Ligar os pontos

Já o tinha dito, até por mais do que uma vez, mas como na última a expressão estava em Inglês pode ser que alguém não tenha percebido.

Além disso, a figura do burro era demasiadamente fácil. Talvez tratando-se desta outra figura, com algo de mítico e outro tanto de místico, não seja assim tão infantil (e lúdico) ligar os pontos para que por fim se veja o que lá está.

Realmente, mas que mistério encanitante, o que será aquilo? Se já não é um jumento, ora vejamos, será porventura um cavalo? Bem, mas nota-se ali, na fronte do animal, uma coisa pontiaguda que os equídeos não têm ou, pelo menos, se têm, isso deve ser muito raro.

Como? Perdão? Como disse? Ah, um unicórnio! Pois, olha que bem visto, deve ser isso mesmo! E se, ainda por cima, tem aquele bico na cabeça, não haveria outro motivo para tal apêndice, não sobejam de facto muitas outras hipóteses, há-de ser um unicórnio. Custou a descobrir mas pronto, lá se conseguiu.

Bicho que aliás pode comportar dois sentidos, o mais corriqueiro, por assim dizer, o de criatura lendária que simboliza a pureza, a graciosidade, enquanto que na outra acepção, a que para o efeito interessa, a ideia de unicórnio que remete para os empreendimentos ligados à economia, ao lucro, ou seja, as chamadas “startup“, empresas de alguma forma inovadoras que surgem de repente, fruto de uma ideia — por vezes profundamente estúpida, outras não tanto assim.

O #AO90 foi a tal ideia com tanto de inovadora como de estúpida mas, complementada com uma outra ideia ainda mais imbecil (a CPLB) e com os passos associados que se lhe seguiram, pelo menos a avaliar por aquilo a que agora vamos assistindo, estamos aparentemente perante uma startup de sucesso… até ver.

Se ainda não percebeu, se acha que os cascos, o focinho e mais as crinas, tudo isso não indicia — sem margem para dúvidas — que se trata de um unicórnio, qual é essa bela besta que aparece na figura, concretamente, então experimente completar o exercício. Ligue os pontos. São só 10, que diabo!

Vá lá, coragem, atreva-se. Até uma criança consegue.

1. cronologia
2. Operação coração

4. Lusofobia

5. Os assimilados do 28.º

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«Requiem pela Língua Portuguesa» [por Francisco João da Silva]

Requiem pela Língua Portuguesa

Ao CAVALO DE TRÓIA (1) que é o “acordo” ortográfico (1ª tentativa em 1986 e a 2ª em 1990) seguiu-se (2) em 2000 o chamado TRATADO de AMIZADE entre PORTUGAL e o BRASIL, dois actos eminentes políticos implementados concomitantemente (3) com o REPOVOAMENTO POPULACIONAL de Portugal, eufemisticamente chamado “CRÉDITO MIGRATÓRIO”!

Continuar a lutar e a bater unicamente na tecla “vertente linguística” não levou até hoje a nenhum resultado tangível, desde 1990 até 2023, isto é, há já 33 anos!

Versão condensada publicada no blogue Apartado 53
Versão completa disponível nesta hiperligação:
https://docs.google.com/document/d/1U4QIc1YZONehtN1m_jRf7zGMV4ERowRpx7C8PtnsjD4/edit

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A estratégia das castas políticas, misturada de trafulhices no que respeita às datas dos respectivos instrumentos de ratificação do Tratado Internacional AO-1990 enviados ao país depositário, ainda não foi bem compreendida por muitos portugueses incluindo aqueles que lutam pela RESTAURAÇÃO da LÍNGUA PORTUGUESA em Portugal! Só depois dessa estratégia política ter sido bem assimilada e estar perfeitamente clara para todos os portugueses é que os três pontos acima referidos, serão apreendidos pelo que são na realidade: são decisões políticas que estão relacionadas estreitamente entre elas e a única maneira de serem derrubadas é combatê-las doravante da mesma maneira que foram impostas: politicamente!

A casta política detém todas as alavancas do poder, ela apoderou-se do aparelho de Estado há já muito tempo e o regime consequentemente instaurado é claramente também o de uma ditadura ortográfica. O regime dispõe até da sua própria língua, um dialecto estatal , uma “novlíngua” orweliana, que lhe é própria e é, apenas praticada em Portugal, é o tal “acordo “ortográfico AO-1990! A sua revogação só pode ser feita, evoluindo da luta linguística contra o acordês, para outras formas de luta política, complementando-as com acções judiciais.

Esses três elementos principais são os que constituem a Agenda Oculta a ser implementada pelas duas castas políticas cúmplices, dos dois lados do Atlântico, cujo objectivo a médio prazo é o de eliminar a LÍNGUA PORTUGUESA internacionalmente (já actualmente com algum sucesso, linguística e culturalmente falando) para que possa ser substituída pela sua variante brasileira (a futura língua brasileira). Para evidenciar o que precede, citarei José Manuel Diogo, Director da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira que afirma públicamente numa entrevista no dia 8 de Fevereiro de 2023, à Folha de São Paulo «(Brasil) que o “ Português do Brasil “ é verdadeiramente uma língua oficial de Portugal “, o que dispensa qualquer comentário.

Mais pormenores nestas hiperligações :

https://zap.aeiou.pt/portugues-brasil-lingua-oficial-portugal-521192

https://apartado53.com/2023/02/18/connect-the-dots/

https://apartado53.com/2023/02/17/que-lhes-faca-bom-proveito/

Segue mais abaixo outra prova sobre a eliminação em curso da LÍNGUA PORTUGUESA substituída a nível internacional pela sua variante brasileira. Há inúmeros exemplos destes. Até a Bandeira Nacional de Portugal foi substituída pela do Brasil. O mesmo NÃO sucedeu com a Bandeira da Espanha. Comprovem aqui: https://www.stopworldcontrol.com/?inf_contact_key=b8e264d08599f0daecad25d1009d5f06d18a532c4142cb79caf2b269de1401fa

O vídeo é igualmente falado na variante brasileira do português, assim como a redacção do texto, comprovem aqui: https://stopworldcontrol.com/pt-br/dellasuno/

Na versão completa deste artigo, que estão agora a consultar podem inteirar-se de como as duas castas políticas cúmplices estão a tentar transformar ( já com algum sucesso, linguística e culturalmente falando) a NAÇÃO PORTUGUESA, com quase 1.000 anos de existência, no 28º Estado da República Federativa do Brasil!

Uma das formas, dito melhor, um dos mecanismos políticos muito bem encapotado é o tal Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República Portuguesa e a República Federativa do Brasil”, igualmente conhecido pelo nome de “Estatuto de Igualdade, ou de Amizade“ e que revoga o de 1972.

Uma outra dessas formas, efectuada de maneira bem disfarçada é o REPOVOAMENTO de Portugal através de uma substituição populacional, ou seja uma “COLONIZAÇÃO INVERTIDA” sobre a qual até já se fala subtilmente em público, como se pode constatar neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=UgySUABfWmU e aqui igualmente.

A terminologia usada pela união dita “europeia” como já referido acima, é uma horrorosa metáfora quando se fala de “CRÉDITO MIGRATÓRIO”, que é igualmente uma política mundialista. Na versão completa deste meu artigo, faço apenas duas perguntas.

A primeira pergunta que ocorre é: como é que foi possível que o Tratado, assinado em 2000, ou seja há mais de 22 anos seja tão pouco conhecido dos portugueses, pouco ou nada citado pela Imprensa (que eu saiba) e que eu, como decerto milhares ou mesmo milhões de portugueses, nunca ouvimos falar desse tal Tratado, com imensas implicações e consequências que estão muito longe de serem boas ou favoráveis para Portugal?

A segunda pergunta deriva da constatação de uma discriminação feroz, primeiramente de Portugal (leia-se do regime actual) que, cobardemente (será?) aceitou vergar-se aos interesses do Brasil, agindo consequentemente contra os outros 6 (seis) países membros da CPLP, que aparentemente não reagiram (tanto quanto eu saiba).

O silêncio destes países é, portanto, ensurdecedor! E porquê? O que é que isto esconde ou significa? Não será a continuação da lenta agonia da Matriz da Língua Portuguesa?

Convida-se, portanto, o Povo Português a enviar os seus pêsames e participar no já longo VELÓRIO em BELÉM. A IRONIA nem sempre faz sorrir, por vezes é triste.

As castas políticas são apátridas, por definição. Quando a maioria dos portugueses compreender isso já será demasiado tarde, mas nem tudo estará perdido. A liberdade, a justiça, a resistência fazem parte da dignidade humana e jamais foram vencidas definitivamente. Quanto à substituição da LÍNGUA PORTUGUESA pela sua variante brasileira, é-me difícil continuar a ser optimista, se a hipnose colectiva do Povo Português não for também eliminada!

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Artigo da autoria de Francisco João DA SILVA, Membro Fundador do Movimento em Prol da Língua Portuguesa (MPLP).

Contacto : restauracaolingua.portuguesa2011@yahoo.com

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Versão completa disponível nesta hiperligação:

https://docs.google.com/document/d/1U4QIc1YZONehtN1m_jRf7zGMV4ERowRpx7C8PtnsjD4/edit



A transcrição deste texto, remetido por e-mail pelo autor, reproduz exacta e integralmente o original, incluindo imagem, pontuação, destaques a “bold”, realces em maiúsculas, sublinhados e links.

“Igualdade” e #AO90 em imagens

A imagem acima mostra apenas um dos muitos conteúdos já aqui publicados (1, 2, 3, 4, 5) ilustrando o conceito de lusofobia, um tipo de patologia que afecta exclusiva, obssessiva e raivosamente os brasileiros.

A multiplicação exponencial daquilo que se designa como “redes sociais” — mês sim, mês sim, aparece uma nova –, acaba por não apenas dispersar as atenções mas também por tornar quase impossível que se acompanhe seja que assunto for… a não ser, e há muito disso, para quem não faz absolutamente mais nada na vida.

O que ainda é possível ao menos tentar é coligir com um módico de coerência alguma informação, seleccionando algo dessas “redes” segundo determinado critério. Ora, além dos conteúdos provindos do Twitter, do Facebook e do YouTube aqui anteriormente reproduzidos, convirá talvez diversificar um pouco e incluir na selecção uma outra das redes (anti) sociais não tão “antigas” como aquelas. No caso, o Instagram. O qual, não por acaso — evitemos adentrar os sinistros meandros da psiquiatria –, está agora na berra… literalmente.

[Click nas imagens para aceder aos vídeos no Instagram
ou directamente AQUI para este mesmo “post” em cedilha.net, com todos os elementos disponíveis.]

O primeiro “clip” serve apenas como intróito, de resto relativamente inócuo, para uma voltinha pelas maravilhas que os imigrantes brasileiros dizem encontrar na “terrinha”, por um lado, e para os horrores que nela acham, por outro.

Este até é um dos mais virados para o quase panegírico, quase elogioso, quase publicitário. Poucas agências de viagens fariam melhor. Aliás, quem isto vir, lá pelas berças do sertão ou nos condomínios dos arredores da cidade maravilhosa, por exemplo, ficará certamente com a impressão de que imigrar para a província portucalense (incluindo a “capitau” lusa) é ainda “mais mió” do que “tudibom”. Em suma: uma qualquer “influencer” apresenta Portugal em forma de excursão turística, entre o pastel de nata e os “vinhos bons e baratos”, além das colinas de Lisboa, cheias de escadas, essa tremenda maçada, e dos “prédios sem elevador”.

Não podia, evidentemente, faltar a menção ao tal ouro que todos os brasileiros dizem que nós fomos “roubar” lá, na terra deles. Esta rapsódia do ouro que os malvados portugueses foram ao Brasil “roubá dêliss” é uma espécie de ritual retórico; com aquela “turma”, nunca falta, nunca falha.

Neste vídeo, a já muito batida rapsódia da cidadania portuguesa — ou seja, do passaporte português que equivale a cidadania europeia — o verdadeiro motivo que esconde o recente amor à “terrinha”.

Certamente por economia de esforço ou, melhor dizendo, para abreviar a chatice, porque levar com o paleio de uma advogada aborrece a ouvidos mais habituados ao batuque, o som da gravação parece ter sido acelerado em estúdio.

Garante a causídica (desculpa lá, ó Priberam, diz que “agora é assim”) que «cidadania é o termo errado»; deve-se dizer «nacionalidade». E esclarece, aliás brilhantemente, devo dizer, que «B.I. era o antigo nome do cartão de cidadão» e ainda, que deste constam o número (do cartão, logo, «da identidade»), o NIF, o NISS e o «número de utente».

Acrescenta uma coisa que, juro, eu cá não sabia: parece que em Portugal é possível ter «o cartão de cidadão sem ter nacionalidade». No caso de «ser brasileiro e ter no mínimo, seis meses de autorização de residência.»

O que, à luz das últimas novidades, já estará ultrapassado, digo eu. Agora é tudo instantâneo, como a mousse au chocolat. Ou o “suco“, vá.

Este fulano, além de “influencer”, é também “opinion maker”. E deve ter um nada desprezível número de “followers” não apenas no Instagram mas também no YouTube e, se calhar, noutras redes (“social media”).

[Lamento. Infelizmente para os puristas anti-estrangeirismos, mai-las suas barbaridades, não existe qualquer equivalente em Português para a maioria dos termos em Inglês na Internet. Os brasileiros, esses heróicos puristas da língua brasileira, esses é que “traduzem” tudo. E daí, não lamento nada.]

Diz o dito fulano do vídeo, entre outras verdades inconvenientes, por exemplo, que Portugal poderia ser um grande país mas o «Governo português não faz porra nenhuma»…

«Infelizmente, Portugal não faz uma selecção de pessoas para poder vir para cá.» «É um país que abre as pernas p’ra todo o mundo; chega todo o tipo de delinquente. Deveria ter um filtro. É incrível a gente ver Portugal, com o potencial que tem, não ser uma referência na Europa.»

E vai por aí fora. Seria interessante ouvir um emigrante português dizer algo parecido lá. Bem, quanto a criminalidade é que pouco ou nada teria para dizer…

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Pedro Álvares, o grandessíssimo cabral

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[gráfico de: “Our World in Data“]

Se, por acaso e por algum motivo, alguém precisar de ilustrar ou demonstrar o conceito de vitimização como arma política (1, 2, 3), o artigo transcrito em baixo serve na perfeição para o efeito. De teor semelhante há imenso material por aí, aliás, em tudo quanto é pasquim de propaganda ou canal de TV idem, não só textos como também discursos e outros tipos de perdigotagem, todos eles seguindo sempre o mesmo guião de imenso, pretensamente comovente coitadismo militante: a “mensagem” consiste basicamente em “demonstrar” que ainda hoje, e desde 22 de Abril do ano da graça de 1500, o português é o único culpado por tudo aquilo que de mau, péssimo ou horrível sucede no Brasil. Pior ainda, o maldito “colonizador” de bigode, padeiro e burro todos os dias não apenas é culpado pela “colonização”, isto é, por brutalmente ter desvirginado o paraíso onde “os brasileiros” viviam celestialmente, como é também culpado, o “portuga”, por tudo (e mais alguma coisa) que de péssimo ali se passou mesmo após a independência do país (1822): foi e é por culpa do “portuga” a ditadura militar (1964-1985), a destruição da floresta amazónica, o bolsonarismo “fascizante” para a esquerda e o lulismo “comunistóide” para a direita, os golpes avulsos e as golpadas sortidas, as favelas miseráveis, a pobreza esmagadora, a ignorância endémica, o regime dos “córóné” nos lugarejos e o dos gangs nas cidades. Em resumo: nós, portugueses, pela simples razão de o sermos, fomos, somos e seremos até ao fim dos tempos os responsáveis por tudo aquilo que os brasileiros não sabem, não podem e não querem fazer, como seja, por exemplo, começar por enfrentar os seus próprios problemas; já resolvê-los, a esses mesmos problemas, bem, se calhar isso será pretensão em demasia, mas haja esperança, pode ser que um dia, algures no futuro, ou se lhes cure a obsessão ou a nós toque, por milagre, deixarmos de ser uma manada de 10 milhões de bodes expiatórios.De tão bizarro statu quo de queixinhas pela «herança do colonialismo português» é exemplo este artigo do caderno “P3”, se bem que, no caso, se refira “apenas” a um dos diversos tipos de criminalidade em que o Brasil é uma das grandes potências mundiais: os «crimes decorrentes de racismo religioso».

Porém, evidentemente, não existe em todo o imenso “país-continente” uma única alminha a quem possa ser assacada qualquer responsabilidade em qualquer desses crimes. Nada de nada. São todos uns anjinhos inocentes, até porque os “culpados” são, como sempre, mais uma vez, os tugas; pela mui transparente razão de que «o processo de colonização, que teve por base a conversão forçada dos colonizados ao cristianismo, esteve assente e foi fomentado “pelo racismo e pelo preconceito”». O que, pois então não se está mesmo a ver, fundamenta-se nesta coisa evidentérrima: «toda a causa do racismo, seja de pele mesmo ou religioso, tem origem no processo colonial»

O tema pretensamente religioso não passa de pretexto, evidentemente, de tal forma claro é o viés político do arrazoado. Daí as referências sistemáticas à situação político-partidária brasileira, buscando estabelecer uma relação directa entre os conflitos de grupos de crentes de determinado rito e grupos de crentes em determinada retórica; ou seja, o «número de ataques sofridos pelos crentes no seio de uma sociedade fortemente polarizada, em que a religião é não raramente utilizada como arma política».

Como não poderia deixar de ser, os ditos ataques resultam do pecado original, que é evidentemente (e exclusivamente) português: «a raiz da intolerância religiosa que afecta as religiões afro-brasileiras “há 500 anos” tem origem na colonização do Brasil por Portugal» e o demónio português é culpado pela intolerância, pela violência, pelo preconceito, visto que foi ele, o mafarrico tuga, quem foi perturbar a Pax Brasiliensis com «africanos escravizados durante o período da colonização portuguesa», de que resultaram imensos «ataques de intolerância», “derivado ao” «preconceito da sociedade». “Conclusão”: «São cinco séculos dessa perseguição».

E esse “derivado ao” implicou uma série de aborrecimentos nada agradáveis: «São frequentes os casos de intimidação, de destruição de propriedade e os ataques à integridade física». Dos quais alguns casos realmente sérios: «ataques violentos perpetrados por crentes de facções radicais cristãs».

Portanto, foi Portugal que transformou o Brasil num dos países mais violentos do mundo e toda aquela violência jamais teria existido se porventura o Pedro Álvares, esse grandessíssimo cabral, não tivesse mandado largar ferro numa enseada qualquer ao largo daquilo que deveria masé ser a Índia mas que afinal não era, olha, que chatice, se calhar foi engano.

O colonialismo português ainda “persegue” as religiões afro-brasileiras | Colonialismo

“A raiz da intolerância religiosa que afecta as religiões afro-brasileiras há 500 anos tem origem na colonização do Brasil”, diz o fotógrafo Gui Christ. M’Kumba retrata quem ainda resiste à opressão.

A que se associa, em Portugal, a palavra “macumba”? Embora a Infopédia a cole, primeiramente, à designação genérica dos cultos religiosos afro-brasileiros, uma terceira entrada, essa de sentido lato, associa o termo a “magia negra”, “feitiçaria”, “feitiço”. Este facto não é um pormenor e ganha um maior peso no Brasil, onde 2% da população se assume praticante de religiões de matriz africana – percentagem que corresponde a cerca de 4,2 milhões de pessoas.

Por detrás da simples definição da palavra “macumba” há uma série de camadas que toca os fenómenos da violência associada à intolerância religiosa e ao crescimento das facções mais radicais do cristianismo no Brasil – sem deixar de fora a herança cultural do colonialismo português, de cariz profundamente católico.

[fotografia]

[legenda da foto] A sacerdotisa umbandistaSidnéia, do templo Nossa Senhora do Livramento, realiza um ritual de limpeza numa jovem que perdeu a sua mãe para a covid-19. Para a religiosa, o equilíbrio mental é fundamental para a vida das pessoas – e esse pode ser afectado pelos crimes decorrentes de racismo religioso.

O projecto M’Kumba, que o fotógrafo brasileiro Gui Christ vem desenvolvendo desde 2020 para a revistaNationalGeographic, e que continua em curso, foca-se nas práticas religiosas de matriz africana no Brasil, dando a conhecer os elementos humanos e ritualísticos que as compõem e chamando a atenção para o crescente número de ataques sofridos pelos crentes no seio de uma sociedade fortemente polarizada, em que a religião é não raramente utilizada como arma política.

“Aqui, no Brasil, as religiões de matriz africana são chamadas ‘macumba’”, explica o brasileiro, em entrevista ao P3, por videoconferência, a partir de São Paulo. “É um termo muito pejorativo. É o equivalente a dizer ‘magia negra’.” A palavra “kumba“, em quicombo, uma das línguas faladas na região centro-africana, significa “curandeiro”, “homem sábio”, “senhor da palavra”, elucida Christ; o “M”, por sua vez, refere-se ao colectivo. Assim, o significado literal de “macumba” estará próximo de colectivo de curandeiros, de homens sábios ou de senhores da palavra.

Os ataques aos terreiros

Nas imagens de Christ surgem sacerdotes e crentes que “fazem oferendas a divindades afro-brasileiras”, sumariza. “Fotografei pessoas das novas gerações que sentem orgulho na sua religiosidade, realizando os seus rituais.” Os trajes e os objectos representados remetem para tributos aos vários ‘deuses yorubás’, como o orixá dos mares Yemanjá ou o senhor das chagas Obaluae, entre outras. ‘M’kumba’ é um trabalho onde revelo quem são os actuais kumba.”

As pessoas que praticam estas religiões, levadas para o Brasil por africanos escravizados durante o período da colonização portuguesa, têm sido alvo de ataques violentos, sobretudo nos últimos três anos. De acordo com o relatório do Disque 100, serviço de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações de direitos humanos que pertence ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Brasil, as situações de intolerância religiosa têm vindo a aumentar – entre 2019 e 2021, o número de casos mais do que duplicou no país, afectando, sobretudo, os praticantes de religiões de matriz africana. Em 2021, no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde se concentra o maior número de denúncias, foram os praticantes dessas religiões os mais afectados por episódios de intolerância.

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Cândido, Pangloss, Voltaire (e vice-versa)

Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011

Determina a aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no sistema educativo no ano lectivo de 2011-2012 e, a partir de 1 de Janeiro de 2012, ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Governo, bem como à publicação do Diário da República

O Acordo do Segundo Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 35/2008 e ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 52/2008, ambos de 29 de Julho, determinou uma nova forma de entrada em vigor do Acordo Ortográfico com o depósito do terceiro instrumento de ratificação. Assim, e nos termos do Aviso n.º 255/2010, de 13 de Setembro, publicado no Diário da República, 1.ª série, de 17 de Setembro de 2010, o Acordo Ortográfico já se encontra em vigor na ordem jurídica interna desde 13 de Maio de 2009.

Pelo menos os maiores de 30 anos ainda devem recordar-se de Muhammad Saeed al-Sahhaf, o Ministro da Informação (ou seja, da Propaganda) de Saddam Hussein, garantindo firmemente que estava tudo em paz no Iraque, que não se passava nada no país e que nem havia nada de especial em Bagdad para ver, à excepção, talvez, dos minaretes e do palácio do Presidente. Enquanto aquele espantoso cromo falava, em directo, através das maiores cadeias televisivas do mundo, rebentavam mísseis por todo o lado, os disparos da artilharia americana eram claramente audíveis, os tanques de cavalaria cercavam já o dito palácio (Hussein mudou-se temporariamente para um colector de esgotos) e a própria infantaria dos “aliados” andava a bater todas as ruas — e a arrombar umas quantas portas — da capital iraquiana.

Salvas as devidas, enormes, gigantescas distâncias, aquelas imagens célebres fazem lembrar a atitude que vão adoptando algumas figurinhas da nossa praça dita “académica” (bem menor do que o número de peixeiras do mercado de Tikrit, aposto) que persistem na “garantia” de que também quanto à Língua Portuguesa “no pasa nada”; como no Iraque em 2003, também em Portugal de 2023 está tudo na mais santa paz, não há cá bombas nem blindados nem “acordos” leoninos, as nossas crianças — e a população em geral — não estão a ser sujeitos a lavagem cerebral nenhuma, o nosso património histórico intangível não está a ser metodicamente demolido, a nossa identidade enquanto povo, a nossa Cultura e a sua coluna vertebral, a Língua Portuguesa, não estão em pleno processo de extermínio nem nada. Estão lá agora, diz quem impinge peixe estragado e dizem os outros vendilhões. E tanto não se passa nada que até o AO90 não está em vigor, vejam lá!

Isto ele aplica-se ao caso a lapidar expressão de Pangloss porque, exceptuando apenas alguns mais “reaccionários” e “preconceituosos” e “xenófobos”, de resto tudo corre pelo melhor, a CPLB é uma maravilha, a língua univérsau uma ideia gêniau, a terrinha ainda há-de fazer parte de um império outra vez.

Quanto mais não seja para esses assim mais indefectíveis da “causa” imperialista, mas também para os “distraídos” e aqueles — a imensa maioria — que ou não querem saber de mais nada além de bola e tremoços ou não se atrevem a sequer soerguer uma sobrancelha, convirá portanto irem desde já arrumando seus trastes mentais e preparando o futuro: foram brasileiros (e alguns traidores portugueses) a impor o AO90, portanto agora serão igualmente brasileiros a mudar na língua brasileira — ou seja, ná tau língua univérsau — aquilo que lhes der na real gana e sempre que lhes apetecer.

Como esta jigajoga da “linguagem neutra” ou “inclusiva” ou lá como eles chamam àquilo. O que for doravante determinado pelo Brasil, por instituições brasileiras, pelo Governo brasileiro, passa automaticamente a valer em todos os estados, a começar pelo 28.º Estado. Eles dizem-no clara e expressamente, por exemplo no arrazoado seguidamente transcrito: «apenas a União pode alterar as regras da Língua Portuguesa».

Se foi assim com o AO90 e daí em diante, porque raio agora iria ser diferente?

Ordem do Cruzeiro do Sul

Editorial

Copo meio cheio e copo meio vazio

A decisão do STF, neste momento, não prejudica o debate sobre o tema, só define que apenas a União pode alterar as regras da Língua Portuguesa

 

Algumas notícias precisam ser lidas da forma como elas são, principalmente quando derivam de uma decisão judicial. Não se pode extrapolar o que diz a sentença para o mundo geral, para o dia a dia e nem se concluir que, se uma coisa não pode, a outra passa a ser liberada. É preciso se ater ao que foi escrito.

Um tema muito controverso na atualidade é o uso da linguagem neutra. O assunto gera debates acalorados nos mais diversos círculos da sociedade. Argumentos pró e contra surgem aos borbotões. E, no fundo, no fundo, quase sempre todos são justificáveis conforme o prisma que se olhe.

O assunto voltou com força à tona sexta sexta-feira (10), por conta de uma decisão tomada pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. No julgamento em questão, o STF derrubou uma lei de Rondônia que proibia o uso da chamada linguagem neutra nas escolas do Estado.

A ação em discussão partiu de uma iniciativa apresentada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee). A entidade contestou a lei de Rondônia, aprovada em 2021, que impedia a inclusão da linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições de ensino locais, públicas ou privadas; e em editais de concursos públicos.

Os 11 ministros da Corte declararam que a lei estadual fere a Constituição uma vez que cabe à União legislar sobre normas de ensino.

Segundo o relator do caso, ministro Luiz Edson Fachin, uma “norma estadual que, a pretexto de proteger os estudantes, proíbe modalidade de uso da língua portuguesa viola a competência legislativa da União”. “Cabe à União estabelecer regras minimamente homogêneas em todo território nacional”, escreveu o relator.

O voto de Fachin foi acompanhado na íntegra pelos ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, LuizFux e Gilmar Mendes.

Os ministros Nunes Marques e André Mendonça concordaram com o relator em relação à inconstitucionalidade da lei de Rondônia, mas apresentaram ressalvas quanto à tese a ser fixada pela Corte. No caso de André Mendonça, por exemplo, o ministro propôs uma redação mais genérica à sentença: “Norma estadual ou municipal que disponha sobre a língua portuguesa viola a competência legislativa da União”.

Essa decisão proferida pelos ministros do STF, não libera a implementação da linguagem neutra nas escolas. Só define que quem pode estabelecer mudanças no tema é a União. Se por um lado o STF derrubou a lei que proibia o uso da linguagem neutra, por outro também deixou claro que está proibido liberar o uso da linguagem neutra, sem que o MEC crie todo um projeto regulamentando o tema. Isso impede que Estados e municípios governados por quem defende a linguagem neutra se aventure a açodadamente introduzi-la no âmbito escolar.

Alterar a Língua Portuguesa não é uma tarefa fácil. Vai ser necessário muito estudo, avaliações de especialistas no Brasil e em outros países que também utilizam o português e o tema terá que ser debatido e aprovado pelo Congresso Nacional.

As regras da gramática normativa, aquela que aprendemos na escola, demoram a mudar. Primeiro os linguistas analisam as novidades na literatura e nos meios de comunicação. Só quando uma mudança significativa é notada e começa a se tornar corrente nos usos da língua é que são propostas as revisões. Esse processo pode levar anos até virar consenso entre os estudiosos e ir parar nos livros escolares.

Na ortografia, a mudança ocorre por força de lei e também são mudanças bastante raras. O Novo Acordo Ortográfico, que remodelou a Língua Portuguesa para todos os países lusófonos — aqueles que falam a Língua Portuguesa –, foi em 2009 e precedido de longos debates. Nesse caso específico, a intenção dos especialistas foi apenas de simplificar o português para que todos os povos tivessem a mesma escrita.

A decisão do STF, neste momento, não prejudica o debate sobre o tema, só define que apenas a União pode alterar as regras da Língua Portuguesa. Até lá, continuam valendo nas escolas, única e exclusivamente, as normas cultas perpetuadas há séculos por Camões, Fernando Pessoa, Drummond, Bilac e outros tantos que ajudaram a construir e propagar a nossa língua.

 

[Transcrição integral de artigo publicado no jornal “Cruzeiro do Sul” (Brasil) em 11 de Fevereiro de 2023. Destaques, sublinhados e “links” meus.
O jornal é brasileiro, o editorial também, portanto a
cacografia típica da escrita em língua brasileira
do original foi mantida
sem correcção automática.]

Texto completo transcrito no ‘post’ «Um contínuo elogio da loucura» [Maria do Carmo Vieira, 11.02.23]