Reciprocidade na CPLB? “Tem, não”

Tendo em atenção os antecedentes, torna-se de novo perfeitamente clara a relação de causa e efeito entre o súbito surto de “queixas” por “xenofobia” e as consequentes “medidas” governamentais destinadas a, conforme diz a própria titular dos serviços que despacham leis, «facilitação da passagem de vistos de residência».
[A vitimização como arma política – 1]

Haverá de facto uma relação directa — ou de causa e consequência — entre a “ponte aérea” em curso e a imposição manu militari da cacografia brasileira? Haverá mesmo um nexo de causalidade, um continuum (planeado até ao mais ínfimo detalhe, será?) entre o #AO90, a invenção da CPLP (1996), o “Estatuto de Igualdade” (ano 2000) e o “Acordo de Mobilidade” de 2021?
[As “contas certas” da desinformação]

«Eles [brasileiros] vêm sem visto. Mas nós, cabo-verdianos, temos de ter visto. É um problema para chegar a Portugal.»
«A gente para vir de Cabo Verde tem de ter visto, o que é muito complicado, para a gente conseguir um visto para vir para aqui. Mas os brasileiros não! O brasileiro é só arranjar o dinheiro da passagem, compra a passagem e já vem!»
«Os brasileiros vêm sem visto para Portugal. Mas nós, os cabo-verdianos, africanos, temos de arranjar visto; e aquele visto, na nossa terra, é muito difícil; tem que pagar muito dinheiro, muito dinheiro para vir para Portugal; menos do que 700 euros não há hipótese; às vezes é mais; mais a viagem, aí uns 400 euros ou 500 ouros.» [CPLP à pressão]

Para que se entenda toda a tramóia oficialmente designada como CPLP é necessário começar pela simples constatação de um facto evidente: trata-se de uma imposição da República Federativa do Brasil a Portugal — promovida por agentes portugueses ao serviço do Itamaraty — e, por intermédio do 28.º Estado daquela federação, o mesmo draconiano “acordo” é igualmente imposto a todos os PALOP (Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé) e também às ex-colónias portuguesas na Ásia (Timor-Leste, Macau, Goa). A evidência deste facto e, desde logo, o gigantismo da fraude resultam da ainda mais simples constatação de que não existe qualquer espécie de reciprocidade entre o Brasil e os outros sete Estados signatários.

Ou seja, assim como sucede quanto ao #AO90, em que 100% das alterações são imposições brasileiras, ou quanto ao “Estatuto de Igualdade” entre Portugal e Brasil, em que todos os benefícios revertem para os brasileiros, sem a mais ínfima contrapartida, e ainda quanto ao “Acordo de Mobilidade“, que funciona apenas do Brasil para os outros países e nunca o contrário, a Comunidade dos Países de Língua Brasileira (CPLB) tem de comunidade apenas a designação — serve exclusivamente os interesses brasileiros, o serôdio neo-imperialismo brasileiro, a “expansão” comercial e empresarial brasileira, a atávica brutalidade do seu putativo “gigantismo”.

Para juntar à “colecção” de exemplos já aqui publicados, ficam mais estes dois ecos da golpada de Estado: os angolanos em geral não têm direito a visto para o Brasil — nem como turistas! — e os estudantes em particular não só não têm direito a visto como, ainda por cima, têm de pagar o extraordinário favor que o Brasil lhes faz. Tudo com acréscimos, e extras e alcavalas, isto é, subornos, “conhecimentos” e máfias várias metidas ao barulho

Das entidades tuguesas, Governo, Presidência da República, Parlamento, é claro, nem uma palavra sobre isto. Não é esta “a verdade a que temos direito”.

Embaixada do Brasil diz que angolanos não devem fazer pressão para obtenção de vistos e assegura que matrículas nas universidades brasileiras não conferem direito a visto

Fernando Calueto
novojornal.co.ao, 12.09.23

A representação diplomática do Brasil em Luanda alerta ainda para o facto de os estudantes estarem matriculados e a pagarem propinas nas universidades brasileiras não lhes confere automaticamente o direito a visto.

Segundo a embaixada, os requerentes não devem exercer pressão sobre as autoridades consulares, pois entende que tal postura apenas atrasa o processo.

Em declarações ao Novo Jornal, após a manifestação dos estudantes angolanos, o embaixador do Brasil, Rafael de Mello Vidal, explicou que dois representantes dos estudantes foram recebidos por representantes do consulado, quando de repente um deles começou a gravar a conversa, facto que levou a interrupção da reunião, visto que no interior das embaixadas não se poder fotografar nem gravar áudios.

Conforme o embaixador, a Polícia Nacional só dispersou a manifestação dos estudantes porque estes bloquearam o acesso à Embaixada do Brasil. O que os estudantes negam.

Os estudantes pensam que ao serem aceites nas faculdades do Brasil, e por que pagam matrícula, têm direito automático de visto. E isto não é bem assim. Querem os vistos em tempo de iniciar aulas, mas isto demora. Muitas vezes não podem ser concedidos porque apresentam documentos fraudulentos de renda, entre outros”, explicou o diplomata.

Segundo Rafael de Mello Vidal, o processo destes estudantes vai continuar a merecer o seu tratamento normal junto da embaixada e aqueles que forem autorizados serão emitidos os vistos.

“As universidades dão matriculas para quem quiserem, mas não emitem vistos. Uma das exigências para atribuição de visto de estudante não bolseiro são as condições financeiras. E muitos não conseguem comprovar as condições de renda necessárias e outras vezes falsificam documentos e nestes casos o visto é rejeitados”, contou.

O embaixador explicou que o visto de estudante não é atribuído pela embaixada, mas sim pelas autoridades brasileiras, no Brasil, existindo vários requisitos para o efeito.

“A embaixada apenas tem competência para emitir visto de turista. Os outros são autorizados pelas autoridades migratórias do Brasil”, explicou.

Ao Novo Jornal o diplomata referiu que anualmente são mais de 600 pedidos de vistos de estudantes, e que desse número, a média de rejeição por documento irregular é de 25 por cento.

Continuam detidos alguns dos estudantes que protestaram em frente à embaixada

Apesar de maioria ter sido postos em liberdade pela Polícia Nacional na noite de segunda-feira, continuam detidos cinco dos 15 estudantes levados pelos efectivos da polícia durante a dispersão da manifestação em frente à embaixada, protagonizada por dezenas de estudantes que há meses esperam pelo visto.

Segundo os estudantes, o Consulado obrigou-os a fazerem o pagamento das propinas nas universidades onde estão inscritos, mas não há sinais da emissão dos vistos e exigem uma solução, daí a manifestação.

Ao Novo Jornal asseguram que a Polícia Nacional procedeu ainda à apreensão dos telemóveis de todos e que até agora não os entregou.

Estão a exigir que apaguemos os vídeos e as filmagens que fizemos na manifestação como condição de devolverem os telemóveis“, descreveu um estudante.

Sobre o assunto, o Novo Jornal tentou sem sucesso o contacto com o comando municipal de Luanda da Polícia Nacional.

[Transcrição integral. Destaques meus.]

Emissão de vistos para o Brasil está a demorar oito meses — Embaixada diz receber mais de 40 mil pedidos por ano e que solicitações vão continuar a demorar

Fernando Calueto
novojornal.co.ao, 15.06.23

O Consulado do Brasil, através do seu Centro de Tratamento de Vistos, pede aos utentes, que reclamem e enviem para um endereço electrónico, mas, segundo os utentes, este canal não tem surtido efeito.

A Embaixada do Brasil diz que iniciou há três meses um processo de pedido de vistos por agendamento, depois de muitas reflexões para melhorar o serviço, mas admite que este processo é demorado. E que os utentes podem esperar até seis meses. Continue reading “Reciprocidade na CPLB? “Tem, não””

O unicórnio brasileiro

A expressão utilizada pelo actual presidente (“prefeito”, em brasileiro) da Câmara Municipal de Lisboa, no passado dia 2 de Novembro, em plena Web Summit, não foi “atrair brasileiros para Lisboa”, foi “atrair brasileiros para Portugal”.
Menos de um mês após proferir a bojarda, Moedas desloca-se a Brasília para assinar um acordo de geminação entre a capital portuguesa e a capital brasileira. Fez um acordo com esta, como já existiam acordos semelhantes com as capitais dos PALOP, mas “esqueceu-se” de “atrair para Portugal” (ou para Lisboa) os cidadãos destas outras, logo, dos respectivos países. Se há acordos de geminação com Luanda, Maputo, Bissau, Praia e São Tomé, então porque não pretenderá o “prefeito” alfacinha “atrair” angolanos, moçambicanos, guineenses e santomenses “para Portugal”? Porquê só brasileiros?

Na vida de cada qual, como é do senso comum, muito raramente há coincidências. Na política, nunca.

“Atrair brasileiros para Portugal é uma das prioridades”

eco.sapo.pt, 02.11.23
“Atrair brasileiros para Portugal é uma das minhas prioridades”, diz Carlos Moedas

A fábrica de unicórnios tem previsto um programa de softlanding, visando atrair empresas a se instalar em Lisboa.

“Atrair brasileiros para Portugal é uma das minhas prioridades”, afirmou Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, na conferência de imprensa, na Web Summit, depois de ser conhecida a primeira scaleup a integrar a UnicornFactory Lisboa.

“Espero que a Web Summit no Brasil ajude a atrair mais pessoas para cá e não o contrário”, disse o autarca quando questionado sobre de que modo o ecossistema de startups brasileiro poderia beneficiar da Unicorn Factory Lisboa. Esta quarta-feira a Sensei foi anunciada como a primeira scaleup a integrar o programa de scaleups, com arranque previsto para 2023.

O projecto da fábrica de unicórnios tem ainda previsto um programa de softlanding, visando atrair empresas para se instalarem em Lisboa. Para estes dois programas, a CML e os privados têm alocado um total de 8 milhões de euros.

“Lisboa tem de ser uma cidade aberta”, reforçou Moedas, que aposta no projecto da fábrica unicórnios — uma promessa eleitoral — para atrair empresas de base tecnológica de todo o mundo para a cidade, uma forma, diz, de atrair jovens e criar emprego.

“A diversidade de pessoas é o que cria inovação”, reforça.

[Transcrição integral, incluindo destaque e “link”. Cacografia brasileira corrigida automaticamente]

Moedas assina acordo de geminação entre Lisboa e a capital do Brasil

Dinheiro Vivo/Lusa
dinheirovivo.pt, 23.11.23

O acordo tem como objectivo geral cimentar relações de amizade, intercâmbio e reforçar os laços históricos e culturais.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que está no Brasil, assina esta quinta-feira em Brasília um acordo de geminação entre as capitais portuguesa e brasileira.

Durante um jantar de comemoração dos 111 anos da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, em São Paulo, Moedas disse à Lusa que o acordo está inserido numa tradição que Lisboa já mantém com várias capitais de países de língua portuguesa como Luanda, Maputo, Bissau, Praia e São Tomé.

“O acordo é mais uma ligação de cidades irmãs que, Lisboa, por tradição, tem com cidades que são capitais de países de língua portuguesa. Não tínhamos isso com o Brasil e eu gostava muito de deixar essa marca (…). Por isso, assinar este acordo é muito importante”, afirmou o autarca.

O acordo de geminação entre Lisboa e Brasília, que será assinado por Ibaneis Rocha, governador do Distrito Federal (que detém o controlo administrativo da cidade de Brasília), tem como objectivo geral cimentar relações de amizade, intercâmbio e reforçar os laços históricos e culturais.

De acordo com dados divulgados no site da Câmara Municipal de Lisboa, os acordos de geminação também simbolizam “um reconhecimento de interesse mútuo no comércio, indústria e educação.”

A capital portuguesa já assinou 13 acordos de geminação, que incluem cidades europeias, asiáticas e africanas como Madrid, Rabat, Malaca, Macau, Budapeste e Cachéu. No Brasil, Lisboa mantém acordos de geminação com as cidades do Rio de Janeiro e Salvador.

Moedas confirmou que participou na Assembleia-Geral da União das Cidades Capitais Luso-Afro-Americo-Asiáticas (UCCLA), no âmbito de uma visita ao Brasil que começou na segunda-feira.

“Sou presidente da UCCLA, dessa união das cidades que falam português, e foi uma reunião muito boa porque conseguimos juntar muitas cidades, mais de 40 cidades, à volta da mesa, em Fortaleza [capital do estado brasileiro do Ceará], para discutir os temas da língua portuguesa e aquilo que é a capacidade que temos como cidades capitais portuguesas de sermos centros de inovação e tecnologia”, explicou.

Depois de passar por Fortaleza, Moedas participou, na terça-feira, em São Paulo, na 20ª. Assembleia Geral da União das Cidades Capitais Ibero-Americanas (UCCI), na qual autarcas de 18 cidades decidiram que o ano de 2024 será dedicado à língua portuguesa.

“Fui eleito vice-presidente da UCCI [no biénio 2024/2025]. Foi um prazer promover um impacto maior da língua portuguesa, não só o impacto que queremos ter entre as cidades de língua portuguesa, mas também nas cidades ibero-americanas, que por tradição usavam mais a língua espanhola a do que a língua portuguesa”, avaliou.

Moedas reuniu-se ainda com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e com o vice-governador do estado de São Paulo, Felicio Ramuth.

O autarca de Lisboa lembrou que assinou, há cerca de um ano, um acordo bilateral de colaboração com a maior cidade do Brasil, que engloba parcerias e troca de experiência em várias áreas como limpeza urbana, saúde, empreendedorismo, promoção de tecnologia, gestão administrativa e intercâmbio entre funcionários públicos.

Moedas disse que outro objectivo da visita ao Brasil é promover o projecto Fábrica de Unicórnios de Lisboa, que visa atrair investimentos de grandes empresas tecnológicas à capital de Portugal.

“Conseguimos num ano atrair mais de 54 empresas tecnológicas para Lisboa, entre elas [empresas] unicórnios, ou seja, que valem mais de mil milhões de euros (…). Hoje já temos um unicórnio brasileiro na nossa cidade, com escritórios, que é a Quinto Andar”, empresa de arrendamento de imóveis, disse o autarca

“Lisboa é um centro de atracção de talentos e é uma plataforma de inovação que hoje conta na Europa. Nós estamos pré-seleccionados para ser a capital da inovação da Europa. Acredito que Lisboa pode ganhar esse prémio porque tem realmente construído um ecossistema de tecnologia e inovação único na Europa. E, portanto, estou aqui também para falar com os investidores brasileiros“, concluiu.

[Transcrição integral. Cacografia brasileira corrigida automaticamente.
Destaques e “links” meus. Imagem de topo de: “Saddlery Direct“.]



Tratado de vitimização

Movimentos anti-imigração em Portugal cada vez mais organizados

Investigadora do ISCTE nega que haja um sentimento xenófobo generalizado em Portugal contra os brasileiros, mas admite que os episódios têm aumentado. Thaís França lamenta ainda que o país não discuta abertamente o racismo e a xenofobia.

A investigadora Thaís França alertou este sábado que os movimentos anti-imigrantes existem em Portugal e estão cada vez mais organizados, aproximando-se dos congéneres europeus, embora sem um impacto social equivalente.

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Nos grupos anti-imigrantes “há uma organização muito maior, muito mais forte, há muitos mais grupos aparecendo e cada vez mais organizados, com agendas mais claras, ocupando cada vez mais espaço, não só de movimentos sociais, mas também dentro da política partidária”, avisou a investigadora do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do ISCTE.(…)

(…)
Financiado pela EEAGrants Portugal, o estudo de Thaís França incluiu 20 entrevistas a activistas portugueses que se apresentam como anti-imigrantes e as conclusões apontam que a agenda é semelhante a outros países europeus.

“Esses movimentos anti-imigração existem em Portugal, mas não têm tanta visibilidade quanto têm noutros contextos”, pelo que há uma tendência para se dizer que o problema não existe em Portugal, o que “é mentira”, explicou.

Segundo a investigadora “começam a aparecer algumas manifestações de discursos de ódio, principalmente online, casos que se vêem na rua, de manifestação contra migrantes”, exemplificou.

(…)

(…)
Reconhecendo que é “tudo muito pontual”, a investigadora diz que o seu estudo mostra que essas movimentações existem “de uma forma mais submersa e estão a organizar-se”.

Até porque, salientou, há um crescimento em Portugal do “espaço para essas reivindicações anti-imigração acontecerem, apesar de, até hoje, Portugal ter tido uma política muito aberta em relação aos imigrantes”.

O afluxo de estrangeiros ao país acentua a expectativa desses grupos de uma maior visibilidade, já que dantes, com a imigração tradicional dos países lusófonos, contribuía para que o “chamado choque cultural fosse muito menos intenso do que se poderia ter visto noutros países”.

A investigadora, de origem brasileira, foi confrontada com isso nas suas entrevistas. “[Os activistas anti-imigração] diziam que o meu caso é um caso de excepção, porque estou integrada na sociedade portuguesa porque estou a trabalhar e a contribuir”, numa espécie de “discurso da boa selvagem” em relação ao outro.

Esses grupos defendem um “controlo maior da entrada” de migrantes e criticam as políticas de “diversidade cultural nas escolas”, explicou a investigadora.

Trata-se de organizações que “advogam que Portugal precisa mudar as políticas, que são muito abertas para os migrantes, comparada com os outros países europeus”, com “agendas de reivindicação” muito semelhantes a outros grupos de outros países.

Em causa está o “risco de haver uma perda da identidade portuguesa, à medida que mais imigrantes vêm e à medida que Portugal começa a adoptar outros costumes culturais que não seriam os tradicionais”, explicou Thaís França.

As conclusões do projecto, que integra estudos semelhantes realizados na Noruega, Itália, Alemanha, França e Áustria, serão apresentadas no dia 29 de Novembro.

Apesar de o discurso anti-imigrantes estar latente na sociedade, Thaís França não acredita que as próximas eleições de Março dêem eco ao tema.

O tema da anti-imigração está presente na agenda do Chega” e “tenta entrar noutros partidos”, mas a actual crise política “acontece dentro de um contexto de corrupção” e será esse o tema principal da campanha, vaticinou.

“Se tivesse sido uma saída normal do Governo, eu acreditaria que essa questão da migração apareceria com mais força na agenda, porque ela está presente na agenda dos partidos políticos também”, mas “hoje não me parece”, afirmou.

Casos contra brasileiros têm aumentado

A investigadora Thaís França considera que o aumento dos casos de xenofobia contra brasileiros mostra a maior visibilidade do tema junto de vários sectores da sociedade portuguesa.

Comentando o recente caso de um vídeo difundido online em que uma mulher portuguesa no aeroporto de Lisboa diz a uma brasileira “vá para a sua terra, estão a invadir Portugal, entre outras declarações xenófobas, Thaís França salientou que o tema está a crescer também pela visibilidade dada pelos protagonistas, embora admita que o número de casos tem aumentado.

(…)

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“Portanto… enfim… é… é fazer as contas”*

«A OGMA completa esta sexta-feira 100 anos, sendo a sexta empresa do sector aeronáutico mundial a cumprir um século. A fundação, as guerras, a Força Aérea e a privatização de 2005 foram marcos na história da empresa.» [Maria João Babo, “Jornal de Negócios”, 29 de Junho de 2018]

«We are an aeronautical company with a long and prestigious tradition. OGMA was created in 1918, however the year of 2005 represented a new era in its history, when the Portuguese Government privatized 65% of the company’s capital
«It was the beginning of a very significant effort to make OGMA more competitive worldwide, expanding to new markets.»
«In 2012, Embraer’s entry in OGMA’s capital meant the creation of a new journey with the OGMA-Embraer partnership joint in one goal: to bring the best of Portuguese industry and engineering to the aeronautical market. Currently, the Portuguese government holds 35% of the company’s capital, with the remaining 65% held by Embraer.» [OGMA (.pt) – “Company Profile”]

«A presença da Embraer no Fórum é um dos destaques do Brasil. O projeto do avião KC-390 da Embraer, que acabou incorporado à Força Aérea Portuguesa, contou com a contribuição do Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), o que representou um novo paradigma entre os dois países no campo da cooperação empresarial
«Os investimentos realizados pela Embraer em Portugal, na OGMA (Indústria Aeronáutica de Portugal) e em duas fábricas no Parque Industrial de Évora, alcançam US$ 500 milhões, tendo gerado por volta de 2.500 empregos diretos e sete mil empregos indiretos, além da cooperação tecnológica em uma área estratégica. Um contrato entre a Embraer e o governo português prevê a entrega de cinco aeronaves KC-390 à Força Aérea Portuguesa. Uma por ano, a partir de 2023, pelo montante de 872 milhões de euros.»
[“O Dia” (Brasil), 23/04/2023 – post ‘Follow the money’]

OE2024 prevê gastar 2.850,1 milhões de euros em Defesa

Global Media Group
tsf.pt, 10 Outubro, 2023
por agência BrasiLusa


O Governo aponta para um aumento de 13,7% do orçamento para a Defesa Nacional.

A proposta de Orçamento de Estado para 2024 prevê uma despesa total consolidada de 2.850,1 milhões de euros para a Defesa Nacional, com destaque para um aumento de 23,8% na Lei de Programação Militar (LPM).

De acordo com o relatório da proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), entregue hoje na Assembleia da República, o executivo estima gastar 2.850,1 milhões de euros na Defesa Nacional, o que, comparado com a despesa total consolidada que o executivo previa na proposta de Orçamento para 2023 (2.584,9 milhões), representa um aumento de 265,2 milhões, mais 10,26%.

No entanto, no relatório apresentado hoje pelo Governo, a estimativa de gastos na Defesa até ao final deste ano é um pouco mais baixa do que a inicialmente prevista na proposta para 2023: 2.506,7 milhões.

Tendo em conta estes valores, o Governo aponta para um aumento de 13,7% do orçamento para a Defesa Nacional.

Segundo o mesmo relatório, o executivo maioritário socialista prevê gastar no próximo ano 533,1 milhões de euros na Lei de Programação Militar (LPM), o que representa um aumento de 102,5 milhões de euros face à proposta apresentada em 2023, e equivale a um reforço de 23,8%.

Sobre a Lei de Programação Militar — que foi aprovada no parlamento em Julho e prevê um montante global de 5.570 milhões de euros até 2034 — o Governo detalha que no próximo ano, “dos projectos estruturantes para as missões de soberania e de interesse público destaca-se a aquisição de meios navais e aeronaves e a ampliação das responsabilidades e meios de ciberdefesa”.

No que toca à Lei de Infra-estruturas Militares (LIM), o Governo prevê gastar no próximo ano 22 milhões de euros (valor idêntico à proposta de 2023), e para as Forças Nacionais Destacadas (FND) o executivo estima uma despesa de 75 milhões, mais dois milhões do que na proposta do ano passado.

Os encargos com saúde mantêm-se orçamentados em 21 milhões de euros e os custos com pensões e reformas serão de 86,9 milhões, mais 5,4 milhões de euros do que na proposta de 2023.

O executivo prevê gastar 1.165,8 milhões de euros em despesas com pessoal.

Hoje, nos Açores, a ministra da Defesa anunciou um aumento da componente fixa do suplemento de condição militar em 70 euros, passando de 30 para 100 euros.

O Governo estima uma receita total consolidada de 2.864,2 milhões, o que face à despesa total prevista resulta num saldo orçamental de 14,1 milhões no próximo ano. Para este ano, o Governo estima um saldo orçamental de 104,9 milhões.

No que toca às receitas de vendas de bens e serviços, o Governo salienta “a Força Aérea, com 46,5 milhões de euros de previsão, em parte, relacionada com a expectativa de recuperação de valores a receber” e a Arsenal do Alfeite, S.A., “com uma previsão de 31,7 milhões de euros, essencialmente resultante dos serviços de reparação naval prestados à Marinha Portuguesa”.

O executivo destaca as intervenções previstas na Lei de Programação Militar, “designadamente, contratos de sustentação das aeronaves KC-390 e os montantes afectos a locação das aeronaves militares C-295″.

O investimento ascende a 703,2 milhões de euros, dos quais 449,5 milhões de euros se enquadram no âmbito da LPM, em que se destaca a despesa relativa ao programa de aquisição das aeronaves militares de transporte estratégico KC-390 e a construção de dois navios de patrulha oceânica”, detalha o relatório.

No que toca a investimento financiado pelo PRR, o Governo refere a aplicação de cerca de 68 milhões de euros no âmbito da nova Plataforma Naval, bem como 40,9 milhões de euros para assegurar o financiamento da aquisição de meios aéreos pelo Estado para o DECIR.

Naquele que é o terceiro orçamento do Estado após o início do conflito na Ucrânia, em Fevereiro de 2022, o Governo refere que “Portugal irá assegurar os compromissos assumidos com os seus Aliados e parceiros, nomeadamente, através da projecção de Forças Nacionais Destacadas para o flanco leste da NATO, e no apoio aos esforços de resistência da Ucrânia, dentro das capacidades existentes”.

A proposta de Orçamento do Estado para 2024 foi hoje entregue no parlamento e será debatida e votada na generalidade nos dias 30 e 31 de Outubro.

A votação final global está agendada para 29 de Novembro.

[Transcrição integral. Cacografia brasileira corrigida automaticamente.
Inseri imagem do site do governo-geral do 28.º Estado.]

Portugal recebe seu primeiro jato Embraer KC-390, acompanhe o voo

aeroin.net, 18.10.23

«Divulgação – Embraer»

O primeiro país estrangeiro a receber o maior avião fabricado no hemisfério sul, o Embraer KC-390, é Portugal e o voo de entrega está acontecendo nesta semana. A aeronave já havia ido antes a Portugal, mas para demonstrações e análises, agora, no entanto, ocorre a entrega oficial.

Fabricado no Brasil pela Embraer, o KC-390 já é operado hoje pela Força Aérea Brasileira (FAB), que participou ativamente no design do projeto, que visa substituir o LockheedC-130 Hércules no Brasil e no exterior.

Portugal é um dos parceiros de fabricação do modelo, que tem partes feitas em Évora e também é o primeiro cliente da OTAN para a aeronave militar brasileira.

Agora, após meses de testes e preparação das tripulações portuguesas, o primeiro avião está sendo entregue. De matrícula FAP-26901, o jato saiu da fábrica da Embraer Defesa & Segurança em Gavião Peixoto, no interior paulista, na noite de terça-feira.

De São Paulo, o avião voou direto para Recife, onde fará uma escala técnica antes de seguir para a Ilha do Sal em Cabo Verde, última parada antes de chegar na Base Aérea nº 11 em Beja, no sul de Portugal.

A aeronave pode ser acompanhada em voo em tempo real clicando neste link ou neste link, enquanto estiver em voo.

[Transcrição integral, incluindo “links” (a azul). Inseri um “link” (a verde).
Em transcrições de publicações brasileiras, a cacografia não é corrigida automaticamente.]

«Under the current contract with Embraer, it was with great enthusiasm that #OGMA delivered, last March 17, the second ERJ-175 aircraft to Polícia Federal Brasileira. The aircraft was released after performing a redelivery check and painting services.» [

 

[Imagem de topo (31.10.1992): OGMA – Oficinas Gerais de Material Aeronáutico. Origem: “Slideshare“.]
*O título deste “post” é uma frase célebre debitada por António Guterres, então primeiro-ministro (1995-2002), actual Secretário-Geral da ONU

Adeus, Goa

Velha Goa, antiga capital da Índia Portuguesa

Quanto aos negócios, pois tende paciência, senhores lusofonistas, isso já está tudo tomado: o Brasil agradece, está claro, se bem que pela calada e em absoluta surdina, e até parece que nos estão fazendo um grande favor quando passam a ocupar, à conta do AO90 e sob o disfarce da CPLP, as nossas posições económicas (e políticas e culturais) um pouco por todo o mundo, nos países e territórios a que outrora aportaram nossos maiores; “do Minho a Timor”, sim, passando por Macau (China) e em breve por Goa (Índia), o novo império dos negócios brasileiros segue pujante e das migalhas sobrantes vão debicando os vendidos tugas, esses galináceos com muito cócórócó na garganta e imenso cocó na cabeça.
[O tubarão fantasma, 23.06,21]

Finalmente, o Brasil declara oficialmente quais são as suas reais intenções quanto à Comunidade dos Países de Língua Oficial Brasileira (CPLB) e assim destapa o verdadeiro significado dos chavões propagandísticos que desde 1996 utiliza para camuflar a “expansão” da sua influência política e, sobretudo, dos seus interesses económicos.

A expressão-chave, agora utilizada pela primeiríssima vez, é “Sul Global”. Certamente, esta estreia mundial — no âmbito da CPLB e, por conseguinte, da “língua universau” — terá surgido por simples lapsus linguae de algum jornalista mais inexperiente nos meandros da alta finança mundial e na avassaladora corrupção que esse milieu envolve.

“Sul Global” é, afinal, uma forma simplista de designar algo extremamente complexo. Tentando reduzir o conceito à sua essência mais elementar e facilmente compreensível, “Sul Global” foi uma fórmula inventada recentemente para rebaptizar aquilo que anteriormente se designava como “Terceiro Mundo” ou “países em vias de desenvolvimento”; mais popular e claramente falando, era o conjunto de inúmeras “repúblicas das bananas” a reboque e/ou sob o domínio da Rússia, da China e da Índia.

Trata-se, portanto do bloco económico oposto ao das grandes potências capitalistas do chamado “Grupo dos Sete” (G7): Estados Unidos da América, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido.

Por contraponto à designação dos países mais ricos, apesar de o G7 carregar um nome que parece tão inócuo como o da colecção homónima de Enid Blyton mas não ter absolutamente piada alguma, o dito “Sul Global” apresenta-se assim para esconder as mesmíssimas pretensões hegemónicas, mas desta vez com outros protagonistas: em vez dos “exploradores” americanos, ingleses, alemães e franceses, o mundo passará a gozar de “amplas liberdades”, imensa “fartura” e não muito mudos “amanhãs que cantam” sob o altruísta jugo da República de Xi Jinping, da República de Putin, da espécie de califado de Narendra Modi e agora, por fim, da “abençoada por Deus” (em pessoa) República Federativa de Lula da Silva.

A este poker de ases juntam-se alguns jokers (África do Sul, Indonésia, México) e uma ou outra dama (Filipinas, Nigéria), tudo escoltado, como sempre sucede no jogo político, por imensos duques e senas tristes. E pronto, é só baralhar e tornar a dar — ou seja, a tirar. Trata-se, portanto, este “Sul Global”, de uma versão revista e aumentada de uma coisa conhecida por BRICS (“tijolos”, no original em Inglês): Brazil, Russia, India, China, South Africa.

No caso particular do B dos tijolos, os negócios vão de vento em pompa, como se vê, não apenas para a “turma” do doutorado pela Universidade de Coimbra, esse primor de sabedoria e cultura (viu?); e também não vão tendo razões de queixa os brasileiristas, lacaios e homens-de-mão que na tugalândia — sempre a expensas da manada contribuinte da “terrinha” — vão desbravando terreno para que nada falte aos “irmãos” deles e, sobretudo, ao seu paizinho “espirituau”.

0 28.º Estado serve como quintal e porta dos fundos de excedentários para a Europa. Timor, S. Tomé e Cabo Verde são três excelentes porta-aviões para a gloriosa Marinha brasileira. Os diamantes de Angola e o gás natural de Moçambique, em especial se ou quando aqueles dois países aderirem à nova versão dos BRICS (mas que grande golpada, realmente, o “metalúrgico” sabe-a toda), até mais ver ficarão em standby. Macau é um enclave que dá imenso jeito como alçapão para verdadeiros negócios da China.

Só faltava mesmo isto: Goa.

Goa sedia o Festival Internacional da Lusofonia

“TV BRICS”, 30.08.23

Após o 53º Festival Internacional de Cinema da Índia (FICI), Goa está pronta para sediar outro evento. Em dezembro, o estado sediará o Festival Internacional da Lusofonia (Comunidades dos Países de Língua Portuguesa, CPLP).

A lusofonia, em sentido amplo, se refere à população de língua portuguesa do planeta: Brasil, Portugal, Angola, Moçambique e Timor Leste. A lusofonia se desenvolveu nos marcos dos quinhentos anos de Império Português.

O festival será aberto com pompas em 3 de dezembro de 2023 por PramodSawant, Ministro-Chefe de Goa, no Durbar Hall da Casa do Governo (RajBhavan). A Ministra de Estado das Relações Exteriores e Ministra de Estado da Cultura, MeenakshiLekhi, será a convidada de honra do festival. O festival foi organizado pelo Ministério das Relações Exteriores, em associação com o Conselho Indiano de Relações Culturais (CIRC) e o governo do Estado de Goa.

Goa possui laços históricos com o mundo de língua portuguesa, fomentados pela presença de instituições culturais portuguesas, como a Fundação Oriente e o Instituto Camões, que promovem a língua e a cultura portuguesas na Índia. O que permite fortalecer os laços econômicos, culturais e interpessoais entre os países membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

O festival contará com apresentações de grupos culturais visitantes dos países membros da CPLP (70 artistas) em diversos locais em Goa, seminários sobre música dos países de língua portuguesa para artistas e voluntários, vários workshops, exposições de fotocópias de documentos históricos, da arquitetura única, do artesanato e do mobiliário de Goa.

Além disso, o LusophoneFoodandSpirits Festival apresentará os laços culinários entre a Índia e o mundo de língua portuguesa. Mesas-redondas sobre “O ingresso da Índia no Sul Global – Em busca de um caminho de aproximação com a CPLP” e “Os laços históricos e culturais da Índia com os lusófonos: retrospecto e perspectivas” não só enfocarão os laços históricos e já existentes da Índia com o mundo lusófono, mas também discutirão formas de maior cooperação.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, também conhecida como Comunidade Lusófona, é um fórum multilateral criado em 17 de julho de 1996, na primeira Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, em Lisboa. Os membros-fundadores foram Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, com a adesão posterior de Timor Leste e Guiné Equatorial. Os países lusófonos abrigam cerca de 300 milhões de pessoas em quatro continentes diferentes (África, América Latina, Ásia e Europa). A Índia entrou para a CPLP como observador associado em julho de 2021.

Como parte da cooperação entre a Índia a CPLP, o Ministério das Relações Exteriores celebrou o Dia Mundial da Língua Portuguesa, em Nova Délhi, em 5 de maio de 2022, logo após a adesão à comunidade, segundo informa ANI, o parceiro da rede TV BRICS.

Fotografia: istockphoto.com

[Transcrição integral mantendo o brasileiro do original. Acrescentei “links”. Imagem de topo de: “The Business Post“.]