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“Pequeno Dicionário Bilíngue Português-Brasileiro e Brasileiro-Português”

Eduardo Affonso

Como tenho alguns amigos d’além mar, há tempos venho pensando em organizar um “Pequeno Dicionário Bilíngue Português-Brasileiro e Brasileiro-Português”, para evitar ruídos na nossa comunicação.

É que eles pensam que falamos a língua deles, e volta e meia rola um mal-entendido.

Um jogador entrando em campo de camisola, aqui, seria um escândalo. Lá, ninguém dá a mínima. E não é que sejam mais liberais: em Portugal, camiseta se chama camisola.

Comecei a organizar os verbetes, e a obra será colaborativa.

Participe.

~

– BETÃO
Portugal: s.m. Concreto armado.
Brasil: s.m. Um Roberto de grande porte.

– BICA
Portugal: s.f. Cafezinho
Brasil: s.f. Cano ou calha por onde corre e cai a água.

– COXINHA
Portugal: s.f. Pessoa de baixa estatura que puxe de uma perna.
Brasil: s.f e m Fascista.

– DEMOCRACIA
Portugal: s.f. Governo em que um povo exerce a soberania.
Brasil: s.f. Regime político no qual eu é que mando.

ELEIÇÃO
Portugal: s.f. Escolha, pleito.
Brasil: s.f. Evento organizado a cada quatro anos para reconduzir a esquerda ao poder. Quando tal não acontece passa a ser denominada “Fraude”.

– FASCISTA
Portugal: s.m. Ultranacionalista, autoritário, simpatizante de um regime ditatorial que reprima a oposição pela força e mantenha firme controle da sociedade e da economia.
Brasil: s.m. Quem não vota na esquerda (ver “Coxinha”).

– FATO
Portugal: s.m. Terno.
Brasil: s.m. Algo que se nega até a morte, caso se disponha de uma boa versão, de uma narrativa e/ou de uma banca de advogados.

– FRAUDE
Portugal: s.f. Ato enganoso, ardiloso; falsificação.
Brasil: s.f. Eleição da qual presidiários não possam participar.

– GOLPE
Portugal: s.m. Choque de um corpo com outro, que resulta em impacto.
Brasil: s.m. Processo instaurado com base em denúncia de crime de responsabilidade contra alta autoridade dos poderes executivo ou judiciário, cuja sentença é da alçada do poder legislativo. Pronuncia-se “gópi”.

– GLOBO
Portugal: s.m. Qualquer coisa esférica.
Brasil: s.f. A culpada de tudo.

– LACRE
Portugal: s.m. Preparado resinoso para fechar ou selar cartas e determinados objetos, e que garante a inviolabilidade, por ser fluido, quando aquecido, e sólido, depois de esfriar-se.
Brasil: s.m. Arraso, bapho, cala-boca.

– LAVA-JATO
Portugal: s.m. Onde se lava automóvel.
Brasil: s.f. Onde se lava o país.

 

(…)

 

[Facebook, 31.10.18. Via Manuela Carneiro. Imagem de topo de http://www.linguabrasileirainverbo.com.br/]

Português correcto em Macau

CAPÍTULO I

Disposição geral

Artigo 1.º

(Línguas oficiais)

1. As línguas chinesa e portuguesa são as línguas oficiais de Macau.

2. As línguas oficiais têm igual dignidade e são ambas meio de expressão válido de quaisquer actos jurídicos.

3. O disposto nos números anteriores não prejudica a liberdade de escolha, por cada indivíduo, da sua própria língua e o direito de a utilizar na sua esfera pessoal e familiar, bem como de a aprender e ensinar.

4. A Administração deve promover o ensino das línguas oficiais, bem como a sua correcta utilização.

[http://bo.io.gov.mo/bo/i/99/50/declei101.asp]

 

Um Acordo, Dois Sistemas

TDM Canal Macau

«O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é uma realidade no território, apesar de não ter sido oficialmente aprovado. É utilizado há vários anos no ensino, mas não entra nos sectores da administração ou do governo.»

 

 

«Que fique escrito a fogo» [Manuel Monteiro, “Por Amor à Língua”]

«Um dos capítulos do livro, com o título “Malfadado Acordo”, é dedicado ao Acordo Ortográfico de 1990, com dezenas e dezenas de exemplos esclarecedores. Como é esclarecedora a posição do autor, expressa na pág. 189: “Que fique escrito a fogo: quem se opõe ao Acordo não deve aceitar uma revisão do mesmo. Não há polimento possível que retoque o que não tem ponta por onde se lhe pegue.” A afirmação não é gratuita, é sustentada numa pesquisa que lhe tomou muitos meses de trabalho, e onde deparou com “aberrações ortográficas” como cocomissário (“é mesmo assim com o acordo”). Tal como um co-réu se transforma em corréu ou um co-mandante em comandante.»

“Utilizamos poucas palavras. E sendo mais curto o léxico, também é mais curto o pensamento”

Manuel Monteiro, revisor e formador de revisores, lança um livro que é uma declaração de amor ao idioma. Por Amor à Língua é lançado esta quinta-feira, na Ler Devagar, às 18h30, com apresentação de Fernando Dacosta.

Nuno Pacheco
“Público”, 18 de Outubro de 2018

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O título não deixa dúvidas: Por Amor à Língua. E o subtítulo também não: Contra a linguagem que por aí circula. E essa é a das redundâncias, dos pleonasmos, dos muito utilizados lugares-comuns, dos estrangeirismos desnecessários, da pobreza vocabular. Manuel Matos Monteiro, que assina Manuel Monteiro, revisor linguístico e formador profissional de revisão de textos, com vários livros publicados nas áreas da literatura e da não-ficção, já escrevera em 2015 um Dicionário de Erros Frequentes da Língua (ed. Soregra), onde se explicava que não se deve escrever atazanar mas atenazar, cartapácio e não catrapázio, ovelha ronhosa e não ovelha ranhosa, em muitos exemplos, alinhados de A a Z. Por Amor à Língua, com chancela da Objectiva (grupo Penguin), já “não é só um repositório de erros”, como ele diz ao PÚBLICO. E “tem um valor menos normativo.”

O livro, que é lançado esta quinta-feira em Lisboa, na livraria Ler Devagar (LxFactory), às 18h30, com apresentação do jornalista e escritor Fernando Dacosta, é uma reflexão, com variadíssimos exemplos práticos, acerca de quão mal se escreve e fala quando se descuida o uso do idioma. E lê-se, logo na capa, que não se deve escrever protagonista principal (risque-se o principal) nem elo de ligação (se é elo já é de ligação, trata-se de pleonasmo) nem sentem-se nos vossos lugares, a construção errada (é sentai-vos nos vossos lugares) que vem de “vossos” ser pronome que se refere à segunda pessoa do plural e não à terceira, diz Manuel Monteiro. “Os brasileiros estão a recuperar o tu, mas dizem tu sabe, tu viu [como ele sabe, ele viu]; nós fazemos o mesmo, só que no plural: utilizamos pronomes da segunda pessoa do plural [vós/vos/convosco/vossos/vossas] com conjugações da terceira pessoa do plural sabem, viram [como eles sabem, eles viram].”

Isto ocorre porque “a maior parte das pessoas desconhece a conjugação dos verbos” mas também porque o ‘vós’ está a ser abolido, até mesmo em livros escolares. “Faço muito trabalho de revisão com uma editora virada para as escolas e, há poucos anos, comecei a ver uma coisa que na altura me espantou. Eles, nos livros, tinham eu, tu, ele, nós, eles, sem o vós. E já vi livros adoptados pelas escolas onde não está o vós.”

Piores dicionários

Outro exemplo de preguiça é o abuso da palavra líder: “Tudo líderes. E já nem é só nos cargos. O número um de vendas agora é o líder de vendas, nas sondagens é o líder das sondagens, na oposição é o líder da oposição.” Isto dever-se-á ao empobrecimento do vocabulário, também reflectido nos dicionários. “A qualidade dos dicionários actuais baixou, sobretudo na quantidade de palavras e de significados. Os mais antigos têm abonações literárias, têm considerações etimológicas e têm sugestões de como evitar galicismos ou anglicismos. E isso é uma coisa que já não encontramos nos actuais.” O que é mais grave nos dicionários digitais: “Aí já não se distingue as palavras portuguesas das estrangeiras, não há itálicos a assinalar. Às vezes até têm uma seta que remete para a ortografia estrangeira. Por exemplo, stresse, com e, é encaminhado para stress.”

Para Manuel Monteiro, “mais grave do que adoptar uma palavra estrangeira é adoptar uma construção estrangeira. Como o em termos de que vem do in terms of, ou o prévio a, que é o prior to inglês.” Isto é também agravado pela velocidade com que os dicionários digitais registam tais termos. “O Priberam, por exemplo, já tem realizar com o sentido do inglês [dar por, dar conta de, compreender]. As pessoas erram, eles validam e depois as pessoas vão aos dicionários legitimar o disparate. É um círculo vicioso.”

Acordo, nem revisto

Um dos capítulos do livro, com o título “Malfadado Acordo”, é dedicado ao Acordo Ortográfico de 1990, com dezenas e dezenas de exemplos esclarecedores. Como é esclarecedora a posição do autor, expressa na pág. 189: “Que fique escrito a fogo: quem se opõe ao Acordo não deve aceitar uma revisão do mesmo. Não há polimento possível que retoque o que não tem ponta por onde se lhe pegue.” A afirmação não é gratuita, é sustentada numa pesquisa que lhe tomou muitos meses de trabalho, e onde deparou com “aberrações ortográficas” como cocomissário (“é mesmo assim com o acordo”). Tal como um co-réu se transforma em corréu ou um co-mandante em comandante.

A par do Acordo (que o livro não aplica e contra o qual, fundadamente, se insurge), Manuel Monteiro é também reticente em relação ao real proveito das tecnologias. “Esta sociedade tecnológica tem muitas vantagens, mas da mesma forma que há muito mais informação disponível também há menos informação lida. A enciclopédia digital não tem o mesmo rigor da enciclopédia em papel, os dicionários digitais também não. Há tempos surgiu um estudo que me deixou muito curioso. Perguntava-se: ‘É verdade que com a internet as pessoas passaram a ter uma aceitação do ponto de vista dos outros e abalar as suas convicções políticas e de todo o género?’ E a conclusão era ‘não’. Porque as pessoas procuram as coisas que querem reforçar as suas crenças e não o contrário.”

[Transcrição integral de notícia do jornal “Público” de 18.10.18. Imagem de topo: convite da Editora Objectiva (recebido por e-mail).]

Nota: peço desculpa pelo atraso de 24 horas na publicação deste “post” mas a verdade é que tive de me certificar previamente de que não se tratava de mais uma fantochada acordista a fingir o contrário ou de mais uma passagem-de-modelos promovida pelos vaidosos do costume. Fica a divulgação do livro, que é o que importa, e não apenas a nota do seu lançamento.

Editora ObjectivaWook  –  FNAC

“O «acordo» que ninguém quer” [Viriato Teles, RTP, 12.10.18]

O «acordo» que ninguém quer

RTP, 12.10,18

Viriato Teles

 

O «acordo ortográfico» é como aqueles bêbedos chatos que aparecem sem ser convidados: entra, instala-se e não pára de incomodar; mas – por piedade, temor ou excesso de civilidade – ninguém se atreve a pô-lo na rua.

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Uma boa notícia chegou de Luanda, onde esta semana a Academia Angolana de Letras pediu formalmente ao governo de João Lourenço que não ratifique o AO. Se seguida a sugestão, como se espera, Angola dará um passo decisivo para reverter um «acordo» que, como sublinha a AAL, «trouxe mais problemas do que resolveu».

Com uma lucidez que não se tem revelado nas instituições de aquém-mar, os angolanos colocam o dedo na ferida: «Face aos constrangimentos identificados e ao facto de não ser possível a verificação científica dos postulados de todas as bases do AO, factor determinante para a garantia da sua utilização adequada, a AAL é desfavorável à ratificação por parte do Estado angolano.»

As razões apresentadas são as mesmas que, por cá, os vários grupos de resistência cívica ao «acordo» têm sublinhado, com destaque para o «número elevado de excepções à regra» (as absurdas «facultatividades») que «não concorre para a unificação da grafia do idioma, não facilita a alfabetização e nem converge para a sua promoção e difusão».

A melhor definição do AO ouvi-a ao humorista brasileiro Gregório Duvivier: «O acordo ortográfico é como a tomada de três pinos: criou uma solução para um problema que não havia

Só que o problema, que não havia antes, passou a existir depois.

A confusão instalou-se, alastrou à semântica e à sintaxe, e na formulação escrita da língua portuguesa passou a vigorar a regra do «faz-como-te-der-jeito» – aliás uma constante em documentos oficiais, a começar pelo Diário da República, onde diariamente coincidem na mesma frase as ortografias de antes e de depois do «acordo», e às vezes até outras, inventadas ou induzidas pelo caos em volta.

A verdade é que, tirando Malaca Casteleiro e os seus prosélitos, é quase impossível encontrar defensores do «acordo». Porque é comprovadamente mau e ninguém gosta dele, nem sequer os que, por funções de Estado, se sentem no dever de o aplicar. Só tem faltado quem tenha a coragem de dar o primeiro passo para lhe pôr fim.

É um assunto incómodo para o governo, mesmo se, nele, o vate que ministra na Cultura assobia para o lado porque tanto se lhe dá escrever assim como assado. Felizmente o mesmo não pensa o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que até faz parte do grupo de Professores Contra o Acordo Ortográfico, no Facebook. Não chega, mas é um bom princípio.

Mas este é também um tema desconfortável para a oposição. Afinal, o «acordo» foi impulsionado politicamente, em Portugal, por duas das mais labruscas figuras que geriram o país e a cultura dele (Cavaco e Santana, sim, é bom lembrar) e atravessou a inércia dos sucessivos governos desde então. No parlamento, apenas o PCP levantou reservas e recentemente propôs a reversão. Os demais, à direita e à esquerda, continuam a preferir varrer a areia para debaixo do tapete.

Talvez o impulso da Academia Angolana de Letras ajude Portugal a, de uma vez por todas, encarar a questão de frente, colocando-lhe o ponto final que merece. Querem fazer um acordo? Pois então comecem por concordar em acabar com este, que não tem ponta por onde se lhe pegue.

(Em jeito de nota de rodapé, esclareça-se que a tomada de três pinos referida no texto foi adoptada como norma no Brasil, poucos anos atrás, como parte de um «plano de segurança» da rede eléctrica nacional. Um plano que, tal como o AO, se revelou inútil – porém muito lucrativo para a indústria de material eléctrico, e particularmente para a multinacional que esteve na origem da criação deste suposto «sistema de segurança». Que não é eficaz e mais ninguém usa, mas potencialmente obrigou à substituição de tomadas em 60 milhões de casas em todo o Brasil, operação que terá movimentado para cima de 1400 milhões de reais, algo como 325 milhões de euros. Qualquer semelhança com os negócios que o AO gerou é, naturalmente, mera coincidência.)

[Transcrição integral de artigo publicado no “site” da RTP, em 12.10,18, da autoria de Viriato Teles. Inseri “links”.]

[Imagem de topo: publicada em 18.05.15 no “mural” Facebook de Dora Leitão Xarepe. o “meme” original deste tipo de desenhos (“All The Things“) surgiu em 2010 e foi adoptado no Brasil com a designação “Quem Somos/O Que Queremos/Quando Queremos”. (Breve “história” aqui.]

O preço certo

Muito se tem falado, umas vezes a pretexto do AO90 propriamente dito e outras tantas em divertidas tertúlias sobre a “lusofonia” ou a “CPLP”, de uma coisa hermética a que alguns chamam, com um piscar de olho espertíssimo e entendido,  “valor económico da língua”. Atrelam por regra esses tais excursionistas, sempre os mesmos, o dito “valor económico“, a um outro fenómeno que igualmente ninguém faz a menor ideia do que diabo vem a ser: a “promoção e expansão da língua portuguesa no mundo”.

Tudo coisas fantásticas, só grandiloquências. Expressões tonitroantes sem o mais ínfimo significado, pois claro, como convém a políticos para verbalmente comporem seus ramalhetes de absolutas vacuidades, mas contendo a dose exacta de palavreado esmagador que chegue para impressionar pategos, intimidar ignorantes, emudecer totós.

No entanto, apesar de algumas especulações avulsas — oscilando, com impecável rigor algébrico, entre os “muitos milhões” e os “muitíssimos milhões” –, jamais ocorreu fosse a quem fosse quantificar com uma exactidão “aproximada” o tal “valor económico da língua”.

Até agora. “Nosso” Ministro dos Negócios estrangeiros acaba de atrever-se, efectivamente, a determinar esse valor apondo nela, com a chancela do Estado, a etiqueta com o preço (isto é, o “valor”) da Língua Portuguesa. E não faz a coisa por menos: «30 mil milhões de euros». Os 30 mil milhões não são o preço de venda por grosso ou a retalho, nada disso, trata-se do valor anual que o ou os “clientes” (ou seja, quem a quiser tomar de aluguer) pagará por cada ano (ou fracção, presumo) do respectivo usufruto, correspondente posse e inerente detenção em regime de propriedade global.

É espantoso, de facto. Vivemos num “maravilhoso mundo novo”, em que toda a gente sabe o preço de tudo mas ninguém sabe o valor de nada, sobrevivemos numa espécie de condomínio pessimamente frequentado cujo lema é “salve-se quem puder” e vamos todos caminhando a cadência certa para uma morte extremamente saudável.

Neste matagal caótico alagado pelo pântano da loucura geral, surgem por vezes, como se fossem orquídeas ideológicas vicejando num charco infecto, alimentando-se de matéria em decomposição, umas quantas ervas daninhas com pétalas coloridas e um cheiro pestilento para atrair alguma incauta varejeira.

Vemos, ouvimos e lemos. Mas não podemos acreditar.

Aí está o preço certo. “Espetáculo”.

Augusto Santos Silva diz que língua portuguesa vale 30 mil milhões de euros por ano

“Observador”, 9/10/2018

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que a língua portuguesa “é das pessoas, depois da cultura, especificamente da literatura, e só depois é uma língua económica”.

TIAGO PETINGA/LUSA – Autor
Agência Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, destacou esta terça-feira que a língua portuguesa representa, como “matéria para a actividade económica”, quase 17% do Produto Interno Bruto de Portugal, o equivalente a 30 mil milhões de euros por ano.

“A língua portuguesa é também de trabalho, é um valor económico de nós todos”, disse o governante, na inauguração da exposição itinerante “A Língua Portuguesa em Nós”, no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia (MAAT), no edifício Central Tejo, com a presença do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira.

Augusto Santos Silva lembrou que um estudo estimou “um conjunto de actividade económicas cuja matéria prima é o português, que vai desde as artes literárias performativas até à indústria do cinema, da edição didáctica e pedagógica até ao mundo da televisão ao audiovisual”. O ministro referiu que “a estimativa de todos estas actividades” em Portugal levam a “um número próximo de 17% do PIB, o que quer dizer que, a preços actuais, a língua, matéria para actividade económica, vale por ano pelo menos 30 mil milhões de euros”.

Porém, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, que aludiu à importância afirmou que a língua portuguesa “é das pessoas, depois da cultura, especificamente da literatura, e só depois é uma língua económica”. O ministro dos Negócios Estrangeiros acentuou também que “é uma língua de afirmação internacional e de comunicação internacional e é esta flexibilidade e polivalência que faz a sua força”.

“Se Fernando Pessoa pôde dizer que a língua portuguesa era a sua pátria e se Vergílio Ferreira pôde dizer que da língua portuguesa se via o mar, acho que nós todos – os portugueses, os brasileiros, os angolanos, os guineenses, os são-tomenses, os moçambicanos, os cabo-verdianos e os timorenses – podemos todos dizer que da língua portuguesa, que é a nossa língua comum, se vê hoje o futuro”, disse.

O ministro dos Negócios Externos do Brasil, Aloysio Nunes Ferreira, declarou que a língua portuguesa tem “relevância política e diplomática” na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP. O membro do Governo de Michel Temer notou a importância do idioma na CPLP para “estreitar os laços de cooperação, de comunicação e buscando a aproximação de posições que os países têm sobre as grandes questões do mundo”.

A exposição itinerante “A Língua Portuguesa em Nós”, criada pelo Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, no Brasil, exibe-se parte do acervo desta mostra apresentada na Flip – Festa Literária Internacional de Paraty, que percorreu países de África de língua portuguesa, como Cabo Verde, Angola e Moçambique.

A mostra faz um percurso pela presença da língua portuguesa no mundo, que representa actualmente cerca de 270 milhões de falantes nos cinco continentes, além de abordar o contacto com outros idiomas e a sua participação na formação cultural brasileira. Esta exposição no MAAT transitará, com carácter permanente, para a Cidade Literária de Óbidos.

Source: Augusto Santos Silva diz que língua portuguesa vale 30 mil milhões de euros por ano – Observador

[A desortografia  abrasileirada do original  foi automaticamente corrigida pela solução Firefox contra o AO90 através da extensão FoxReplace do “browser”.]