Hypocrisis

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós.

Mateus, 23:15

Liturgia: Conferência Episcopal Portuguesa aprova nova edição do Missal Romano, segundo novo acordo ortográfico

Textos vão ser utilizados em Portugal e noutros países lusófonos

Fátima, 14 Nov 2019 (Ecclesia) – A Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou hoje a aprovação da nova edição portuguesa do Missal Romano, seguindo o novo acordo ortográfico.

Os bispos manifestaram “profundo agradecimento” à Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, ao Secretariado Nacional de Liturgia e a todos os colaboradores que levaram a cabo um “longo e minucioso trabalho, tão relevante para a celebração da liturgia em Portugal e nos países lusófonos”.

Em declarações aos jornalistas, no final do encontro, D. Manuel Clemente, presidente da CEP, indicou que o texto é proposto “no melhor português” que foi possível encontrar,para ser mais fiel à edição original, que é a edição latina.

O texto original do Missal Romano apresenta, na fórmula de consagração eucarística, o texto ‘qui pro vobis et pro multis effundetur in remissionem peccatorum’; a expressão ‘pro multis’ tem sido traduzida como “por todos” em várias línguas, incluindo o português.

O cardeal-patriarca de Lisboa indicou que a nova tradução mantém a expressão “por todos”.

O Missal Romano é composto pelas seguintes partes: Documentos iniciais (Instrução Geral do Missal Romano e Normas Gerais sobre o Ano Litúrgico); Próprio do Tempo (Advento, Natal, Quaresma, Páscoa); Ordinário da Missa; Próprio dos Santos; Missas Comuns; Missas Rituais; Missas e orações para diversas necessidades; Missas Votivas; Missas dos defuntos; Apêndices.

A Assembleia Plenária da CEP assinalou ainda a celebração da Semana dos Seminários, sublinhando a necessidade de “formar discípulos missionários comprometidos com as comunidades concretas e reais do nosso tempo”.

“Os bispos aproveitam para enviar uma saudação fraterna a todos os seminaristas, suas famílias e comunidades, e agradecem o precioso trabalho dos formadores dos seminários”, pode ler-se no comunicado conclusivo.

OC

Source: Liturgia: Conferência Episcopal Portuguesa aprova nova edição do Missal Romano, segundo novo acordo ortográfico – Agência ECCLESIA


Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz, é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!

António Vieira, “Sermão de Santo António aos Peixes”

 

 

Que se saiba, não existe uma posição oficial da Igreja Católica (portuguesa) sobre o AO90.

Conjecturas à parte, no entanto, torna-se fácil deduzir — a julgar pelos sinais exteriores de riqueza, por assim dizer, em termos jurídico-policiais — que tão vetusto quanto esporadicamente respeitável colectivo se abriu todo (salvo seja)  aos “encantos” da “língua unificada” (vulgo, brasileiro).

Ao fim e ao cabo, que diabo terá “forçado” a cúpula da Igreja tuga a engolir alegremente o AO90, esse imenso manual de patranhas? O que terão visto os Bispos e demais xerifes de saias em tal calhamaço de mentiras? Não terão eles mesmos lido nos livros sacros, entre outros ensinamentos que até às criancinhas (mesmo as ateias) se ensina desde o berço, que mentir é não apenas muito feio como é também um grave pecado?

Bom, pelos vistos, não, os mitras não leram, não sabem, nunca ouviram sequer falar de tal coisa, e portanto, por exclusão de partes, a verdade é algo que não lhes diz nada ou que, pelo menos e mais prosaicamente ainda, pouco lhes importa, são tradicionalmente avessos a minudências.

Não confundamos, porém, as cúpulas com as bases ou os poucos que fazem da Igreja carreira com os muitos que seguem o carreiro da Igreja. Esta questão não tem nada a ver com religião mas tem tudo a ver com política; a respeitabilidade da fé de cada qual é intocável mas os actos indignos dos falsos e dissimulados são apenas isso mesmo, falsidade e dissimulação, desonestidade e mentira.

A verdade está neste caso à vista de toda a gente: há sotainas doiradas que em nada se distinguem de aventais impecavelmente brancos. A ganância é a mesma, como a mesma é a ambição desmedida, a cobiça selvagem embrulhada em todos os seus rituais mecânicos e paramentos sumptuosos.

Mentiras atrás de mentiras. Não adianta perguntar, como Pilatos, diz a lenda, “o que é a verdade”?

Para o céptico, a verdade é simplesmente o contrário da mentira.

Para o cínico, é por definição algo desagradável.

Para o homem comum, é o que é.

Ou, como sabemos desde João (8:32),

E conhecerão a verdade, e a verdade vos libertará“.

 

[Imagem: Coroa imperial de D. Pedro II do Brasil By Brazilian_Imperial_Crown.jpg: User:Limongiderivative work: CSvBibra (talk) – Brazilian_Imperial_Crown.jpg, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=9555672]

Assistente do Google no smartphone

Já vários órgãos de comunicação social referiram a novidade, com o senão de todos eles fingirem que a versão escrita não é a contaminada pela  execrável cacografia brasileira (AO90). Mas, de qualquer forma, é possível continuar a ter, à falta de interface em PT-PT, configuradas em simultâneo uma Língua geral (e normal, como o Inglês ou o Francês) para todos os serviços e o Português-padrão apenas para o “Assistente Google”.

Esta “inovação” vale, portanto, para o Português-padrão falado. Por escrito,  “a” assistente pode devolver resultados contaminados pela cacografia malaquenha.

Com uma agradável voz de uma simpática senhora, se bem que electrónica (não se pode ter tudo), este dispositivo virtual cobre inúmeros serviços úteis (busca geral, mapas/percursos, notícias, meteorologia, etc.) sempre num Português inteligível — que não arranha o ouvido, como sucedia até agora com a algaraviada carnavalesca do Brasil — e versando assuntos portugueses de âmbito local, regional ou nacional e já não impingindo-nos tralhas do II Império brasileiro.

E isto vem com um nada desprezível bónus político: o accionamento do serviço “Assistente Google” (os brasileiros que fiquem lá com a sua “assisstêntchi”) implica o reconhecimento oficial de que existem mesmo  duas versões de PT. e não apenas uma (a brasileira), como pretendiam Malaca e seus capangas.

Afinal a tal “língua universal”… piu.

Google Assistant is rolling out in Portuguese (Portugal)

It’s been more than two years since Google Assistant became available in the Brazilian localization of Portuguese, but speakers of the Portugal version (pt-PT) were left waiting. Google has been working on that for over a year, and it began testing it in a closed beta a few months ago, but it appears ready to make it public now.

Head over to your Assistant’s settings and look for the português (Portual) option. Or, if your device is already set to that locale and you didn’t have Assistant yet, try tapping and holding on the home button to see if it pops up. When it’s enabled, you can ask Assistant questions in your language, play music, and control some smart home devices.

 

Assistente do Google agora disponível no seu smartphone

quinta-feira, 14 de Novembro de 2019

Quem não gosta de ter uma ajuda extra para executar as tarefas do dia a dia? Pode ser para descobrir o melhor caminho para um compromisso, traduzir uma expressão noutro idioma, saber a previsão do tempo numa determinada cidade ou até mesmo para tirar uma selfie. Hoje, chega a Portugal o Assistente do Google, uma funcionalidade que permite ao utilizador ter uma conversa natural com o Google em português de Portugal.

O Assistente do Google é compatível com todos dispositivos Android com a versão Marshmallow ou superior e também com equipamentos iOS (basta descarregar a aplicação na App Store).

Com o Assistente do Google, o utilizador passa a ter um verdadeiro assistente pessoal à distância de um toque. Precisa de saber como se diz “Bom dia” em alemão ou encontrar uma pizzaria perto do local onde se encontra? Basta pedir ajuda ao Assistente do Google e terá todas as suas questões esclarecidas.

Portugal Blog

“We shall meet in the place where there is no darkness.”

A língua portuguesa tem um problema nas articulações. É melhor chamar o médico

A língua portuguesa tem mesmo um problema nas articulações. É melhor chamar o médico, que estes “peritos” (os do “acordo” de 1990) ainda a matam.

Nuno Pacheco
“Público”, 14.11.19

Há dias, a RTP exibiu um programa com este título: “Desacordo ortográfico”. Um debate? Um inquérito? Uma entrevista? Um prós e contras? Nada disso. Era um dos muitos episódios da série de ficção portuguesa Bem-vindos a Beirais (o 192, da 4.ª temporada, por sinal estreado em 2 de Novembro de 2015 e agora em reposição). E era mesmo de ortografia, entre outras coisas, que tratava o tal episódio. Resume-se assim: o senhor Agostinho, fervoroso adepto da independência de Beirais, resolve lançar um movimento para criar uma ortografia própria, o MOL (Movimento Ortografia Livre), com este princípio básico: já que as regras ortográficas são “uma manifestação do imperialismo português”, defenda-se uma “democratização da escrita”. E ele di-lo, em voz alta: “Sou um espírito livre, escrevo como quero e ninguém tem nada a ver com isso. Quando Beirais for independente, vai haver liberdade ortográfica. Cada um escreve como quer, basta que se perceba.” E há logo quem o defenda: “Isto é um movimento de modernidade, nós somos vanguardistas!” E a modernidade vinha logo no manifesto: “Precezamos de nus desvinculare da ditadura de um rejime opreçor.” Nas lojas começam a aparecer letreiros com nomes esquisitos (a “novidade” é acolhida fervorosamente por quem já dava erros e assim se livra da “vergonha”) e na escola a professora começa a alarmar-se, ao ler os trabalhos dos alunos: “Que erros são estes? Marina, tu não costumas dar erros. Nem tu, João. O que é que se está a passar?” A coisa depois não dá em nada. Há uma assembleia e a “modernidade” perde nas votações. Adeus, “liberdade” ortográfica, adeus “democratização da escrita”, adeus “cada um escreve como quer”. Ou não?

Esta história, que originalmente já tem uns quatro anos de existência, não anda longe de uma realidade que todos conhecemos. Basta ouvir com atenção o que disse, também na RTP, no episódio 33 do Voz do Cidadão, “programa do provedor do telespetador [sic]”, a professora universitária e consultora linguística Sandra Duarte Tavares, ao tentar explicar como funciona o Acordo Ortográfico de 1990. “A regra é muito simples”, disse ela. “Sempre que nós não pronunciamos as consoantes C e P, elas deixam de ser escritas.” Ora Sandra Duarte Tavares, que é também autora de livros como Falar Bem, Escrever Melhor e 500 Erros Mais Comuns da Língua Portuguesa, arranjou uma maneira bem original de explicar essa “regra muito simples”. Ouçamo-la: “Se há falantes que articulam as consoantes, então é possível escrever com as consoantes. Se há falantes que não articulam as consoantes, então é possível escrever sem as consoantes. É o caso, por exemplo, de telespetador. Por acaso, eu pronuncio o C, então eu devo escrever telespectador. Mas há falantes que não articulam essa consoante. Então, o novo acordo ortográfico permite que esses falantes escrevam sem a consoante.”

Este brilhante raciocínio, que torna a regra ainda mais “simples”, aplica-o ela, por exemplo a um país que se viu amputado de uma consoante, passando de Egipto a Egito: “Em relação ao nome do país Egito [na fala, ela omite o P], o novo acordo ortográfico previa a queda da consoante P. Mas uma vez que há falantes que articulam essa consoante, em princípio o nome desse país será incluído na lista da dupla grafia. Egito sem P e Egipto com P.” Afinal, o problema está nas articulações. Fulano articula, escreve; sicrano não articula, não escreve. Pois. Se ouvirmos todos os dias o que se diz na televisão, em palestras, discursos, intervenções avulsas, ouviremos “runiões” por reuniões (assim falou por estes dias, na TV, um porta-voz do PS), “tamos” por estamos, “óvio” por óbvio, “pogresso” por progresso, “competividade” por competitividade (e o programa eleitoral – ou será “pograma”? – da Aliança de Santana Lopes lá tinha, bem claro, no seu ponto 5: “Crescimento e Competividade” [sic]). Segundo a brilhante explicação de Sandra, podemos concluir que é um problema de articulações. Se alguém não articula o primeiro “r” de programa dirá “pograma”; e se assim o diz, porque não há-de escrever? Não é verdade que, se “há falantes que não articulam as consoantes, então é possível escrever sem as consoantes”?

Coragem, portugueses, avancem para a escrita a la carte, que ninguém vos apontará o dedo! Acabou-se a vergonha inerente à má escrita, porque agora é tudo boa escrita, não é verdade? Basta dizer: Ah, mas eu não articulo! Logo, não escrevo! E está perdoado. Pelo menos por Sandra. Não é verdade que ela escreve “telespectador” e não “telespetador”, como consta do programa onde a ouvimos? Claro como água. Mas atentem bem na explicação: “Por acaso, eu pronuncio o C, então eu devo escrever telespectador.” Ora se “por acaso” o vizinho, ou o primo ou o colega de Sandra não tiverem o hábito de articular o tal C lá estarão, todos eles, no célebre clube das espetadas. Na verdade, tudo isto é obra do “acaso”. É que, “por acaso”, a língua portuguesa tem mesmo um problema nas articulações. É melhor chamar o médico, senão estes “peritos” (os que inventaram o “acordo” de 1990, os que assim o “explicam” e os que lhe dão insana cobertura) ainda a matam.

Nuno Pacheco

[Transcrição integral de artigo da autoria de Nuno Pacheco. “Público”, 14.11.19.]

Nota: a reprodução deste texto, como sucede com todos os aqui transcritos, tem por finalidade única a constituição de acervo documental sobre tudo aquilo que, segundo critérios meus, interessa ou diz respeito ao chamado “acordo ortográfico”.

Teolinda Gersão: “por alma de quem?!” [entrevista]

Excerto da entrevista de Teolinda Gersão no programa “Entre Tantos” da TVI24 em 03.11.19. Este excerto abarca apenas a parte da entrevista em que o assunto é o AO90.

 

Obra

Sus novelas tratan de la sociedad contemporánea, aunque transcurren en diferentes períodos. Algunos de los temas principales de sus novelas incluyen las complejidades de las relaciones humanas, la dificultad de la comunicación, el amor y muerte, la opresión, la libertad, la identidad, la resistencia y el proceso de creación. Otro tema central de su obra es el concepto de tiempo, sea el tratamiento del tiempo en la estructura narrativa o el tiempo histórico en el cual tienen lugar sus novelas. la dictadura de Salazar (Paisaje con mujer y mar al fondo); los años 1920 (O Cavalo de Sol), el siglo XIX (A Casa da Cabeça de Cavalo) y los años 1950 y 1960 en la Mozambique colonial (El árbol de las palabras).

Caracteriza a la mujer como instrumento de ruptura de los modelos tradicionales que presenta el feminismo. En su obra, existe un tiempo circular infinito, de retorno y comienzo que reproduce los ciclos de la naturaleza.

Premios literarios

Recibió el Grande Prémio de Romance e Novela de la Asociación Portuguesa de Escritores por su novela A Casa da Cabeça de Cavalo (1995) y los Premios de Ficción del PEN Club por sus libros El silencio (1981) y O Cavalo de Sol (1989). Asimismo, recibió el premio de la crítica de la Asociación Internacional de Críticos Literarios y el Premio Fernando Namora por su novela Los teclados (1999). En 2002, se le otorgó el Gran Premio Camilo Castelo Branco para cuentos por su colección de relatos, Historias de ver y andar.

[Wkipedia]
[Nota: recuso-me a utilizar a wikipédjia brasileirófona]

“Assim Nasceu uma Língua”

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Lançamento do livro “Assim Nasceu uma  Língua”, de Fernando Venâncio.

Dia 12 de Novembro, às 18h30, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés de Lisboa (Piso 6).

Apresentação por Professora Esperança Cardeira e Marco Neves.

Sinopse

Uma grande obra de um linguista, escritor, tradutor, crítico literário e académico. Fernando Venâncio conta-nos a história da língua portuguesa de forma acessível a todos, mas sem dispensar o rigor, em defesa da maravilhosa diversidade da língua.

Autor
Fernando Venâncio, nasceu em 1944, é Professor, ensaísta e tradutor. É linguista de profissão. Colabora como cronista e crítico literário em várias publicações, entre as quais o JL, a revista Ler, Cóloquio/Letras e Expresso.

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