Conversa fiada

Coerência, numa palavra. Também em 1955 o Brasil rescindiu unilateralmente o acordo ortográfico que havia  negociado com Portugal e tinha subscrito dez anos antes, em Agosto de 1945. Honra seja feita aos brasileiros que, alegre e felizmente, romperam há 76 anos e se preparam para repetir agora esse valoroso feito quanto ao estropício de 1990.

É, de facto, para todos os portugueses decentes, motivo de grande regozijo que aquele “país-Continente”, decerto enojado com a miserável bajulação (puxa-saquismo, em brasileiro) de alguns vendidos portugueses, tencione marimbar-se radical e positivamente para o AO90. Pois bem, merecem uma saudação calorosa os “caras”, incluindo os do Itamarati, mesmo que para estes, tanto os da comandita de Lula como os da de Bolsonaro, a coisa seja bem mais difícil: ao fim e ao cabo, para uns e para outros o fim do AO90 será algo equivalente a largar a galinha dos ovos de oiro; lá se vão imensos negócios da China (e de Angola).

Em conclusão: é de saudar entusiasticamente o activismo anti-AO90 de que tem dado bastas provas o escritor, jornalista e critico literário brasileiro Sérgio Rodrigues, na mesma linha de outros autores, políticos, artistas — todos eles igualmente brasileiros, bem entendido — como, por exemplo, o professor Sérgio de Carvalho Pachá, o assessor da Presidência Filipe Martins, Sidney Silveira ou o deputado federal Dr. Jaziel.

Também do lado de lá do Atlântico, como se vê, há quem tenha no sítio o que é preciso, pessoas de coragem, convicções, saber e inteligência mais do que suficientes para denunciar a fraude intelectual inventada há mais de 30 anos, ou seja, o desacordo que nunca serviu fosse para o que fosse… a não ser para baralhar e tornar a dar um “problema” que jamais existiu e para criar conflitos anteriormente inexistentes entre Portugal e o Brasil.

Sérgio Rodrigues Português ou brasileiro? “A ilusão de um idioma único não passa de conversa fiada”

“Diário de Notícias”, Quinta-feira 27/5/2021
Entrevista de João Almeida Moreira – São Paulo (Brasil)
dnot@dn.pt

 

BRASIL Sérgio Rodrigues, escritor brasileiro, aderiu à tese da autonomia do português do Brasil, com base em “argumentos linguísticos fartos” e numa “fenda gramatical que vem se alargando”.

……………………….

O escritor e jornalista brasileiro Sérgio Rodrigues, 59 anos, publicou uma coluna no jornal Folha de S. Paulo, no dia 12 de Maio, a declarar adesão às teses de autonomia do “português brasileiro”. Em entrevista por ‘e-mail’ ao DN, o vencedor do Grande Prémio Portugal Telecom de literatura, de 2014, com O Drible (Companhia das Letras), explica que “argumentos linguísticos fartos e maduros de muitos anos”, assim como a crescente “fenda gramatical” entre o que se escreve e, sobretudo, o que se fala em cada um dos países sustentam a tese.

Para o autor de Elza, a Garota (Quetzal), What Língua Is Esta? (Gradiva), além de Viva a Língua Brasileira e de mais um punhado de obras, quando se deixa “um país do tamanho e da complexidade do Brasil solto por 500 anos, e não se esforça com muito afinco para construir pontes, universidades, editoras, instâncias variadas de controlo, o resultado não poderia ser outro. Os espanhóis fizeram esse esforço, os portugueses não”.

Em coluna do Jornal Folha de S. Paulo, sob o título “Lusofonia, Adeus!”, diz que “o acordo ortográfico [AO] jogou gasolina na fogueira do antibrasileirismo em Portugal” e aproxima-se das teses dos autonomistas do português brasileiro. Quais os pecados do AO, na sua visão, e o que sustenta as teses autonomistas?

Não acho que precise de esmiuçar os defeitos do AO para o público português, que tem sido submetido a uma rica dieta de críticas a ele nos últimos anos, tanto na imprensa quanto em livros. Basta dizer que o AO, a meu ver, carrega um pecado original, o de supor que seria uma boa ideia unificar a ortografia de duas línguas que, embora muito parecidas, já são suficientemente diferentes para precisarem seguir seus próprios caminhos. O que sustenta a tese da autonomia do português brasileiro são argumentos linguísticos fartos e maduros de muitos anos, presentes nos trabalhos de um linguista brasileiro como Marcos Bagno e de um linguista português como Fernando Venâncio, entre outros. A fenda gramatical entre nós vem-se alargando, isso é um facto. Claro que um facto menos óbvio na linguagem escrita, escolarizada, e mais nítido quando consideramos a oralidade e a língua falada pelo povo. Mas um facto ainda assim.

Esse antibrasileirismo a que se refere é sobretudo a propósito de uma reportagem da correspondente da Folha em Lisboa em que se conta que professores consideraram errado o uso do português do Brasil e nalguns casos até baixaram a nota de alunos brasileiros por isso. Mas se um aluno americano escrever theater em vez de theatre em Inglaterra não será corrigido também? Ou se um português no Brasil escrever “mais pequeno”, forma autorizada em Portugal, em vez de “menor”, não teria a nota diminuída?

Você se engana, os episódios relatados pela Folha não tiveram peso algum em meu argumento, além do que chamamos de “gancho” jornalístico. São só um caso recente. Os sinais de que o antibrasileirismo é disseminado, multiforme e crescente na sociedade portuguesa me parecem fartos, o que aliás era previsível, se considerarmos o grande fluxo migratório de brasileiros nos últimos anos. Acho que ocorreria o mesmo em qualquer país. No caso, me interessa mais falar do preconceito linguístico, e aí me parece estar o xis da questão. Poucos portugueses discordariam da afirmação de que os brasileiros falam e escrevem meio  errado, confere? Muitos brasileiros também pensam assim. Isso ocorre porque o nosso português já é outro. Não é errado, é diferente, submetido a outras regras. Enquanto isso não for levado a sério, com todas as suas consequências educacionais e culturais, não será bom para ninguém.

Só Portugal deseja ser “o centro do idioma”, ou nota isso nos dois lados?

Continue reading “Conversa fiada”

Ensaio sobre a Pepineira

«Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.» [Fernando Pessoa, “Livro do Desassossego” de Bernardo Soares]

……………….

«Decorre daqui uma outra questão, bem mais controversa e potenciadora de conflitualidade: a que consiste em postular a existência de um idioma brasileiro, também ele autonomizado em relação à matriz linguística que é o português, enquanto língua de difusão e implantação colonial.»
«Não posso aqui entrar na problematização desta tese. O que digo é que esta é uma questão com gente implicada, a gente que vive a língua como eixo de afirmação identitária, às vezes com forte orientação nacionalista. Nos últimos tempos – e curiosamente sobretudo do lado de cá do Atlântico – acentuaram-se as manifestações desta deriva que traz consigo uma perturbadora controvérsia. O Acordo Ortográfico é o cavalo de Troia[sic] que no seu bojo transporta tão melindrosa confrontação, mal disfarçada nos debates inflamados que ele[sic] tem suscitado. Porque é disso mesmo que se trata, de uma confrontação intercultural que, com base num bem conhecido texto que adiante reencontraremos, bem pode adotar[sic] o seguinte lema e motivo de análise: a ortografia também é gente.» [Carlos Reis, “A ortografia também é gente.Falar como os brasileiros ou com os brasileiros?”, ‘Letras de Hoje’, Porto Alegre, v. 46, n. 4, p. 89-96, Out./Dez. 2011]

Relembrado o dito lapidar de Pessoa, revista a triste cena do Presidente da República a falar em “brasileiro” numa praia portuguesa, e lido, à laia de uns quantos canapés de pão com tostas, aquele naco de prosa de Carlos Reis, deixemos os preâmbulos e passemos então ao alheio artigo de hoje (espero que não me acusem, à conta deste maldito vício, de ser amigo do alheio).

A coisa vai agreste, abreviando razões. Já estivemos mais longe, ao que parece, de à conta ou a pretexto da inacreditável pepineira a que alguns chamam “acordo ortográfico” pegar-se tudo (sem grandes floreados) à porrada. Pancadaria, sim, um verdadeiro arraial, mas na modalidade mais tolhida, o bofetão académico, a canelada intelectual e um ou outro murro em ilustres ventas, vá; pelo menos até ver em sentido figurado será, bem entendido, ainda que aos acordistas — como sucede com os entupidos em geral — não desagradem bufos, rufias e bófias como “facilitadores” de serviço.

Deste agrestemente perorar está o novo artigo de AJ Pascoal cheio, o que é uma sorte, haja alguém, que lhe não doam as mãos, isto é, as meninges, e que sobretudo não lhe tremelique a escrita.

Dar troco a um fulano como o tal Rui Tavares (fundador, Secretário-Geral, telefonista, único militante e singelo votante do PRT – Partido do Rui Tavares), ah, não, isso é que me parece ter sido uma ideia pessimamente esgalhada. Lamento. Isto é só a minha opinião, claro, a qual, além de singela (‘e tão modesta quanto eu’),é absolutamente inocente.

Como, de resto, tudo aquilo que digo sobre o AO90 e os gajos que evacuaram semelhante excrescência. Os três leitores deste modestíssimo “blog”não têm dúvidas de que me não movem quaisquer intenções malévolas e que não pretendo de forma alguma incorrer nos pecadilhos “fascistas” que irritam a Direcção Nacional do PRT e o tipo da Universidade Aberta (ou de Coimbra, ou lá o que é).

Mas “prontos”, como diz nosso povo, siga, as citações que AJ Pascoal pesca no charco do Tavares valem ao menos pela piada. Tavares esse que, ao contrário do restaurante homónimo, é realmente um cómico (em flagrante contraste com a referida casa-de-repasto, onde os preços não têm piada nenhuma) e demonstra também ser portador de uma síndrome confusionista (ou confucionista, tanto faz) um bocadinho violenta. Mas só um bocadinho, hem, que aquilo é tudo a fingir.

“Sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia” – Eça de Queirós

Em suma, para variar, pouco (ou nada) há a dizer de negativo sobre este texto. É de facto um ensaio sobre a pepineira, para variar, claro e incisivo.

Deixemos aos acordistas o encargo de tentar ao menos disfarçar um pouco sua atávica brutalidade mental fingindo não entender nem as mais comezinhas evidências. Se acham que, por exemplo, um simples acento diferencial é indiferente ou que, pior ainda, é um pretexto “reaccionário” ou “passadista” ou até “de orientação nacionalista”, pois bem, então essa atitude de altamente suspeito “negacionismo” sendo questão de cacete, então vamos a isso; mental ou cavernícola, melífluo ou com pregos na ponta, vem a dar no mesmo.

Enfim. Dando de barato, por irrelevância do adversário, o duelo verbal com o tipo dos óculinhos à  intelectualóide e suas bojardas brasileirófilas, este texto de Pascoal vale pela objectividade, pela consistência e pela coerência.

Só qualidades, portanto, até pela raridade de qualquer delas nestes tempos de mentiras oficiais e de geral tibieza na denúncia do logro, da trapaça, da colossal mentira de Estado.

O AO90 é o exemplo mais flagrante de como os tempos são outros e inverteu-se a ordem dos factores: sobre o manto obscuro da fantasia, a nudez forte da verdade.

Micropsiquia

Para Rui Tavares não importa muito como se fale ou escreva, desde que nos entendamos – brasileiros, moçambicanos, portugueses, angolanos, por aí adiante. Estará, portanto, disposto a sacrificar a forma pelo valor instrumental da língua.

António Jacinto Pascoal
publico.pt, 23.05.21

Deixei de acreditar no ensino sério do Português, desde a implementação do acordo ortográfico (AO90) nas escolas. Tenho algum respeito pela habilidade de espírito, argúcia e credulidade de quem ajudou a conceber esse acordo, mas uma admiração incondicional pela inteligência e sensatez de quem persiste em querer livrar-nos dele.

Há poucos dias, recebi provas de avaliação de alunos do 12.º ano, contendo expressões como “que lhe causou decessão” e “todos sem excessão”. Uma das piores chagas da língua escrita, sabemo-lo, é a incorrecção ortográfica: ora, há coisa mais insensata do que abrir caminho a nova vaga de erros ortográficos? A memória visual das palavras, provou-se já, determina a qualidade da ortografia e, até nisso, as consoantes mudas são auxiliares preciosos: seria, há bem poucos anos, raríssimo deparar com qualquer tipo de hesitação gráfica na transcrição sibilante de vocábulos como “concepção” ou “recepção” (sendo esta última palavra geradora da célebre ambiguidade receção/recessão) – o grupo consonântico não deixava margem para dúvidas. Líamos e escrevíamos com os olhos.

O que aqui me traz são os dois mais recentes artigos de Rui Tavares, no PÚBLICO: a propósito da lusofonia, numa das vezes, e da pretensa micrologia da língua (que o cronista imputa aos críticos do acordo), na segunda. Bom, deixo cair o primeiro dos artigos, aliás de uma singeleza só explicável pela candura de alma do autor ou por inflexível convicção das ideias de que se vangloria.

No artigo “Amar a língua até a asfixiar”, adoptando outro tom, Rui Tavares aparenta ter como objectivo único o de desvalorizar quem refuta o AO90, apondo-lhe o rótulo de inferioridade, picuinhice e narcisismo. Há um provérbio notabilíssimo, para recorrer a Erasmo, admitido por muitos: “É óptimo simular ter aquilo que se não tem.” Digamos as coisas como são: para Rui Tavares não importa muito como se fale ou escreva, desde que nos entendamos – brasileiros, moçambicanos, portugueses, angolanos, por aí adiante. Estará, portanto, disposto a sacrificar a forma pelo valor instrumental da língua. Numa palavra: as suas “sugestões”, que incluem sapientes deambulações pela antiga Grécia, resumem-se a considerarmos o sentimento de amor à diversidade da língua, desde que não nos apliquemos às palavras mas ao conteúdo. Brilhante.

Que vale mais a pena esconder? As coisas ditas ou as não ditas? Quando se garante ser indiferente ao detalhe – o que, por si só, favorece a pobreza da língua –, há sempre razões ponderáveis para ver nisso um sinal de indisfarçável arrogância. A indiferença de Rui Tavares (parecendo assumir a blindagem do inefável ministro Augusto Santos Silva), na sua subtileza, é a que se preocupa em reforçar a muralha dos silenciosos (mudos?) defensores deste “acordo”. É ainda a indiferença, travestida de modernidade e desburocratização, que tem como estreito limite da própria casa e coluna de opinião o nome, note-se, de “Consoante muda”. A outros imputa o autor “negar a realidade e ficar encafuados na micrologia”. A sua indiferença – como a dizer que não tem vagar para bagatelas – esquece que o que o idioma tem de bom foi ter sido parido num lugar, para poder respirar livremente noutros e que isso não nos rouba a alma, antes acrescenta o sentido vital e autónomo que anima os falantes e cultores da língua portuguesa, sem lugar a exibicionismos e produtos da imaginação imperial e tributária.

Se de minudências se tratasse, editoras como a Gradiva, Objectiva, Antígona, Guerra e Paz ou Cotovia não estariam à margem do AO90. Se não houvesse obsessão pelo “narcisismo das pequenas diferenças”, e achando-nos bem conosco, poderíamos, de oje em diante, enveredar por escrever em armonia com a voz umana. Não fôssemos nós picuinhas, e guardaríamos, sem os inevitáveis pruridos, “O prêmio lá no fim, bem merecido, (…)”, tal como nos não chocaria misturar cor-de-rosa e cor de laranja na mesma paleta. Se não assumíssemos a nossa “micrologia”, obedeceríamos ao destino cego e desapegado de quem empalidece a língua, a trai e reduz à indigência, esquecendo como “a ortografia também é gente”.

Posto isto, espreito Séneca, citando Antípatro: “Quando falamos em pobreza não temos em vista a posse, mas sim a privação” (ou orbatio, como se dizia antigamente; στέρηση, como se diz em grego). (…) A pobreza não consiste em possuir poucas coisas, mas em haver muitas coisas que se não possuem.” Precisamente aquilo a que condenamos a língua: malbaratar os recursos que detém. Há quem lhe chame desperdício. Eu diria estupidez. Um erro equivalente ao dos pais que gostam tão pouco dos filhos que querem que eles sejam adultos desde sempre.

António Jacinto Pascoal

[Transcrição integral de artigo, da autoria de António Jacinto Pascoal, publicado no jornal “Público” (em publico.pt) no dia 23.05.21. Sublinhados, destaques a “bold” e “links” (a verde) meus. Imagem do violino de: página Facebook de Ludwig Van Beethoven. Imagem da estátua de Eça: WikimediaManuelvbotelho, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons]

Fatal como o destino

  • «o idioma continua vivo e a evoluir»
  • «património intangível»
  • «ecologias endógenas e diaspóricas»
  • «registos e padrões de linguagem que denunciam uma sub-língua»
  • «“Através desta língua é possível descobrir aspectos inerentes à comunidade […] como, por exemplo, o seu próprio humor, a forma como se olha para as coisas da vida e o olhar crítico sobre as questões do seu dia a dia”»
  • «[…] muitas pessoas esquecem-se que […] evoluiu em muitos sentidos, por exemplo em termos lexicais. Não se pode pensar que o […] que se utiliza agora […] é a mesma língua que se falava há 200 anos. Há outros elementos lexicais que foram importados […]”»

Como? Se isto é sobre a língua brasileira? Bom, não exactamente mas na verdade estes tópicos e as respectivas formulações poderiam perfeitamente referir-se a essa outra língua de raiz portuguesa. Aquilo de que aqui se fala é do Patuá macaense; no entanto, os conceitos linguísticos, históricos, sociológicos e culturais, atendidas as inerentes idiossincrasias e as devidas distâncias, são rigorosamente os mesmos. Como aliás não poderia deixar de ser, até porque os processos e pressupostos atinentes à criação e desenvolvimento de uma Língua, qualquer que seja, são (na família linguística do tronco indo-europeu) regulares e genericamente uniformes.

Condicionantes de toda a ordem, com a natural primazia das geográficas e das — consequentemente — sociológicas (variantes de  isolamento e de coesão do grupo de indivíduos), determinam o maior ou menor  afastamento de uma nova Língua em relação à matriz que lhe deu origem.

Enfim, tudo princípios basilares, coisinhas facilmente acessíveis para o mais coriáceo dos sapateiros, pelo que (com a agravante de me irritar solenemente o polvilhado de referências biográficas, além de não ter aqui à mão quem trate de me semear a “bibliografia” nos rascunhos) parece dispensável, porque redundante, continuar a bater no ceguinho.

Percebe-se a ideia muito mais claramente do que os planos para fabricar um avião em papel A4. 

Além do Patuá (Papiamento), em Macau, existem inúmeros crioulos de base portuguesa, os nove de Cabo Verde (sendo um deles Língua nacional) e os da Guiné Bissau, de São Tomé (dois) e (do) Príncipe, de Casamansa (Senegal), de Ano-Bom (Guiné Equatorial), na ex-Índia Portuguesa (Goa, Damão e Diu), e ainda um pouco por toda a Ásia.

Como sabe o sapateiro anteriormente mencionado, bem como grande parte dos demais mal-vestidos que a intelligentia tuga evita prudentemente, com mal disfarçado horror, o Crioulo é uma Língua de base (lexical) portuguesa; nos casos deste caso, passe a redundância, resultam da fusão do Português enquanto língua-franca com o falar autóctone local; de forma abrangente, os crioulos integram as diversas variantes da ou das línguas das colónias e países que resultaram da Conferência de Berlim (1885) e de convulsões históricas subsequentes; autonomizando-se progressivamente, os diversos crioulos acabam fatalmente por reivindicar — pela sua própria natureza de património nacional intangível – o estatuto de Língua independente. Ao fim e ao cabo, um processo em tudo paralelo, similar e concomitante da própria independência política.

Malaca – Malásia

Nesta acepção, que muito pouco ou nada tem de objectável, o processo de autonomização linguística do Brasil, com 200 anos de atraso em relação à sua independência política, está já para além da simples crioulização. De Português, ao brasileiro pouco mais resta do que as raízes. Já é uma língua independente.

Ainda que dando trinta de anos de avanço à premissa, a língua do “gigante” brasileiro — que bem poderá servir como língua-franca nos 26 Estados daquela espécie de sub-continente – existe já hoje e que lhes faça muito bom proveito. Pódji fala i isscrêvê como quisé, cara, viu? Viva a língua Brasileira, morô?

Porém, contudo, no entanto, não obstante, cada um brinca c’a sua, salvo seja, valeu? Não tentem vossemecês passar o filme histórico de trás para a frente.

Portugal colonizou o Brasil e levou consigo o Português; não impôs a Língua, a Língua impôs-se por si mesma, naturalmente.

Não tentem agora vir pelo caminho das caravelas tentar colonizar Portugal ao contrário, trazendo sobranceria a tiracolo e fazendo estalar o chicote neo-colonialista, com a fraqueza do número que apenas impressiona distraídos, com a xenofobia que usam como arma de arremesso, com esse estranho ódio histórico de um passado mal resolvido, com a insuportável arrogância da soberba que vegeta na ignorância.

E não se esqueçam, se fizerem a fineza, de que mais tarde ou mais cedo a verdade faz como o azeite em água. É fatal como o destino.

Saúde.

Miguel de Senna Fernandes quer passar peças dos Dóci Papiaçam di Macau para livro

“Hoje Macau”, 29.04.21 – hojemacau.com.mo

e

 

Miguel de Senna Fernandes quer editar em livro as quase 30 peças levadas à cena pelos Dóci Papiaçam di Macau. Por ocasião da palestra online “Os Crioulos de Origem Portuguesa na Ásia”, o advogado afirmou que o idioma continua vivo e a evoluir, por exemplo, na forma de falar português dos macaenses. Os académicos Mário Pinharanda Nunes e Raúl Gaião apresentaram estudos sobre o crioulo e discorreram sobre a sua evolução

Miguel de Senna Fernandes, advogado e director do grupo teatral Dóci Papiaçam di Macau revelou ter planos para publicar em livro, pelo menos em patuá, português e chinês, os textos que estiveram na base das peças levadas à cena pelo grupo. O projecto, contou ao HM, está a ser delineado com a investigadora académica macaense, Elisabela Larrea.

“Ainda vou publicar as peças de teatro [em livro]. Já lá vão 28 ou 29 peças. Seriam vários volumes. Tenho um projecto pensado para isto com a Elisabela Larrea. É fundamental. O trabalho dos Dóci Papiaçám tem de ser convertido em obra escrita. Suspendemos este trabalho, mas temos mais ou menos uma ideia de como fazer a coisa. Não nos interessa ter um livro só em patuá, isso ninguém vai ler, mas, naturalmente, uma edição também em português e em chinês”, partilhou. O director dos Dóci Papiaçam vinca ainda que, por isso mesmo, “é muito importante definir bem uma estratégia”, considerando ser uma obra “sobre o património intangível de Macau”, que poderá ser apoiada pelo Instituto Cultural (IC)

As várias vidas do patuá

O Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) realizou ontem a sessão “Os Crioulos de Origem Portuguesa na Ásia”. Contando com presença de vários linguistas e académicos especializados na área, a sessão abordou temáticas como as “ecologias endógenas e diaspóricas do patuá”, o português de Malaca e iniciativas de revitalização destes crioulos luso-asiáticos.

Miguel de Senna Fernandes, que também participou na sessão “Resgate do Patuá”, considera que, apesar de o idioma já não ter expressão prática, é necessário “olhar para o fenómeno linguístico do patuá de uma perspectiva actual e compreender o seu estado, onde é que se utiliza e porque é que se utiliza”. Isto porque continua a ser usado, de forma mais ou menos inconsciente, por muitos macaenses quando se exprimem em português.

“O patuá não morreu, há é várias formas de o falar. Muitos dos macaenses, quando se exprimem em português, falam a partir do patuá e, essa forma de falar e mesmo como constroem as frases, misturada com o português e o cantonês, por exemplo, tem muito de patuá. São registos e padrões de linguagem que denunciam uma sub-língua”, partilhou Miguel de Senna Fernandes, ainda antes do início da sessão de ontem.

Quando questionado sobre se é efectivamente possível resgatar o patuá, sublinha que um “resgate” não pode ser entendido com a finalidade de “pôr as pessoas a falar patuá outra vez”, pois é uma língua que já não tem razão prática para existir.

“As condições do aparecimento da língua já não existem. O patuá formou-se há mais de 200 anos, num contexto social muito próprio da altura. Hoje em dia, este contexto não existe e, se existisse, teria que ter características muito especial e uma função para que as pessoas voltassem a utilizar com frequência o patuá como veículo de comunicação”, acrescentou.
Continue reading “Fatal como o destino”

O Apocalipse de agora


É uma excelente imagem.

Não propriamente enquanto metáfora (e trocadilho e jogo de palavras), ainda que essa seja igualmente evidente, mas antes como imagem mesmo, terrível, literalmente ilustrativa: salvas as devidas e respeitosas distâncias, atendendo às vítimas envolvidas, o AO90 fez com o Português o mesmo que as bombas de napalm no Vietnam: arraso total. Dos escombros sobraram apenas alguns detritos indistintos, uma massa negra malcheirosa soltando ainda umas fumarolas, ou sem cor de todo ou empestando a madrugada com o halo infernal em  todos os tons de  cinza e o azul-espectro dos pesadelos.

Neste artigo, o autor adopta na perfeição — e quase sem utilizar muito o zig-zag, se exceptuarmos a putativa “justeza do AO90” e mais um ou outro deslize, por regra imediatamente revertido — a flagrante analogia entre o filme de Francis Ford Coppola e o apocalipse que se abateu sobre a Língua Portuguesa; indo ainda mais longe na analogia, A.J. Pascoal desenha um arco de similitude entre a célebre frase proferida pela personagem interpretada por Robert Duval e aquilo que não é mais do que o nosso dever, ou seja, combater os “impostores da linguagem”, o seu “triunfalismo bacoco” e sem fazer caso da “edificação da sua mitomania”.

Remédio santo, digamos assim, para acabar de uma vez por todas com as mentiras debitadas, em sua solene e circunspecta basófia, por qualquer um dos mais proeminentes acordistas. Por assim dizer, o napalm (ou coisa que o valha) acaba com a tosse e cura instantaneamente todas as maleitas.

De facto, sempre embarretando o seu característico chapéu de Cavalaria e aferrolhando o seu ar impassível debaixo de fogo, o Coronel Kilgore deixa para a história uma frase lapidar, ou, melhor dizendo, duas: que adora o cheiro a napalm pela manhã e que isso “cheira a vitória”.

Felizmente, convenhamos, no caso vertente, Portugal não é os States. Infelizmente, porém, poucos portugueses apreciam odores exóticos ou maçadas, aborrecimentos, chatices. Muito poucos, pouquíssimos, e nem se sabe ao certo se ainda há disso. Dir-se-ia que não, já não há, isto aqui foi chão que deu uvas, agora é mais samba e futchibóu. Quando muito, no que concerne a labaredas, vai uma ou outra churrascada, toda a gente é veterana mas é sempre de “muitos anos a virar frangos”.

Bom, seja por mor e em memória dos heróis do mar, do nobre povo e da nação valente, ou que ao menos sirva de palíndromo histórico, resistir é um dever e o dever é aquilo que nos resta. O “cheiro a vitória”, portanto, ainda assim.

E o som triunfante de uma cavalgada imparável, transparente, majestosa, tão antiga como o anel dos Nibelungos.


[Uma das peças que compõem a “banda sonora” do filme “Apocalypse Now”]
[The “Ride of the Valkyries” (German: Walkürenritt or Ritt der Walküren) refers to the beginning of act 3 of Die Walküre, the second of the four operas constituting Richard Wagner‘s Der Ring des Nibelungen. (Wikipedia)]

O cheiro a consoantes mudas assassinadas pela manhã

António Jacinto Pascoal
publico.pt, 12.05.21

Nada tenho contra a escritora Isabela Figueiredo, a quem desejo êxito literário no exercício do seu labor criativo. Contudo, nem os maiores arautos do Acordo Ortográfico de 1990 terão ficado indiferentes à ligeireza e leviandade com que as suas palavras foram proferidas.

———

É tentador assimilar o destino de um povo à convenção hegemónica de uma língua, na afirmação de si mesmo perante a saudade do Império e o sintoma de uma existência e identidade precárias, na constante urgência de reavivar o centro mítico abatido em que aquele vive. Queremos sempre mais do que somos e travestimo-nos, invariavelmente, daquilo que não somos. Ao contrário do que se possa crer, a supressão de grafemas e a purga de acentos que o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) providenciou não se traduz na promessa de um gesto de humildade e de solidariedade para com os países de Língua Portuguesa, mas a mais recente, esfacelada, incompreensível e incoerente tentativa de assegurar a Portugal a sua sobrevivência cultural e, anacronicamente, a expressão épica e controladora que o seu instinto anima.

Abdicámos da natureza ontológica da grafia – e nisso tivemos, com efeito de ceder, “convidando” outras nações a cedências – a fim de manter a intenção de prolongar o estranhíssimo fenómeno do destino imperial e, finalmente, nos convertermos nos sonhadores de nós mesmos e nos idólatras do poder e das honrarias de um ideal fáustico inexistente, análogo ao proposto por Pessoa na Mensagem. O nosso provincianismo é de facto megalómano.

Alfredo Margarido (A Lusofonia e os Lusófonos: Novos Mitos Portugueses, 2000) – sem esquecer o luso-angolano Leonel Cosme em Os Portugueses. Portugal a Descoberto, 2007) – não foi o primeiro ensaísta a alertar para o terreno movediço da lusofonia, essa pretensão encapotada de neocolonizar territórios onde se fala português, por intermédio da própria língua, nas suas dimensões gráfica, semântica e ideológica, em que “os missionários da lusofonia agem como se não tivéssemos atrás de nós uma longa história de relações polémicas com aqueles que escolheram falar português”. Muito antes, em 1997, já Eduardo Lourenço publicara Imagem e Miragem da Lusofonia, mas também Portugal Como Destino e Mitologia da Saudade, dando-nos conta deste novo mito, sustentado no “sentimento profundo da fragilidade nacional” e na perda identitária do esplendor imperial, enquanto sistema de compensação gerado desde a sacralização das origens, ao sebastianismo de Os Lusíadas (referência icónica da cultura portuguesa, como Lourenço se lhe referiu), à lógica profética de António Vieira, e à utopia Pessoana do Quinto Império, lida, o mais das vezes, sem escrúpulo de vaidades. Lembremos como nem Camões se deixou deslumbrar por acessos narcísicos e megalómanos de larga escala, convencido dos embustes dos egoísmos nacionais e imbuído do discernimento e pudor de não faltarem atrevimentos “Nesta pequena casa Lusitana”.

Em parte, o recente discurso poliédrico do Presidente da República tocou escombros, ruínas, demónios, fantasmas e feridas que não foram de todo resolvidas. Alfredo Margarido dizia noutro lugar que a “descolonização” não simplificou sequer a validade das literaturas africanas e que “a própria existência da ‘descolonização’ prova que ainda não conseguimos libertar-nos da ganga colonialista, já que os portugueses surgiram como únicos actores do processo político: colonizadores graças às malhas que o Império tece, mas também descolonizadores, quando se trata de destecer as mesmas malhas”.
Continue reading “O Apocalipse de agora”

Da outra banda

Já só faltava um exclusivo de ASS babujando a sua cassette habitual sobre a “lusofonia” e patacoadas quejandas, como de costume e, neste caso na TSF, como corolário das “comemorações” do Dia da Língua brasileira.

No seu característico tom melífluo, o Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, a terrinha do Brasil e sua porta de entrada exclusiva na Europa, despeja por sobre as cabeças dos ouvintes (e falantes) os seus invariáveis dichotes neo-colonialistas, as suas piadolas sobre a Língua (brasileira) e, sobretudo, se bem que nesta parte usando palavras-chave em código, a indomável defesa e “promoção” dos interesses geo-estratégicos e económicos brasileiros.

Para executar na perfeição o planeado, segundo julgará o próprio, não há nada como enfiar uns foguetórios e uns bailaricos goela abaixo dos santinhos e santinhas a que acordistas (e indiferenciados) chamam “povo”. A mais recente pantomina, pretensamente comemorando o Dia Mundial de uma língua alienígena, com o solícito empenho do Secretário-Geral da ONU, também ele portador do cartão de sócio do PS (ou do PSD, é indiferente), ilustra quase obscenamente não apenas o conceito de “enfiar goela abaixo” como a própria ideia de “povo” enquanto entidade colectiva não totalmente desprovida de neurónios, vontade própria, discernimento, ou livre-arbítrio; ministros e altos dignitários da nação aos pulinhos e abanando o capacete ao som do (para eles) maravilhoso batuque de samba, em festanças de “Dias Mundiais”, abrilhantadas por virtuosos artistas — por regra, brasileiros — de circo, servem precisamente para que os divinamente “mandatados” pensem pelo povo ignaro e decidam pelos “pobres de espírito” aquilo que mais lhes convém, o que é e o que não é de seu interesse, em que espécie de Língua devem falar e o que o povo unido pode e não pode escrever. Uns beneméritos, por junto, sempre, sempre ao lado do povo.

Esta obsessão pelo “povo” e pelos “interesses do povo”, comum ao MNE e a toda a  colegiada governamental da actualidade, é afinal coisa antiga, um atavismo com seu quê de histórico e com seu quanto de patológico. À imagem e semelhança da “visão” de ASS, com a sua alucinação (Viu Cristo! Aleluia! Falou com Ele! Hosana!), gente com pancada é de tradição, e imitar ainda mais, relembremos o episódio daquele beato de mitra que foi ao Rio de Janeiro em 1934 e veio de lá deslumbrado com a tremenda pinta de uma estátua que viu debruçada sobre o Rio, aquele vulto gigantesco com os braços abertos, em forma de crucifixo, ah, que espanto, olha que Ele estes brasileiros, pois sim, Senhor, vamos fazer um igual a este lá para as bandas do Pragal, ou assim, enfim, na Outra Banda, há-de ficar bem, pelo menos de paisagem lava a vista, quem nunca viu Lisboa nunca viu coisa boa, à excepção da Capital sonhada por D. João VI.

Tal e qual. Vendo bem, o Brasil é por assim dizer uma espécie de Pragal, também fica na Outra Banda, apenas com a piquena diferença de o Pragal e Lisboa terem um rio pelo meio e o Rio ter entre Portugal um oceano de permeio, coisa pouca.

De resto, diferença nenhuma. Agora os tempos são ligeiramente diferentes, valores mais altos se alevantam, como não, está tudo muito mais caro, toca a “adotar” a língua do “gigante”; e se o Cristo-Rei brasileiro é para replicar, então imitemos-lhes tudo, importemos contentores cheios de jogadores e (geniais) gestores da TAP, fundemos escolas de samba, “nacionalizemos” o Cárrrrnáváu, tornemos obrigatório que todos os canais passem pelo menos 3 telenovelas brasileiras por dia. Numa palavra, vamos “brasileirar”.

Portanto, é extremamente compreensível que Sua Excelência o senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal se preocupe tanto com a “expansão” e a “difusão” da língua brasileira no mundo (para não ir mais longe).

Ou, como disse o Cardeal Cerejeira quando lhe deu uma epifania nas meninges, esmagado pela estátua, “este será sempre um sinal de gratidão nacional pelo dom da Paz”.

Ámen, mêirrmaum? Djiss alêluia, Jisuiss issstá prêsêntchi, alêluia.

Da poesia à “responsabilidade”: a língua portuguesa para Augusto Santos Silva

Dia mundial da língua portuguesa assinala-se esta quarta-feira em 44 países

Por Carolina Rico com Fernando Alves
“TSF”. 05.05.21

 

As comemorações do dia mundial da língua portuguesa, que se assinala esta quarta-feira, decorrem em 44 países, com mais de 150 actividades, em formato misto, presencial e virtual, devido à pandemia de Covid-19.

Proclamado em 2019 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), este é o segundo ano em que se celebra o dia mundial da língua portuguesa.

O chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva assinalou a data na TSF, onde declamou o poema “Cantiga, Partindo-se“, de João Roiz de Castelo-Branco e lembrou que o português é uma “língua viva e plástica”, sujeita a mudanças.

“Este é um dia para tomarmos consciência das nossas responsabilidades” para “continuar a promover a língua portuguesa, tratá-la bem, criar com ela, usá-la como língua de comunicação”, considera Augusto Santos Silva.

Sobre o Acordo Ortográfico, o chefe da diplomacia lembrou que este é fruto de um acordo internacional com outros países de língua portuguesa – e “se há coisa porque somos conhecidos é por cumprir os acordos internacionais“, ainda que “não seja um crime” não escrever segundo as novas regras.

Augusto Santos Silva participa esta tarde numa sessão solene, em Lisboa, para assinalar o dia mundial da língua portuguesa, que contará ainda com a participação de Augusto Santos Silva executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Francisco Ribeiro Telles.

Dia Mundial da Língua Portuguesa

[Transcrição de “lead” em texto de introdução à entrevista de propaganda da TSF ao MNE. Publicação e gravação integralmente copiadas daquele “serviço público” de rádio-difusão; no texto, os links são do original, os destaques e sublinhados meus. Imagem de topo copiada do blog  “Viver Portugal“.]

Christ the King (Almada)

From Wikipedia, the free encyclopedia

The Sanctuary of Christ the King[1][2][3] (Portuguese: Santuário de Cristo Rei) is a Catholic monument and shrine dedicated to the Sacred Heart of Jesus Christ overlooking the city of Lisbon situated in Almada, in Portugal. It was inspired by the Christ the Redeemer statue of Rio de Janeiro, in Brazil, after the Cardinal Patriarch of Lisbon visited that monument. The project was inaugurated on 17 May 1959, while Portugal was ruled by the authoritarian President of the Council of Ministers António de Oliveira Salazar who gave his final permission for the project. The giant statue in cement was erected to express gratitude because the Portuguese were spared the effects of World War II.

 

John VI of Portugal

From Wikipedia, the free encyclopedia

John VI (Portuguese: João VI;[1][2] 13 May 1767 – 10 March 1826), nicknamed “the Clement“, was King of the United Kingdom of Portugal, Brazil and the Algarves from 1816 to 1825. Although the United Kingdom of Portugal, over which he ruled, ceased to exist de facto beginning in 1822, he remained its monarch de jure between 1822 and 1825. After the recognition of the independence of Brazil under the Treaty of Rio de Janeiro of 1825, he continued as King of Portugal until his death in 1826. Under the same treaty, he also became titular Emperor of Brazil for life, while his son, Pedro I of Brazil, was both de facto and de jure the monarch of the newly independent country.