu falei com essa pessoa. Ninguém. Só há um Presidente. A família do Presidente não foi eleita”, afirmou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, os portugueses têm direito a saber “se o Presidente está a mentir ou se está a dizer a verdade”, pelo que “se aparecer alguém” admite não ter “outro remédio se não eventualmente ir a tribunal”, para comparar a sua “verdade com a verdade dessa pessoa”.

O chefe de Estado fez ainda questão de distinguir que não é o dever da sua honra que está em causa, mas sim “o dever da defesa do Presidente da República.”

[A cacografia brasileira foi corrigida automaticamente nas três transcrições.
Destaques e “links” (a verde) meus.]

*PMF = Para Memória Futura

Casa da “cidadania” da língua brasileira


José Manuel Diogo

Estudou Engenharia Mecânica e é licenciado em Jornalismo, ambos pela Universidade de Coimbra. Completou o PADE, Programa de Alta Direcção de Empresas da AESE, em 2009, do qual é vice-presidente. Em 2014, fez pós-graduação em Gestão da Informação e Segurança na Escola de Gestão da Informação da Universidade Nova de Lisboa.
Tanto em Portugal como no Brasil, estabeleceu as parcerias internacionais da Global Media, trabalho foi a força motriz que levou à criação da primeira mídia global, em língua portuguesa – a Plataforma. (…)
Fundou o Instituto Cultural “Associação Portugal Brasil 200 anos” (APBRA), do qual é o presidente da direção. É ainda diretor da Câmara Luso Brasileira de Comércio e Indústria, onde dirige o comitê de Trade Finance. (…)
Desde 2018 vive quotidianamente no Brasil, onde é um dos portugueses a ter uma coluna semanal da Folha de São Paulo, às quartas-feiras. (…)
Atua, atualmente, como produtor cultural e consultor, envolvido no desenvolvimento de projetos e negócios nas áreas da cultura, comércio e tecnologia.

[Transcrição parcial (extractos) do “curriculum” publicado pelo próprio no seu “site” pessoal.
A cacografia brasileira do original não foi (deliberadamente) corrigida automaticamente,
visto ser a brasileira a língua que o senhor utiliza (não muito bem, digo eu).
Destaques, sublinhados e “links” meus. A fotografia “tipo passe”
do indivíduo é do pasquim brasileiro “Folha de S. Paulo”.]

«Portugal precisa de boa imigração e de investimento, do Brasil e dos países de língua portuguesa, da mesma forma que o Brasil e os outros países precisam de uma porta de entrada para um mercado europeu.»
«O primeiro-ministro português sabe isso e vai lutar na União Europeia por um regime especial para os cidadãos dos países de língua portuguesa, tentando aprovar – ou pelo menos permitir – a criação de uma primeira “cidadania da língua” na história universal.»
«Os dois países parecem interessados nesse movimento: a língua portuguesa sendo instrumento de cidadania. Será que a União Europeia vai permitir?»
«Portugal se apresenta cada vez mais como um Estado brasileiro na Europa.»
[post «Portugal, um Estado brasileiro na Europa»]

«Sem exageros, aplicando apenas cautelosas matemáticas, poderíamos afirmar sem medo que a “turma” que fala brasileiro nas ruas das cidades e vilas portuguesas representa hoje mais de 10% dos falantes totais.»
«A história mostrou-nos que, nas movimentações demográficas, sempre foi a hegemonia dos falantes por unidade geográfica que definiu idiomas, acentos e sotaques. A exponencialidade do aumento da “demografia brasileira” em Portugal antecipa uma nova era normativa para a língua portuguesa.»
«“O futuro da língua portuguesa e a sua grande potência é o Brasil”. Precisará de Portugal?»
[postA língua brasileira é «língua oficial de Portugal»”]

[José Manuel Diogo, Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos, director da Câmara Luso Brasileira de Comércio e Indústria e “curador” (?) da Casa da Cidadania da Língua]

Conforme previsto no Acordo de Mobilidade (2021), esta mais recente e alucinantemente rápida sucessão de golpadas serve apenas para que brasileiros obtenham a nacionalidade portuguesa. Uma parte ficará por cá mas a maioria poderá emigrar (com passaporte europeu, logo, livre-trânsito) para qualquer dos outros 26 países da União Europeia.
[postA lógica instrumental do #AO90″]

Casa da Escrita em Coimbra passa a ser da Cidadania da Língua sob críticas da oposição

A mudança foi concretizada após aprovação de protocolo na reunião da Câmara Municipal de Coimbra desta segunda-feira, que foi criticado pela oposição por falta de transparência no processo.

O presidente da Câmara, José Manuel Silva, eleito pela coligação Juntos Somos Coimbra (liderada pelo PSD), esteve ausente da votação e discussão do protocolo com a Associação Portugal Brasil 200 Anos (APBRA), que rebaptiza aquele espaço municipal na Alta da cidade, por o seu irmão e antigo reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, ser um dos fundadores da instituição e, segundo o ‘site’ da mesma, presidente da mesa da assembleia geral.

Para a aprovação do protocolo, o vice-presidente do município, Francisco Veiga, teve de manifestar o voto de qualidade, face aos cinco votos contra do PS e da CDU, contra os também cinco votos favoráveis da coligação Juntos Somos Coimbra.

O protocolo determina que a APBRA, presidida por José Manuel Diogo, passa a programar aquele espaço, com o município a suportar até 75 mil euros das despesas anuais no funcionamento da Casa, sem transferência de verba directa para a associação, esclareceu, antes de se ausentar, José Manuel Silva.

Apesar de a votação sobre o acordo ter sido realizada esta segunda-feira, os vereadores receberam uma semana antes da reunião um convite, por parte do Gabinete de Protocolo da Câmara de Coimbra, para a inauguração da Casa da Cidadania da Língua, a que a agência Lusa teve acesso.

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