São Bento do Corcovado

Palácio de São Bento, Assembleia da República (Lisboa, Portugal)

 

De acordo com dados de 2010,[4] o desempenho do Brasil em participação política é comparável ao de Malauí e Uganda, considerados “regimes híbridos”, enquanto o desempenho em cultura política é comparável ao de Cuba, considerado um regime autoritário.[4] No entanto, a média geral do país é inferior somente à do Uruguai (nota 8,17), do Chile (nota 7,84) e da Argentina (nota 7,02) na América do Sul.[4] Dentre os BRICS, a Índia (nota 7,74) e a África do Sul (nota 7,56) possuem desempenho melhor.[4] [Wikipedia brasileira]

Com as devidas desculpas pela auto-citação, devo rectificar uma afirmação nela contida:

Esta campanha, utilizando as mais modernas tácticas (a CPLP), ferramentas (o AO90) e armamento (os OCS), foi lançada em 1986 por um “sindicato” de políticos brasileiros e portugueses que, em 1990, congeminaram um “acordo” político garantindo ao Brasil a tomada de posse administrativa da Língua Portuguesa e, re-baptizando-a como “língua universal”, outorgando àquele país o direito de se imiscuir (ou mandar) nos assuntos internos (ensino, diplomacia, exploração de recursos) de Portugal e dos ex-PALOP (agora PALOB). [post “Assinar de cruz”]

De facto, a fraseoutorgando àquele país o direito de se imiscuir nos assuntos internos de Portugal” peca por defeito. Conforme noticia o portal oficial da República Federativa do Brasil (em baixo, texto e áudio), o plano de anexação política em curso de execução desde 2008 tem agora o respaldo não apenas do Governo brasileiro como também do Congresso de Brasília, ou seja, literalmente, do poder executivo e do poder legislativo (mais ou menos) instituídos naquela federação.

O que significa, portanto, no que diz respeito a Portugal (e restante CPLP), que o Brasil já pode dispensar os acordos leoninos de bastidores, as conversações secretas, as negociatas e os “cambalachos” com os seus comparsas portugueses. Doravante, estribados na mesma “lógica” do “acordo ortográfico” (eles são 210 milhões e nós apenas 10 milhões), o Brasil está “legalmente” autorizado (por si mesmo e pelos vendidos portugueses) a não apenas ditar como a legislar sobre quaisquer matérias (literal ou metaforicamente) que sirvam os seus interesses.

O mais natural é que em Portugal ninguém sequer se aperceba de ter sido cumprida mais esta etapa do plano, como anteriormente ninguém se apercebeu da substituição de uma organização supra-nacional (os PALOP) por outra integralmente fabricada pelo Brasil (a CPLP), ninguém se apercebeu de que o objectivo principal sempre foi o esbulho das riquezas naturais de Angola e de Moçambique (Angola especialmente, claro), ninguém se apercebeu do golpe diplomático-político-económico a que os envolvidos chamam Acordo de Mobilidade e ninguém se apercebeu de que o Acordo Ortográfico representa a eliminação sumária da Língua Portuguesa substituindo-a pela brasileira. Muito menos a alguém passou sequer pela cabeça o maquiavelismo da montagem e encenação desta espécie de peça em três Actos:

Acto I: imposição a Portugal e PALOP, com a “assinatura” protocolar de dois pequenos Estados da CPLP, de uma cacografia alienígena a pretexto de uma pretensa “unificação” da língua brasileira, para o efeito re-baptizada como “língua universal”.

Acto II: brasileirização intensiva com a cobertura política de uma organização internacional fictícia (a CPLP), abarcando primeiramente os sectores educativo, editorial, comercial e de tradução, e posteriormente invadir — com participações directas ou através de assalariados de fachada — as mais diversas áreas industriais.

Acto III: a deformação das crianças e dos jovens de Portugal através de intensos “banhos” com insistentes “mergulhos” no caldo cultural brasileiro, não apenas a língua mas também os costumes e tradições, como as escolas de samba, abarcando já todos os níveis de educação escolar, incluindo as escolas portuguesas nas ex-colónias e ainda os centros culturais e de ensino (mesmo os destinados a PLE – Português Língua Estrangeira), em especial nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.

É este o guião da peça. Como envolve imenso ilusionismo e toda a sorte de truques, ninguém acredita no que os seus olhos vêem.

Pois bem, há novidades sobre o feérico espectáculo: enquanto o respeitável público está muito entretido ou imensamente distraído, as portas do teatro estão a fechar-se para sempre. Em breve ninguém poderá sair, escapar dali.

E dessa sorte eles não devolvem o custo dos bilhetes, nem em espécie de embrutecimento nem em contado de convulsões.

Escola de Samba Costa de Prata | Site Oficial (escostadeprata.pt)

 

  • Presidente da Câmara defende participação maior do parlamento brasileiro na CPLP

O presidente da Câmara participa de evento internacional em Portugal. Durante o encontro, Arthur Lira (PP-AL) anunciou a criação de comissão mista e encontro de países de língua portuguesa na Câmara. Mais informações na matéria do repórter Antonio Vital.

Na abertura do seminário sobre os 25 anos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), em Lisboa, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, defendeu uma maior participação do parlamento brasileiro no fortalecimento da instituição, que reúne nove países e 260 milhões de pessoas em quatro continentes.

Lira anunciou apoio à criação de uma comissão mista do Congresso Nacional para tratar dos temas e propostas relativos à CPLP, entidade que busca reunir e viabilizar interesses comuns dos países do bloco na economia e na cultura.
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“Outro valor mais alto se alevanta”

Pois vens ver os segredos escondidos
da natureza e do húmido elemento,
a nenhum grande humano concedidos
de nobre ou de imortal merecimento,
ouve os danos de mim que apercebidos
estão a teu sobejo atrevimento,
por todo o largo mar e pela terra
que inda hás-de subjugar com dura guerra.

[Os Lusíadas, Canto V – estância 42]

«A língua portuguesa empregada na obra [“Os Lusíadas”, de Luís de Camões] é muito mais semelhante ao português hoje chamado de “brasileiro” do que ao português europeu. Essa é uma das evidências de que a língua na Europa sofreu muito mais modificações do que no Brasil.»

Será porventura demasiadamente humilhante persistir em comentar este tipo de investidas com que imbecis brasileiros e políticos em geral, caracteristicamente rancorosos por um conflito eterno com o seu próprio passado colectivo mas extremamente sôfregos e zelosos quanto aos seus interesses particulares, tentam apoucar, amesquinhar e sumamente insultar a memória, o carácter, toda a História do povo português.

Não resta já, caso se admita, por hipótese académica, ter existido a partir de 1822 a mais ínfima ligação emocional ou afectiva entre a super-potência colonial europeia e o que até àquela data foi uma das colónias portuguesas, qualquer relação entre a Língua Portuguesa e o brasileiro.

No âmbito da operação político-económica em curso, que se consubstancia num conjunto de manobras e tácticas de neo-colonialiismo linguístico e de limpeza étnico-cultural tipicamente neo-imperialista (e racista e xenófoba e “anti-tuga”), os mais recentes eventos acabam por não ser de uma relevância tal que justifiquem mais do que um olhar breve — se bem que não alheado ou distraído; infinitamente mais relevantes são os esquemas (de) políticos e seus intectualóides assalariados.

Esta espécie de revanche histórica — característica da pequenez de espírito e da tacanhez comum aos traidores — conta com quatro aliados “naturais” de ambos os lados os lados do Atlântico: os mandantes, os paus-mandados, os executores e os indiferentes. Ou seja, o inimigo conta com muitos aliados e com milhões de alheados. É nestes últimos, ao contrário das aparências, que reside o maior perigo.

Alertar sem carpir mágoas, denunciar sem delação, apontar sem ficar a olhar para o próprio dedo, eis algumas das “tarefas” de que é capaz qualquer um. Isso seria bastante, seria até mais do que suficiente, seria com toda a certeza o fim do experimentalismo ditatorial acordista.

Porque dizer “já chega” não chega. E não abrir sequer a boca é sufocante.

 


O português brasileiro em Portugal

Mariana Bordignon
megacurioso.com.br, 19.11.21

 

Em 10 de novembro, uma reportagem do portal português Diário de Notícias alertou para o fato de que “há crianças portuguesas que só falam brasileiro“. Essa é a preocupação de alguns pais e responsáveis que notaram diferenças na fala dos filhos em Portugal: “Dizem grama em vez de relva, autocarro é ônibus, rebuçado é bala, riscas são listras e leite está na geladeira em vez de no frigorífico“. O fenômeno acontece em razão do contato das crianças com vídeos de youtubers brasileiros famosos, como Luccas Neto.

Na pandemia, o acesso a esses conteúdos aumentou consideravelmente, a ponto de influenciar a comunicação dos pequenos, que passaram a falar “brasileiro”. Na reportagem, alguns pais relataram o quanto o contato com as redes sociais afetou a fala dos filhos. “Todo o discurso dele é como se fosse brasileiro. Chegamos ao ponto de nos perguntarem se algum de nós era brasileiro, eu ou o pai”, conta uma mãe.

Mas, afinal, Portugal e Brasil não têm o mesmo idioma oficial? Em tese sim, principalmente depois do Novo Acordo Ortográfico de 2009, que teve o objetivo de unificar a escrita dos países de língua portuguesa. Na prática, porém, as diferenças se mantêm e são bastante acentuadas.

Que português deve ser usado na escola?

Durante a pandemia, os estudantes passaram das aulas presenciais ao modelo online. Foi nessa oportunidade que a psicóloga goiana Adriana Campos presenciou uma conversa entre a filha e a professora de Português. A jovem questionava por que sua nota havia sido menor do que a da colega portuguesa com quem fez um trabalho em dupla. “A professora falou que o trabalho estava excelente, elogiou a criatividade das duas, mas disse para a minha filha: ‘Só que você, infelizmente, ainda fala esse português inapropriado, esse português brasileiro. E você precisa aprender a falar direito’. Eu não conseguia acreditar”, afirmou ela.

O relato da psicóloga se soma a reclamações de brasileiros que afirmam sofrer discriminação em razão de sua variante dialetal. Há depoimentos até de alunos universitários que temem receber notas mais baixas ao usarem a variante brasileira. O receio é tão grande que muitos estudantes chegam a entregar trabalhos em inglês — o programa do Erasmus promove a mobilidade acadêmica entre países europeus, por isso em muitas universidades portuguesas é possível entregar trabalhos em inglês.

Essas atitudes de preconceito linguístico não estão de acordo com a política de acolhimento e incentivo à interculturalidade de Portugal. O secretário de Estado da Educação de Portugal, João Costa, conta que os documentos orientadores para o ensino da língua portuguesa “preveem o domínio do português europeu padrão, integrando também a consciência da diversidade de registros e de características das variantes faladas pelo mundo”.

O “verdadeiro” português

Diante desse alvoroço sobre as mudanças na língua em Portugal, é interessante chamar a atenção para o fato de que a diferenciação entre o português brasileiro e o português europeu é assunto recorrente na área da linguística. Desde 1980, pesquisadores buscam estudar por que as duas línguas estão se afastando.

Muitos acreditam que foi o português do Brasil que se diferenciou e adquiriu características próprias. No entanto, alguns estudos sugerem que não é bem assim. No vídeo “As marcas do português brasileiro”, linguistas comentam que os colonos portugueses que chegaram ao Brasil no século XVI terem transmitido aos indígenas o idioma que falavam em Portugal. Analisando documentos escritos da época, é possível perceber que aquele português se assemelha muito mais ao brasileiro do que ao europeu.

Diante dessa constatação, podemos dizer que o “verdadeiro português (e muitas aspas aqui!) é o falado no Brasil. Foi o português europeu que sofreu modificações ao longo do tempo, principalmente a partir do século XVIII, e acabou se afastando daquela língua falada no século XVI.

E onde estão as evidências?

Um dos casos interessantes que vale comentar é a diferenciação entre o gerúndio (no Brasil) e o infinitivo (em Portugal). Os brasileiros usam de forma recorrente a estrutura “estou dançando”, por exemplo, enquanto para os portugueses o mais comum é “estou a dançar”. Analisando um dos textos mais famosos em língua portuguesa, Os Lusíadas, podemos encontrar muitas e muitas estruturas de gerúndio. E a estrutura do infinitivo? Quase nenhuma! A língua portuguesa empregada na obra é muito mais semelhante ao português hoje chamado de “brasileiro” do que ao português europeu. Essa é uma das evidências de que a língua na Europa sofreu muito mais modificações do que no Brasil.

Aqui, vale chamar a atenção para o fato de que o português no Brasil também sofreu alteração ao longo do tempo, principalmente com a chegada de imigrantes a partir do século XIX.

Preconceito linguístico

Sendo assim, a afirmação de que o português europeu é o “certo” e o português do Brasil é o “errado” não faz sentido. Primeiro, nenhuma das formas é certa ou errada, ambas são variantes de uma mesma língua inicial. Segundo, se formos apelar para a língua mais “tradicional”, as marcas do português brasileiro indicam que ele está muito mais próximo do português que veio de Portugal no século XV do que o falado na Europa atualmente.
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Piadas de brasileiro

O que dizer sobre isto?

Com que reservas de paciência e socorrendo-se de que atenuantes pode alguma pessoa normal tolerar os enxovalhos de uma estrangeira a Portugal, os seus ataques indisfarçavelmente raivosos à Língua Portuguesa, o modo trauliteiro que utiliza por sistema para denegrir e aviltar o nosso passado e os nossos antepassados, a própria História de todo um povo? Como é possível?

Não é possível.

Não é possível aguentar estoicamente os delírios, os ataques histéricos de uma pessoa cheia de ódio, racista, anti-social, sexista, desequilibrada, supremacista e xenófoba. Nem dando um desconto de 100% à fulana que, enfim, definitivamente, é doida varrida e, por conseguinte, se calhar mereceria alguma espécie de condescendência.

https://www.facebook.com/poets01/posts/233080108890263Pois sim, mas nesse caso que venha outro escrever qualquer coisinha a respeito, eu cá devo confessar que não chego a tanto; caso haja por aí algum voluntário até posso ceder-lhe um saco para vomitar (daqueles que os passageiros recebem nos aviões) e sirvo-lhe um café com “cheirinho” e tudo (ou sem “cheirinho” nenhum, consoante preferir o infeliz voluntário), presumindo e ardentemente desejando que exista neste mundo pelo menos um ser vivente capaz de engolir inteiro um camião TIR cheio de bojardas típicas fabricadas no Brasil.

Por muito menos do que isto — se a chavala fosse alguém, mas o jornal é alguma coisa — já sucederam incidentes diplomáticos envolvendo vários tipos de países, alguns civilizados (geralmente os agredidos), outros de trogloditas, retardados e doentes mentais (geralmente os agressores), e por vezes esse tipo de incidentes acaba por descambar em algo muito sério, radical, quando não definitivo para milhares ou até milhões de inocentes.

 

Aviso prévio

O Apartado 53 adverte os respeitáveis leitores de que o artigo que se segue pode causar graves ataques de riso, dada a incrível indigência do texto e assumindo como estando clinicamente comprovada a oligofrenia da autora, pelo que devem abster-se de ler pormenorizada ou repetidamente o chorrilho de insultos e delírios em que a dita pessoa, portadora de óbvias e diversificadas patologias mentais, parece estar viciada. A consumir com moderação, portanto, dada a geral morbilidade dos alucinogénios palavrosos que em quantidades industriais estão presentes neste ataque de verborreia.

Xenofobia linguística: “Agora o lixo vai falar. E numa boa!”

www.publico.pt, 19.11.21

 

Queiram ou não queiram os juízes da língua-pura-portuguesa, não há mais espaço para discriminação e preconceito.

É da encruzilhada entre género e raça que vos falo. Trazer uma pensadora negra do sul global no título deste artigo não foi por acaso. Saúdo, assim, Lélia Gonzalez em toda sua ousadia e preparo intelectual para reivindicar uma Améfrica que é também indígena e afrodiaspórica. Nessa América plural, a língua é componente em constante movimento e (re/des)construção. Ao evocarmos um Brasil que, desde antes de ter naus europeias atracadas em suas baías, falava línguas do tronco tupi, é preciso lembrar também do “pretuguês” evidenciado por Lélia (1983):

“É engraçado como eles gozam a gente quando a gente diz que é Framengo. Chamam a gente de ignorante dizendo que a gente fala errado. E de repente ignoram que a presença desse r no lugar do l nada mais é que a marca linguística de um idioma africano, no qual o l inexiste. Afinal, quem que é o ignorante?”

Para a “família tradicional portuguesa” e para uma parcela de profissionais da educação, carregar o sotaque e o vocabulário da antiga colónia é motivo de preocupação e tratamento. “Falar brasileiro” representa uma chaga a ser curada com terapia. Mas a qual Brasil se referem essas pessoas? O do morro ou do asfalto? O das capitais ou dos Sertões das Gerais? Dos ditos millennials ou da gente que, como eu, ainda dá risada virtual com a repetição da letra k?

Kkkkk! É até engraçado pensar que há quem acredite numa língua una e engessada em um país de dimensões continentais e população que ultrapassa centenas de milhões. No entanto, a piada passa a ser de péssimo gosto quando atentamos para o facto de que a xenofobia impressa nesse discurso tem consequências em ambientes como o escolar, por fomentar o bullying racista e xenófobo. Como esperar de uma criança portuguesa o apreço pela convivência com crianças brasileiras ou africanas se o referencial de cultura e sapiência for somente o reflectido no espelho?
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O Sócrates, o AO90, a “difusão”, a RAR 35/2008 e outras aldrabices

Contrastar o conceito de inactivismo com a imensa, radical, total diferença do seu oposto será talvez um modo eficaz de demonstrar ambos em simultâneo: o verdadeiro activismo (cívico) resume-se a não ceder, não conceder, não desistir e, sobretudo, fazer algo — por pouco que seja — para que ao menos o que se pretende não esmoreça e que se não conceda ao inactivismo um minuto de tréguas, um milímetro de tolerância, um só átomo de crédito. [Inactivismo (2)]


Sócrates considera ″tarefa urgente″ a aplicação do Acordo Ortográfico

Global Media Group
“Jornal de Notícias”, 25 de Julho de 2008

O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou que a aplicação do Acordo Ortográfico é uma “tarefa urgente”, acrescentando que é preciso acertar um calendário entre os países que já o ratificaram.

Na conferência de imprensa final da VII Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), José Sócrates não avançou uma data para a entrada em vigor do Acordo Ortográfico, mas afirmou que Portugal vai “começar a trabalhar já” nas diferentes áreas em que o acordo vai ser aplicado.

Segundo o primeiro-ministro português, os países que já ratificaram o acordo – Portugal, Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe – devem acertar o calendário para a aplicação do acordo, nomeadamente nos boletins oficiais, como é o caso do Diário da República.

Sócrates destacou ainda a importância de ser criado um “dicionário electrónico para a correcção de erros ortográficos”.

Em relação aos países que ainda não ratificaram o documento, o primeiro-ministro referiu que Angola se comprometeu nesta cimeira a dar prioridade à ratificação após as eleições legislativas, marcadas para 05 de Setembro.

O Acordo Ortográfico foi aprovado no parlamento português em Maio último e promulgado recentemente pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Nas declarações aos jornalistas no final da cimeira, Sócrates reiterou a prioridade que a presidência portuguesa da CPLP vai dar à promoção e divulgação da língua portuguesa.

“A cimeira de Lisboa ficará na História por ser a cimeira da língua, a área onde vamos investir o melhor dos nossos recursos“, disse, acrescentando que, “através da língua, joga-se o futuro da afirmação da CPLP”.

Na sessão de encerramento da cimeira, o primeiro-ministro citou o poeta e deputado socialista Manuel Alegre: “o nosso dever levar a língua portuguesa para a frente da batalha política mundial”.

“É essa a nossa prioridade”, disse José Sócrates, acrescentando que “são sempre os poetas a encontrar as melhores formulações para os objectivos políticos”.

Questionado sobre se na cimeira foram assinados acordos comerciais na área da Energia entre os países da CPLP, o chefe do Governo português referiu que se trata de “um campo aberto à cooperação”, mas que “o importante é partilhar boas práticas” para cumprir os objectivos ambientais definidos pelas organizações internacionais.

“A matéria para cooperação é imensa”, disse Sócrates, esclarecendo logo de seguida: “não é no petróleo que estamos a pensar, mas sim numa maior autonomia do petróleo por parte de todos os países, mesmo os produtores”.


Influenciadas por youtubers brasileiros, crianças portuguesas mudam o vocabulário

7,521 views – Nov 17, 2021

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#Youtubers | #CriançasPortuguesas | #Idioma Nesse trecho do Segunda Chamada, Antonio Tabet, Mara Luquet, Jamil Chade, Marina Silva e o ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates comentam o fenômeno das crianças #portuguesas que falam português do Brasil, influenciadas por #youtubers #brasileiros


“Posts” anteriores sobre este assunto: || 1.º || 2.º || 3.º || 4.º || 5. º || 6.º || 7.º || 8.º ||


[Agradecimentos a Paulo Martins pela indicação da gravação vídeo.]

Assinar de cruz

«Apesar da manifesta melhoria das relações comerciais, apesar da TAP, da Embraer e dos contactos, um oceano de percepções continua a separar Portugal do Brasil. Que os brasileiros tenham cultivado o antilusitanismo, no século XIX, para construírem a sua própria identidade (que não existia antes da independência), compreende-se; que o continuem a fazer até hoje, quase 200 anos depois, já se percebe menos.» [Carlos Fino, 03.09.2018]


A expressão-chave nesta série de artigos e gravações sobre a colonização linguística brasileira é “português do Brasil” (com variantes como “português brasileiro”, por exemplo), essa tremenda mentira em que nem bebés de chupeta acreditam; para as crianças portuguesas — ou seja, para as principais vítimas da intoxicação malaco-becharense — aquilo que estão a aprender a falar e a escrever é brasileiro, é mesmo a língua brasileira. No que têm toda a razão, evidentemente, jorrando como sempre acontece pela boca das crianças a verdade crua, sem dourados, torções ou disfarces.

https://www.facebook.com/groups/616234322684043/posts/689189422055199/?__cft__[0]=AZWZka-dOHi8Uxu-5UVUh0kT2AQr2o1XhxlI02hGbEcxIu1t-uGGK2kGaJTAvt2G5k_1F0f_CFymySFADyZbCTjualwICiWC1Q8RB0Rs2o0R5jxWCRKeOvwq3KNZN-efNZIqvgF_Pqw_8Ah3qahss7H1mI-vpouXbnkwHIn2Xg_AjYPIii47J_lJODr0Qu7GEYo&__tn__=%2CO%2CP-y-RNo caso específico de mais esta notícia, de um órgão de comunicação social português, o enunciado da matéria jornalística mantém-se mas agora com outros e mais pormenorizados exemplos da campanha neo-imperialista, racista e xenófoba em curso; esta campanha, utilizando as mais modernas tácticas (a CPLP), ferramentas (o AO90) e armamento (os OCS), foi lançada em 1986 por um “sindicato” de políticos brasileiros e portugueses que, em 1990, congeminaram um “acordo” político garantindo ao Brasil a tomada de posse administrativa da Língua Portuguesa e, re-baptizando-a como “língua universal”, outorgando àquele país o direito de se imiscuir (ou mandar) nos assuntos internos (ensino, diplomacia, exploração de recursos) de Portugal e dos ex-PALOP (agora PALOB). As medidas mais concretas e imediatas já em curso de execução incluem a priori a perversão do Acordo de Schengen, que Portugal subscreveu enquanto país-membro da União Europeia, e a “negociação” — intermediada por portugueses comissionistas — com Angola e Moçambique da exploração de petróleo, diamantes, ouro, gás natural, madeiras exóticas e mão-de-obra “barata”.

Assumir ou presumir ou pretender que a destruição da Língua Portuguesa, que a permanente lavagem ao cérebro a que são sujeitos os portugueses e que o condicionamento mental das nossas crianças são meras “coincidências”, fingir que a campanha neo-imperialista brasileira é só mais uma “teoria da conspiração” ou, em suma, como corolário do infelizmente ancestral deixandarismo lusitano, continuar a assobiar para o lado e “vê-las passar”, corresponderá fatalmente a assinar de cruz uma extensa certidão de óbito passada à maioria ainda em vida e de novo aos seus egrégios avós.

“Oi, beleza?” Como os ‘influencers’ brasileiros transformam o português dos mais novos

Rádio Renascença
rr.sapo.pt, 14.10.21
14 Out. 2021 • Pedro Mesquita , André Rodrigues

Youtubers

Com a proliferação de canais de youtubers brasileiros, o português do país do samba substitui, por vezes, o português original no dia a dia de crianças entre os quatro e os dez anos. A escola acompanha com preocupação, os pais procuram corrigir o mais que podem. Mas nem sempre conseguem exercer o papel de regulação. Há crianças a adormecer “por exaustão”, reconhece uma professora.

“Oi, galera”, “Beleza?”. São as expressões do português que se fala no Brasil e que estão a tornar-se cada vez mais frequentes no vocabulário das crianças portuguesas. Basta entrar no YouTube e, rapidamente, se percebe que escolha é coisa que não falta.

Um dos mais populares em Portugal é Luccas Neto, que já superou a marca dos 32,6 milhões de inscritos no seu canal.

É um negócio de família, pode dizer-se: Luccas é irmão de Felipe, um dos primeiros youtubers a fazer sucesso no YouTube. O canal mais voltado para o público adolescente conta com mais de 40 milhões de inscritos e mais de 10 mil milhões de visualizações.

Mas é na faixa entre os quatro e os 10 anos que o fenómeno regista um crescimento mais acentuado. Há poucas crianças dentro destas idades que nunca tenham visto, pelo menos, um vídeo de Luccas Neto.

O que mais preocupa pais e educadores é o facto de verem e ouvirem horas a fio, muitas vezes sem controlo parental.

E acabam por imitar: “Oi galera, como é que você está? Digo esse tipo de coisas que também aprendi com o Luccas”, conta à Renascença Vasco (nome fictício), um menino de oito anos.

“Já pedi aos meus pais, se eu podia ser youtuber, mas eles ainda estão a pensar”, confessa Rita (nome fictício), com nove anos de idade.

Da imitação ao sonho de ser uma estrela do streaming infantil, vai um passo demasiado curto. O português sambado vai gradualmente substituindo o original.

“A minha mãe não se importa, mas o meu pai não gosta muito que eu fale assim”, reconhece a menina de nove anos, aluna na Escola das Devesas, em Gaia.

Outra casa, outra família, a mesma preocupação: Vasco admite que expressões como ‘oi’ são frequentes. Mas os pais não lhe dão margem para abrasileirar o português. “Eles já me avisaram de muita coisa que eu digo em brasileiro e não digo em português, conta.

A escola já se apercebeu do fenómeno

A fluência e a rapidez com que as crianças interagem umas com as outras em português do Brasil surpreendem as famílias e, também, os professores.

A sala de aula e, sobretudo, o recreio tornaram-se os locais preferidos para replicar falas que vão de Luccas Neto a Maria Clara e JP, de Luluca a Felipe Neto e tantos mais que tomam uma parte do tempo livre das crianças que crescem de olhos pregados nos tablets e nos smartphones.

“Eles até me ensinam, porque eu questionei como é que tenho alguns alunos que ainda não conseguem ler e eles encontram estratégias, dizem as palavras Luccas Neto no microfone do Google e aparece-lhes”, reconhece Carmen, professora do primeiro ciclo do Ensino Básico.

Também Cristina, educadora de infância, sente essa tendência nos mais pequenos: “eu sinto que as crianças com quatro, cinco ou seis anos têm livre acesso. Quase todos têm um tablet ou acedem ao telemóvel dos pais e eu vou descobrindo personagens de youtubers”.

A chave do sucesso destas personagens está nas situações que os vídeos retratam. As guloseimas estão presentes nos vídeos de Luccas Neto, a par com alguns comportamentos menos correctos que são retratados, até em contexto de sala de aula.

Vasco reconhece que o seu ídolo Youtube “goza com as pessoas e com a professora”.

Mas, depois, “aprendeu que gozar as pessoas, ainda por cima a professora é mau, porque, depois, ele tem de levar os castigos”.

E esta é a mensagem que este fã retém, a par de outras menos didácticas servidas a toda a hora.

Exaustão na aula, depois de uma madrugada ao telemóvel

Os vídeos são como as cerejas. Cristina relata duas situações em que alunos de nove e dez anos de uma das suas turmas “adormeceram por exaustão… Eles relatam que estão a ver no telemóvel dos pais ou no tablet esse tipo de vídeos”.

“Se uma criança acorda a meio da noite e tem um tablet no quarto, se estiver sozinha, pode fazer o uso que quiser do tablet. Eles podem ter os headphones e ninguém se apercebe do que eles estão a ver”, acrescenta.

Para Cristina, o mais preocupante na ausência da regulação parental no consumo destes conteúdos é a ausência “de quem os ajude a terem um espírito crítico daquilo que eles estão a ver”.

“Eles estão a ter acesso a muita coisa que não controlam, não têm ninguém que os ajude a perceber se aquilo está certo ou se foi só uma brincadeira disparatada que nós também já tivemos quando éramos crianças”, remata.

[Transcrição integral de peça jornalística da Rádio Renascença (original em rr.sapo.pt) publicada em 14.10.21, assinada por Pedro Mesquita e André Rodrigues. Destaques, sublinhados e “links” meus. Corrigi a cacografia brasileira do original. Imagem/citação de Joker de: “Joker Quotes” (Facebook).]

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