“Esta causa é muito importante”. Subscrevam a petição para que a Carla traga bolo

Analisemos “cientificamente”, por mera curiosidade antropológica, porque não se pode nem deve comparar o que não tem comparação possível, assim como caganitas com nêsperas ou o olho do Sol com o olho do cu, aquilo em que de facto consistem as “petições” electrónicas e o que na verdade são as respectivas “assinaturas” virtuais.

Esta, por exemplo, que já 269 cidadãos — presumivelmente em seu perfeito juízo e no completo gozo de seus direitos cívicos — “subscreveram” com insuspeito vigor e não menor cagança, ao que parece apela a que certa empresa de cromos (não daqueles, dos outros, dos da bola) deixe de impingir aldrabices nos respectivos pacotinhos.

Na imagem distinguem-se perfeitamente os “dados” (nome e email) que são “exigidos” aos “subscritores” tanto desta como de qualquer outra “petição”: “Dados” esses que, escusado será dizer, podem perfeitamente ser inventados na hora. E uma hora mais tarde, ou assim, quem quiser pode mudar de computador (ou apenas de local ou de tipo de acesso à rede) e “assinar” de novo com outro nomezinho e com mais um endereçozinho de email, pode ser ao calhas e tudo.

No meu caso, por acaso, que sou um gajo sério e não gramo aldrabices, modéstia à parte, optei por “permitir” que o Fakebook preenchesse os ditos “dados” por mim (a sério, nem é preciso escrever nada, nem uma única letrinha) e depois, para “assinar” a “petição”, só tive de me dar à canseira de carregar no botão verde que diz… “Assinar Petição”!

Tudo “comme il faut”, está bem de ver. Ah, que maravilha, estas “petições” electrónicas são uma delícia, ele é só comodidades, não há cá chatices nem papeis nem nada, e depois ninguém verifica coisa nenhuma, pois claro, aquilo é tudo perfeitamente legal (e legítimo e impec), todas as “assinaturas” são válidas, mesmo as inválidas, que são quase todas elas mas isso agora não interessa nada, o que interessa é que “em 15 dias”, como afirma este escroque, não sei quê, trau, já está, mamã, fui eu que fiz, chamem-me Tarzan.

E por falar em Tarzan, que também era um cromo ruim, pelava-se igualmente por dar punhadas no peito e meter-se em macacadas, descobri lá na fábrica das petições uma outra que (esta sim, sobre a primeira estava a brincar, foi uma reinação inocente) “assinei” de facto. Ei-la:

Causa extremamente meritória, sem dúvida! Ora, portantos, qué-se dezer, “assinei” esta “petição” e daqui “apelamos também à subscrição” da dita, avante, portugueses, vamos todos cumprir o nosso dever cívico, para que alcancemos o desiderato, etc. e tal, trata-se de um desígnio nacional, é preciso que se consiga — “por todos os meios ao nosso alcance” — que a Carla traga bolo. Como podem aliás ver no comentário que deixei lá, dirigido aos valorosos promotores de tão meritória “iniciativa”, é uma vergonha que a Carla não traga bolo!

E ainda há quem se atreva a gozar com estes patrióticos assuntos, ele até há uns gajos desconfiados de que isto das petições não passa de uma vigarice de todo o tamanho.


EU referendum petition: 77,000 signatures removed as fraud investigation launches
Parliamentary officials launch formal investigation into petition calling for second referendum
The Independent

É um escândalo! Esse pasquim abjecto, The Independent, pffff, como se atreve a pôr em causa a “causa” das petições, hem, ao que chega o atrevimento, mas que morcões.

 

“Voltar a aprender Português” [Ana Mesquita, deputada]

Confesso que foi difícil ouvir esta… “audição”. De facto, levar com a longa arenga inicial de Malaca Casteleiro é estucha que não se deseja a ninguém. No seu característico tom enfastiado e gemebundo de quem faz um tremendo favor à humanidade por aturá-la, o homem desfia as patranhas do costume, todas e, desta vez, mais algumas; chega até a fingir, este poeta do fingimento, verdadeiro artista incontinente, que é dor a dor que deveras não sente. Enfim, resumamos a estopada: são 15 excruciantes minutos de “exposição”, logo de entrada, e mais à frente o homem serve outras doses de maçada (Patranhas à Malaca, um pitéu).

Mas nem tudo se perde nesta “audição”. Quem porventura conseguir chegar ao minuto 31 da gravação sem adormecer, saltando por cima das tergiversações de uma deputada do PSD e de um colega dela do PS, então poderá escutar algumas observações acertadas da autoria da deputada Vânia Dias da Silva (CDS-PP). E de seguida, a partir do minuto 37:30, destaque especial para a extraordinária desmontagem que Ana Mesquita (PCP) faz de todos os “argumentos” aduzidos por Malaca.

Eu disse “desmontagem”? Foi lapso, peço desculpa. É uma verdadeira demolição.

Transcrevo em baixo o grosso das pancadas do camartelo.

[38:25] Ana Mesquita

Relativamente a esta questão, e a algumas questões que aqui nos trouxe, nós temos de facto muitas dúvidas. Por um lado, quando se fala da questão da uniformização, e o senhor professor colocou de outra forma, de uma “unidade essencial”, temos alguns problemas quando há criação de novas palavras, que não existiam sequer no português do Brasil, tudo bem, nós sabemos que depois há aqui questões próprias de cada Língua mas parece-nos que vamos então em sentido diverso, vamos num sentido de divergência. Por outro lado, quando nós fazemos uma análise comparativa relativamente a esta matéria é impossível afirmar que esta uniformização da grafia possibilite de facto uma suposta “unidade essencial”. E eu aqui passaria a um exemplo mais concreto. É porque, se nós tivermos a oportunidade de fazer uma análise comparativa do que são versões portuguesas e versões, por exemplo, de português do Brasil, de obras comuns, substituindo apenas e só a questão da grafia, no sentido da sua uniformização, o texto continua a não fazer sentido nenhum! Ou seja, há diferenças que suplantam imensamente a questão da tal “unidade gráfica essencial”. E, portanto, até que ponto é que, então, conseguimos algum tipo de uniformização? Porque não nos parece que esteja a ser conseguida! Porque se nós fizermos esta leitura vamos continuar a ter, de facto, imensas, um mundo, um mar de diferenças, que não é fácil ultrapassar. Gostaríamos também de perceber, e isto aliás até se liga com outra questão: é que no próprio “Guia Rápido para a Aplicação da Nova Ortografia”, já de há algum tempo, se dizia que o acordo uniformizava não a forma de todas as palavras mas as regras da escrita. Ora, se nós fizermos esta comparação, nem uma coisa nem outra. De facto! E, portanto, o que é que nós temos aqui em cima da mesa, verdadeiramente?

Outra questão que nós colocamos é que consideramos que a política da Língua não pode ser um resultado, um mero resultado da dimensão das comunidades falantes, dos interesses editoriais subjacentes a cada uma destas comunidades, e que deve partir de um pressuposto que é a igualdade entre os vários países. Ora, assim sendo não podemos nunca falar de dois lados neste acordo. Temos de falar de uma vasta comunidade com muitos países e, portanto, até que ponto nós estamos a falar efectivamente disto, porque o que nos parece é que há uma subjacência, o que está subjacente aqui é fundamentalmente Portugal e o Brasil. Ora, há mais países aqui envolvidos. 

Por outro lado, temos outra dúvida relativamente a uma questão que foi aqui levantada, e muitas vezes é levantada, é que este processo foi também um processo de simplificação, no sentido de ser mais fácil para as crianças aprenderem a Língua e poderem de facto entendê-la melhor e que, portanto, voltar para trás era um desastre porque já houve muitos milhares de crianças que foram formadas com esta nova grafia. Não estaremos nós a menorizar quer as crianças, quer os professores, que nomeadamente aprendem línguas estrangeiras com uma complexidade em termos daquilo que é a escrita e a não correspondência da fórmula escrita àquilo que é expresso, imensa, não é?, pensemos, se calhar, no Inglês, no Francês, no Alemão, em que se nós formos a ler aquilo, tal e qual, para nós é dificílimo, e no entanto as crianças todos os dias aprendem uma Língua nova, se for necessário. Portanto, porque é que é tão mais difícil voltarem a aprender o Português?! Numa formulação antiga. Seria assim tão complicado? Num contexto que eu aqui também deixava, que é o seguinte: é verdade ou não é verdade que a esmagadora maioria dos livros que existem, nos acervos públicos, estão ou não estão escritos na grafia anterior? E, portanto, se a maior parte dos suportes, hoje em dia, da Língua, ainda hoje, não estão eles ainda produzidos no acordo anterior ao acordo ortográfico de 1990? E se essa não é de facto a maior base de suporte que, ainda assim, temos disponível.

São questões que nós temos e evidentemente interessa-nos detalhá-las e perceber um pouco o seu alcance e eu deixava de facto uma última questão. Que é: qual é o actual ponto da situação? Porque nos parece, efectivamente, que a aplicação e o uso corrente, que está neste momento, quer nas escolas — onde também há muitos problemas — mas ao nível  da sociedade em geral, na comunicação social, nos documentos oficiais, é de facto de uma grande irregularidade, que eu não sei se alguma vez, nos tempos mais recentes, tivemos a oportunidade de assistir a um fenómeno desta dimensão.  É porque em certas alturas, e nomeadamente na comunicação social, ninguém se entende a escrever! Todos os dias temos exemplos que nos devem merecer preocupação e reflexão.

«O futuro faz-se hoje»

O que vimos agora aqui dizer, por fim, é que existem ferramentas e mecanismos para anular o erro colossal que foi a aprovação pelo Parlamento português da RAR 35/2008. Estamos no exacto local onde esse erro foi cometido, logo, é também este o único lugar para voltar atrás: basta para isso, simplesmente, que seja respeitada a vontade dos cidadãos de seguir em frente.

Porque é neste aparente paradoxo, voltar atrás num erro para seguir em frente com o que é correcto, que reside em essência tudo aquilo que pretendemos. É esta, estamos certos, a vontade da maioria dos portugueses.
«O futuro faz-se hoje»

 

[10:19 José Jorge Letria]
Confesso-vos também, e esta é também uma inquietação minha como autor, como autor e sobretudo como escritor, que é aquilo que sou predominantemente há décadas, que tem a ver com a relação habitual que temos com o movimento editorial, e aqui a minha perplexidade e a minha inquietação aumenta porque se eu, que sou autor de muitos livros para crianças e jovens, se manifesto o meu desejo, à partida, de que as edições não contemplem a norma ortográfica que resulta do acordo, então eu corro o risco imediato — eu e os outros que estão numa situação análoga à minha — que é de não termos os livros incluídos no Plano Nacional de Leitura. O que, do ponto de vista da sobrevivência dos autores no mercado editorial, é uma coisa de uma grande complexidade. Posso dizer-vos, aliás partindo da experiência que tenho de contacto com autores, de quem sou amigo e com quem partilho estas caminhadas pelo mundo dos livros, António Torrado, Luísa Ducla Soares, Alice Vieira, etc., e outros, têm esta preocupação porque entendem que, se tomarem uma posição contra o acordo, estão vinculados a ela e portanto não aceitam o acordo nos seus livros para crianças e jovens e os livros são banidos do Plano Nacional de Leitura, o que é um problema que nos leva a lidar com o assunto com pragmatismo.

[34:25] Teresa Caeiro
Eu devo dizer-lhe que quanto mais nós avançamos neste grupo de trabalho e quanto mais me vou interrogando sobre esta matéria mais perplexa eu fico, devo dizer-lhe. Aliás já tivemos a a oportunidade de fazer um pedido da vinda do professor Malaca Casteleiro; porque há aqui uma grande perplexidade e, de facto, ficou bem espelhada nas suas declarações: como é que tudo isto surgiu e como é que tudo isto avançou… sem transparência, sem diálogo, sem ouvir… como é que foi possível tudo isto avançar? E, ao contrário do que diz o meu caro amigo Jorge Campos, eu penso que não há fatalidades, não é?, quer dizer, poderemos ponder… eu acho que, independentemente do objecto deste grupo de trabalho, eu acho que seria muito mau que fosse um grupo de trabalho que depois fizesse um relatório a dizer “bem, há uns que são a favor e outros que são contra e… bom, e vamos continuando”! Eu acho que tem que haver consequências… políticas; não estou a dizer político-partidárias mas tem que haver consequências para os erros que eventualmente terão sido cometidos. E confesso-vos que também não vejo que haja extremismos de parte a parte; ou então, se calhar, não estou a ver as coisas de uma forma certa: eu vejo muito mais pessoas contra o acordo ortográfico do que indefectíveis do acordo ortográfico! Não vejo tantos linguistas (ó Jorge, desculpa que te diga), não vejo professores, ainda outro dia tivemos uma audição com os professores de Português, que se manifestaram violentamente contra o acordo, não vejo autores, vejo muitas pessoas a escreverem em jornais e que invocam o seu direito de escrever de acordo com a antiga ortografia e, sobretudo, vejo no dia-a-dia pessoas que dizem “em última análise, eu não sei escrever de acordo com o acordo ortográfico!”
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‘O espírito de rebanho’

«Os portugueses são exemplares. Têm sido exemplares desde o começo; eu tenho muitos amigos portugueses, tenho contacto com vários deles, contacto constante, pela Internet, e há um movimento geral entre os intelectuais portugueses, das mais várias procedências, contra este acordo que é uma fraude. Isto não unifica nada! Isto piora o que existe e não unifica nada. Então para quê mexer? Isto é uma fraude! Uma fraude promovida no Brasil pela Academia Brasileira de Letras. A verdade é essa. Pura e simplesmente. Por um professor de língua portuguesa que também usa fardão; é membro do clube. Ele de repente se transformou no campeão desse novo acordo. E é até hoje. E ganhou dinheiro com isso. Então não há nada a fazer. Salvo dizer a verdade, quando necessário, como eu estou fazendo agora. Até porque eu já não tenho mais nada a perder.»
Sérgio de Carvalho Pachá

 


A propósito do texto (público) seguinte, divulgado hoje no Facebook, reproduzo mais em baixo um “post” da ILC-AO (de 2014) contendo a gravação vídeo de uma entrevista a este mesmo filólogo brasileiro. Texto e vídeo contêm, com alguns anos de intervalo e em registos obviamente diferentes, o relato — circunstanciado e na primeira pessoa — daquilo que significa na verdade o “acordo ortográfico” de 1990: numa palavra, fraude.
 


 

Como o “Acordo Ortográfico” regressou dos mortos

Fernando Venâncio

Friday, April 21, 2017

Em 2008, o Acordo Ortográfico 1990 estava morto e esquecido. Os seus defensores portugueses tinham chegado a um benéfico apaziguamento mental, depois de anos com as mãos à cabeça. Eis senão quando, do outro lado do Atlântico…
A história do regresso dos mortos do AO90 é-nos contada por Sérgio de Carvalho Pachá (na foto), ex-Lexicógrafo-Chefe da Academia Brasileira de Letras, que assistiu de perto ao fantasmático episódio, e dele iria tornar-se a primeira vítima.
Agradeço ao Sérgio o permitir a divulgação.
*
Caros Amigos,
Um amigo longínquo (há anos vive e trabalha numa instituição internacional sediada em Washington), que foi meu contemporâneo no Colégio Anchieta, de Nova Friburgo, perguntou-me ontem como ocorrera a minha demissão da A.B.L: “Que história é esta? Você, mais do que muitos acadêmicos, era para mim o símbolo da Casa de Machado de Assis”. Aqui está minha resposta, enviada ontem mesmo, que, já agora, estendo a vocês: amanhã ou depois não estarei mais aqui para novamente responder a esta indagação, e eu quero que ao menos meus amigos mais próximos saibam o que aconteceu.
S.P.
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Banda larga ou rédea curta?

Aparentemente, esta é uma boa notícia. Aparentemente, será possível, por exemplo, entregar e subscrever via internet petições, iniciativas legislativas de cidadãos (ILC) e iniciativas populares de referendo (IPR). Aparentemente, isto “será o exemplo, ao mais alto nível dos órgãos de soberania, de aposta na sociedade digital”.

Aparentemente, nada contra.

A começar pela meritória intenção de acabar de uma vez por todas com a fantochada das “petições” geradas automaticamente em plataformas privadas online, com “subscrições” igualmente automáticas, que ninguém valida (ou invalida), com métodos de “assinatura” mais do que suspeitos, com toda a latitude e “liberdade” para as mais inacreditáveis aldrabices. No Parlamento Europeu existe um mecanismo de subscrição de petições online; não tem comparação este “portal” com as tais plataformas privadas onde é possível peticionar tudo e mais um par de botas, sem o mais ínfimo dos requisitos, sem um mínimo de credibilidade e em ambiente (virtual) de total (e alegre) irresponsabilidade.

No entanto, repito, isto ele é tudo aparentemente. Portugal, como sabemos, não é propriamente “a” Europa, assim como o nosso velho Palácio de S. Bento não é exactamente o mastodôntico Parlamento Europeu.

Quero dizer, cá na minha: há ali assim, no arrazoado da peça jornalística, umas quantas expressões técnicas que não me agradam nem um bocadinho. É um pouco estranho misturar na mesma frase os verbos “entregar” e “subscrever”, referindo-se ambos a uma mistura ainda mais improvável de petição com ILC e IPR, como se fossem a mesma coisa ou sequer coisas parecidas; aquela formulação “tipo” tudo ao molho e fé em Deus parece-me algo bizarra.

É que, se passar a ser assim mesmo, e apenas daquela forma, então não só se confundem mecanismos de acção cívica totalmente diferentes, nos requisitos, nas finalidades, no objecto e na eficácia, como também se transforma qualquer dos três tipos de mecanismo em acções controladas pelo próprio Parlamento, cuja maioria forma Governo.

Ora, como dizia lapidarmente não sei quem: Hay gobierno? Soy contra!  .

Condicionando os mecanismos a uma única via (exclusivamente virtual, ainda por cima), se for esse o caso, então o Parlamento deixará de ser o destinatário por inerência e passará a ser o depositário, logo, o veículo, logo, o filtro, logo, o controleiro das ditas acções — as quais, então, e também por inerência, deixarão de ser cívicas já que escaparão totalmente ao controlo dos respectivos promotores, voluntários, apoiantes e… subscritores.

Por definição, tanto as iniciativas legislativas de cidadãos como as iniciativas populares de referendo são iniciativas cívicas, ou seja, acções promovidas por cidadãos pelos seus próprios meios e no âmbito da chamada “sociedade civil”. Ora, neste caso, trocar a ordem dos factores não é arbitrário, é uma arbitrariedade: significa “oferecer” aos ditos cidadãos a “possibilidade” de literalmente lhes ser retirado o direito de promoverem eles mesmos qualquer espécie de acção.

Veremos, então: será isto activismo em “banda larga” ou será afinal à rédea curta?

Burro velho não toma andadura, lá diz o provérbio, e se a toma pouco dura. Ora, este burro aqui, além de velho, desde há muito rumina pensativamente que em Portugal existem imensas cavalgaduras, decerto, mas o pior é que no meio dessas pastam muitas (e ferozes) bestas.

Parlamento torna-se totalmente digital até ao final do ano

AR quer dar o exemplo da aposta no digital e na transparência com mais informação sobre o processo legislativo e maior presença nas redes sociais.

Maria Lopes – 19 de Abril de 2017, 15:33

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A Assembleia da República deverá tornar-se totalmente digital ainda este ano. O que significa que será possível, por exemplo, entregar e subscrever via internet petições, iniciativas legislativas de cidadãos (ILC) e iniciativas populares de referendo (IPR), acompanhar todo o processo legislativo de um diploma, saber se há leis que precisam de regulamentação e se o prazo para isso está a esgotar-se, conhecer o sentido de voto de cada deputado, acompanhar em tempo real praticamente todos os trabalhos das diversas comissões parlamentares e ter mais notícias do que se passa no Parlamento nas redes sociais.

No processo de “desmaterialização integral das comunicações relativas ao processo legislativo”, o Parlamento vai “muito brevemente” celebrar um protocolo com os restantes órgãos de soberania – Presidência da República, Governo e Tribunal Constitucional – para que os diversos actos de validação dos diplomas, como a assinatura, a promulgação pelo Presidente e a referenda do primeiro-ministro possam ser todos feitos digitalmente.

“Será o exemplo, ao mais alto nível dos órgãos de soberania, de aposta na sociedade digital”, defendeu o deputado Jorge Lacão aos jornalistas no final da conferência de líderes desta quarta-feira, dedicada ao grupo de trabalho do Parlamento digital. “Vamos apostar numa maior participação nas redes sociais, com o objectivo de podermos sensibilizar um público mais vasto através das redes, com informações relevantes produzidas na AR, através de notícias, agendamentos e matérias aqui em debate”, descreveu.

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