Dicionário brasileiro-Português (1.0)

Aqui está a primeira versão do primeiro dicionário de brasileiro-Português. Também funcionando, é claro, em sentido inverso, por assim dizer: basta ordenar alfabeticamente pela coluna de Português e pronto, em segundos tem o dicionário de Português-brasileiro.

Esta ferramenta permite pesquisar qualquer palavra ou formulação, tanto em brasileiro como em Língua Portuguesa, incluindo algumas das expressões mais comuns de gíria ou calão.

A principal finalidade deste trabalho é tornar possível a qualquer pessoa obter respostas sem necessidade de conhecimentos de processamento de texto, tratamento de dados, folha-de-cálculo, ou, por junto, de informática; aliás, a simplificação em extremo retoma o significado basilar do próprio termo “informática” (informação automática) e portanto a sua razão de ser meramente utilitária.

Daí a simplicidade, a começar pelo aspecto da “tabela” e terminando na operação: basta, como se costuma dizer “carregar no  botão”. Este dicionário tem só dois “botões”: as pontas de seta a apontar para baixo, dentro de um quadrado, que se vêem no topo das colunas (à direita dos títulos das colunas “brasileiro” e “Português”).

“Click” num desses quadrados e irão aparecer as operações disponíveis. “Sort A to Z”, por exemplo, vai ordenar alfabeticamente o dicionário consoante a coluna que tiver escolhido; pode voltar a ordenar às avessas (de Z para A), procurar uma palavra em concreto (escreva onde diz “Search”) ou todas as iniciadas ou terminadas por seja o que for ou a/as que pretender segundo diversos critérios à escolha. Continue reading “Dicionário brasileiro-Português (1.0)”

Mas algumas igualdades são mais iguais do que outras

«All animals are equal but some are more equal than others»

[“Animal Farm”, George Orwell, 1945]

Pesquisa Google: advogados legalização brasileiros em Portugal

Estribados numa pretensa superioridade do Brasil e dos brasileiros em relação ao “colonizador explorador e torcionário”, essa alucinação rapidamente resvalou ainda mais para baixo, para uma forma de desprezo pelas reais origens daquele país, para a hostilização sistemática dos portugueses em geral e para uma verdadeira sanha persecutória quanto a tudo aquilo que mesmo se remotamente lhes cheire a “terrinha”. Este absurdo e insuportavelmente insultuoso preconceito está já estudado, se bem que mal, e dicionarizado, neste caso muito bem: lusofobia. Um tipo de racismo, portanto, como claramente denota o sufixo, um exclusivo que brasileiros dedicam a Portugal.
[post “Independência ou morte”, 11.08.22]

Trata-se, como já vimos, de um exclusivo reservado a brasileiros. Os naturais dos PALOP — Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa — não têm os mesmo direitos, apesar das garantias de “inclusão” expressas na narrativa oficial a que se convencionou chamar “Acordo de Mobilidade“. Como terá também ficado claro, este outro “acordo”, à semelhança do que sucede com o #AO90, tem por finalidade usar a  CPLB — Comunidade dos Países de Língua brasileira — como cobertura diplomática, funcionando a “língua univerrssáu” como pretexto “ideológico”, para servir os interesses geopolíticos e económicos da República Federativa do Brasil.

A República Portuguesa não beneficia em rigorosamente coisa alguma por via destes “acordos” e “tratados”, assim como de qualquer deles não constam a priori, expressa ou implicitamente, quaisquer prerrogativas ou sequer algo que, mesmo indirecta e remotamente, possa interessar a Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Timor. A estes países, enquanto “membros” da dita CPLB — uma invenção Brasileira — estão  reservados papéis de meros figurantes; servem com suas bandeirinhas para tornar mais colorida a golpada verde e amarela que degenerados tugas foram ao Rio vender.

Mas isto é quanto a direitos. Falemos então dos deveres, já que essa mimosa palavrinha também consta do título da coisa. Bem, deveres? Nenhuns. Não há. É só no título mesmo. Como de costume, para disfarçar. A premissa implícita (direitos pressupõem deveres) em qualquer tipo de acordo, mesmo o pessoal, quanto mais entre países, não existe nesta nem em qualquer das outras partes do negócio.

As pessoas provenientes de todas as ex-colónias portuguesas em África e na Ásia, bem como também, por exemplo, nepaleses, ucranianos moldavos, russos, romenos, marroquinos, enfim, a massa heterogénea de imigrantes das mais diversas origens que encontram em Portugal um país para viver, os deserdados, aqueles que muito provavelmente mais necessitariam de ajuda do Estado que os acolhe, mesmo sendo este o 28.º estado brasileiro, todos esses outros não contam para nada e não constam de coisa alguma que envolva o mais ínfimo direito ou, menos ainda, qualquer privilégio.

Devem ficar todos contentes, os refugiados, os imigrantes que escaparam com vida à guerra, à fome, à pobreza extrema, quando se aperceberem de que afinal não passam de emigrantes “de segunda”: para eles, Portugal reserva todos os deveres e poucos ou nenhuns direitos, mas para um outro “contingente”, para uma única outra nacionalidade de origem ficam garantidos todos os direitos e obrigação… nenhuma! Pois sim, ficariam contentíssimos se de tão simpático “acordo” tomassem conhecimento, o que por certo não irá acontecer nos tempos mais  próximos.

Existe, porém, quem já se tenha apercebido do filão que representa o “igualitário” e “inclusivo” tratamento dado a determinado contingente migratório em detrimento de todos os outros; dessa percepção expedita resulta o recente surgimento de um ramo de negócios que está já transformado numa verdadeira indústria de produção jurídica em série — algo semelhante a uma linha de montagem especializada em expedientes legais. Por assim dizer, e para mais fácil entendimento do conceito, trata-se de uma espécie de gigantesca charcutaria (vulgo, encher chouriços) em que por um lado entram papéis e requerimentos saindo pela outra ponta o produto acabado: autorizações, títulos de residência, de trabalho e académicos, cartões de cidadania e, por fim, passaportes.

Pesquisa Bing: advogados legalização brasileiros em Portugal

Daí também, tal é a profusão da oferta — em função da procura, bem entendido –, as aparentes  confusões em que se emaranham alguns dos prestadores de serviços, advogados e outros tipos de “juristas”, simples curiosos, opinion makers, youtubers e palpiteiros profissionais. Deste tipo de confusões e de entre o naipe de paus desfasados destacam-se as asneiradas aparentemente legalistas. Como, por exemplo, esta, que terá passado despercebida à maioria no anterior post sobre a “igualdade”:

«Estes são documentos importantes para quem pretende viver em terras portuguesas ou viajar para fora do Espaço Schengen.» [nacionalidadeportuguesa.com.br]

Não, não é só para fora do espaço Schengen. É para fora e é para dentro do espaço Schengen.

Continue reading “Mas algumas igualdades são mais iguais do que outras”

‘Palavras para quê?’

Nota Informativa

Uma delegação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) vai estar em Malabo, na Guiné Equatorial, entre os dias 4 e 8 de Abril de 2022, para implementar dois eixos do «Programa de Apoio à Integração da Guiné Equatorial – PAIGE (2021-2022)», designadamente, «Sociedade Civil» e «Direitos Humanos».

No dia 4 de Abril de 2022, o conjunto de actividades previstas, denominado “Semana de Direitos Humanos”, tem em agenda um momento em comum para todos os participantes nas acções de formação, contemplando a sessão de abertura com a participação de representantes do Governo, do Provedor de Justiça, da Procuradoria-Geral da Guiné Equatorial e de um representante do Secretariado Executivo da CPLP, bem como um painel sobre a transversalidade dos Direitos Humanos e a apresentação da obra “Compreender os Direitos Humanos”.

De 5 a 8 de Abril, as actividades de formação vão desenvolver-se em três painéis: Sociedade Civil, Combate ao Tráfico de Seres Humanos e Direitos Humanos.

A delegação é composta por técnicos do Secretariado Executivo da CPLP, da Plataforma de ONG de Cabo Verde (PLATONG), da Liga de ONG de Moçambique (JOINT), da Comissão de Direitos Humanos de Portugal, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), da Procuradoria Geral da República de Cabo Verde, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras de Portugal e do Centro de Direitos Humanos Ius Gentium Conimbrgae (IGC) da Universidade de Coimbra de Portugal.

Lula da Silva “Doutor” Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, Março 2011 [evidentemente, a foto foi acrescentada por mim na transcrição.

Em articulação com as autoridades da Guiné Equatorial, o Secretariado Executivo da CPLP já esteve a desenvolver no terreno as actividades de quatro eixos do PAIGE, nomeadamente, «Promoção da Língua Portuguesa», «Acervo», «Património Cultural» e «Comunicação Social», entre os dias 7 e 11 de Março de 2022.Recorda-se que o XXIV Conselho de Ministros da CPLP, reunido na cidade do Mindelo, em Julho de 2019, mandatou o Secretariado Executivo para promover, em coordenação com as autoridades da Guiné Equatorial, a elaboração do PAIGE com iniciativas que incluam os cinco eixos do “Programa de Adesão”, acrescidos de dois eixos adicionais propostos pela Guiné Equatorial, designadamente, «Direitos Humanos» e «Desenvolvimento Económico».A República da Guiné Equatorial foi admitida como membro de pleno direito da CPLP na X Conferência de Chefes de Estado e de Governo, realizada a 23 de Julho de 2014, em Díli.

[CPLP – Comunidade dos Países de Língua Brasileira, 04.04.22. Cacografia brasileira do original corrigida automaticamente]

The vice-president of Equatorial Guinea, Teodoro Nguema Obiang, known as ‘Teodorín’, is being investigated by the Federal Police of Brazil in collaboration with the authorities of Portugal, France and Switzerland for an alleged money laundering crime, according to several media reports.

Although the Brazilian police do not mention his name, media such as ‘Folha de Sao Paulo’ maintain that “the politically exposed foreign person” mentioned by the institution would be ‘Teodorín’, son of Teodoro Obiang, who has been governing Equatorial Guinea for almost half a century amidst allegations of electoral fraud.

In the framework of the ‘Operation Luxury Living’ — in reference to the pad used by the investigated when he publishes his ostentatious lifestyle on social networks — five search warrants have been issued in homes in France, Portugal and Switzerland.

‘Teodorín’ has been singled out on numerous occasions for the ostentation of luxury that he does not care to conceal. In this operation, he is being investigated for money laundering in the 2007 purchase of a luxurious apartment valued at 15.6 million reais (2.7 million euros) in one of the most exclusive areas of Sao Paulo.

The Brazilian police suspect that the property was acquired through offshore companies to hide public money diverted from the public coffers of the African country. Conjectures that have already been confirmed in purchases of luxury goods and vehicles by judicial authorities in the United Kingdom, the United States and France.

At the same time, they have also requested that the banking and tax secrecy of those involved in the purchase of this property in the capital of São Paulo be broken in order to try to trace the origin of the money.

It is not the first time that the Brazilian authorities have laid their hands on ‘Teodorín’, since in 2018 they seized from his entourage 13.8 million euros in cash and a score of luxury watches, at the Viracopos airport in Sao Paulo.

‘Teodorin’ was already sentenced by the French Justice in 2021 to three years of conditional imprisonment, a fine of 30 million euros and the seizure of his assets in France after considering that he would have used the public money of his country to buy luxury properties in various parts of the world.

O Presidente da Guiné Equatorial tomou o poder em 1979, na sequência de um golpe de Estado sangrento. Está instalado no mesmo hotel que o Presidente e o primeiro-ministro portugueses e também António Guterres. Marcelo atribuiu o facto a circunstâncias logísticas, e não políticas.

Até quando falou da sua proposta de liberdade de circulação e residência, António Costa evitou falar deste país incómodo que só há três dias entregou a ratificação da sua entrada na CPLP. Só quando lhe perguntaram se a proposta portuguesa não se aplicaria aos cidadãos da Guiné Equatorial, o primeiro-ministro respondeu: “Faz parte da CPLP, mas é evidente que a relação com os países que falam português é distinta.”

Continue reading “‘Palavras para quê?’”

Na lista negra

Apontar “erros e contradições mais flagrantes” e aceitar as respectivas “correcções” equivaleria, na prática, a termos de saber como se pronunciam as palavras num país estrangeiro para podermos escrever na nossa própria Língua: “corrigir” os casos de novas duplas grafias, por exemplo, implicaria que tivéssemos todos de perguntar a nós mesmos coisas como “no Brasil pronuncia-se o P em «receção»?” Ah, então escreve-se «recePção». “Os brasileiros dizem «perspetiva» ou «perspeCtiva»”? Ah, então é como era dantes cá. Será que eles ‘lêem’ o C em «seCção»? Ah, não lêem? Então como diabo se escreve? Ah, ok, é «seção». E assim por diante. Este horror. [“post” Endlösung]

Ao que se vai vendo por aí, alguns anti-acordistas continuam, mas que estranha obsessão, a produzir listas e mais listas de “aberrações” e “contradições flagrantes”; ou seja, periodicamente enumeram algumas palavras que, segundo constaram, certamente com grande esforço — à força de pesquisa manual –, demonstram que o #AO90 é uma coisinha muito mal feitinha. Ou, melhor dizendo, seria; seria uma coisa muito mal feita se porventura tivesse a ver com ortografia e não fosse, portanto, uma vigarice de cabo a rabo, um desconchavo exclusivamente político.

Bem, mas isso já se sabe desde a primeira versão do estropício (1986), que o “acordo” não é acordo algum e que de “ortográfico” não tem coisa nenhuma. O que, ainda assim, não tem obstado a que prossigam os tais exercícios — uns mais “académicos”, feitos por “linguistas” e tudo, outros bem mais artesanais, mas todos eles por igual ociosos — em que se pretende ilustrar com exemplos os tais “erros flagrantes” e as tais “contradições”, a ver se (talvez, quiçá, sabe-se lá bem) tudo junto não daria para “despiorar” aquela coisa execrável.

A finalidade deste “acordo” político é que uma das seis ex-colónias, sul-americana, submeta a sua ex-potência colonizadora, europeia, e as demais ex-colónias africanas desta, a uma forma de neo-imperialismo cultural que se consubstancia na “adoção” ditatorial de uma “ortografia única”: a brasileira. [“post” Anatomia da Fraude]

Ainda assim, há quem persista nas listinhas. Ora, quando o problema é de vício não há volta a dar-lhe; mais vale então deixar o fumador em paz,  chegar-lhe o tabaquinho, se for de enrolar ou para cachimbar, um pacote ou dois de 10 macitos, mais os fósforos, se não preferir isqueiro, e até, em havendo disso ali à mão, puxando-lhe uma poltrona para que se delicie com suas baforadas profundamente gramaticais, emaranhado em volutas de “aberrações” que decerto não lembrariam nem ao diabo. E assim, ao menos, estaremos não apenas a proteger o “ambiente” — porque serão mentes menos fumarentas — como também a poupar ao agarrado o trabalho de andar a cravar cigarros referenciais ao pobre transeunte ou a apanhar beatas documentais do chão.

Foi de resto por isto mesmo, na intenção de suprir tais e tão prementes necessidades, coisa que aliás já se vai tornando numa questão de saúde pública, que surgiu a secção [O AO90 em números] aqui no Apartado.

Nessa secção pode qualquer pessoa — mesmo que só tenha passado no exame da antiga 4.ª Classe — obter todas as respostas a quaisquer perguntas de ordem técnica, logo, gramatical, sobre o #AO90. Obter números (exactos, para variar), totais ou parciais, segundo o critério ou os critérios que entender. Obter resultados parcelares, condicionados ou não, combinados ou não. Obter (e imprimir ou guardar) pesquisas — específicas ou genéricas — consoante os “filtros” aplicados.

E pode ainda, por fim, conferir qualquer listinha manual, das muitas que circulam pelos media e pelas redes, a ver qual delas ou se alguma delas está completa (não, nenhuma, lamento, mas faça o obséquio, é só ir ver).

Esta gravação foi aqui publicada, em 27 de Março de 2019, na página Seleccionar

Continue reading “Na lista negra”