“Lost in translation” (Brazilian to Portuguese)

[“click” na imagem para aceder ao artigo]

Note-se o contraste flagrante entre o conteúdo da notícia seguidamente transcrita com os resultados que uma pesquisa sobre o tema devolve nos “motores de busca”.

Entre a atabalhoada (e duvidosa) tradução da expressão em brasileiro “aborto da natureza” para Português e os títulos na respectiva pesquisa Google — ao que parece, no Brasil, um aborto é algo excelente, admirável, supimpa, além de “muito légau” –, aquilo que ressalta não é a putativa bondade da dita expressão, não é a sua chocante “expressividade” e não é sequer, de todo, a pretensa inocuidade que a imprensa tuga se apressa a “garantir”.

O que resulta disto, até porque ninguém vai abrir os artigos sob o mesmo título, um por um, e muito menos irá lê-los, é o sistemático hábito brasileiro de enxovalhar tudo aquilo que lhes cheire a “terrinha” e todos aqueles que nela nasceram.

O “preconceito, racismo e xenofobia” de que tanto tantos brasileiros se “queixam”, como tantas vezes tem aqui sido demonstrado, é um fenómeno que afinal existe mesmo, sim, mas funcionando apenas em sentido único: de lá para cá. Não no sentido contrário.

Por mais que os vendilhões e a imprensa avençada apregoem o contrário e tentem impingir aos mais “distraídos” a sua deles língua universau brasileira, a lusofobia está aí, bem à vista, variando sempre e cada vez mais na razão directa do número de colonos em função do número de colonizados.

“O Brasil não é para qualquer um. Abel foi um ‘aborto da natureza'”

“Notícias ao Minuto” (www.noticiasaominuto.com), 24/11/23
Andrés Sanchez

Andrés Sánchez concedeu, esta quinta-feira, uma extensa entrevista ao canal de YouTube ‘Benja me Mucho‘, onde teceu a sua opinião a propósito do sucesso alcançado pelo treinador português Abel Ferreira, no Palmeiras.

“Trabalhar no Brasil não é para qualquer um. Falam do Abel, mas o Abel foi um ‘aborto da natureza’. Nem o Palmeiras acreditava nele. Veio porque tinha de vir, não tinha opção“, começou por afirmar o homem que ocupou a presidência do Corinthians entre os anos de 2007 e 2021, quando foi sucedido por Duílio Monteiro Alves. Ao contrário daquilo que aparenta, a expressão ‘aborto da natureza’ não é pejorativa no Brasil. Pelo contrário: é empregue para descrever algo raro, um ‘achado’.

“E deu certo, é um bom treinador. Mas eu sou contra treinadores estrangeiros, principalmente, na selecção brasileira. Acho que temos treinadores competentes e preparados para dirigir a selecção brasileira e qualquer clube deste país”, acrescentou.

Abel Ferreira, recorde-se, chegou ao Verdão em 2020. Desde então, conquistou duas Taças Libertadores, uma Supertaça Sul-Americana, um título de campeão brasileiro, uma Taça do Brasil e ainda uma Supertaça do Brasil.

[Transcrição integral. Inseri imagem de pesquisa Google.]

O que faz correr os acordistas?

Por mais que se explique e demonstre, parece não terem ainda ficado claros, em alguns espíritos mais coriáceos os verdadeiros motivos que estão e que sempre estiveram por detrás do #AO90. A algumas pessoas será porventura difícil entender quais as reais finalidades económicas subjacentes e que interesses políticos motivaram os corruptos, vendilhões e traidores que entregaram ao Brasil a Língua Portuguesa.

Reconheçamos, porém, que tão lamentáveis lacunas de entendimento poderão ter resultado, pelo menos em algumas das tais alminhas mais “sensíveis”, do facto de ser realmente inimaginável que semelhante assalto tenha sido planeado e perpetrado mesmo debaixo do seu nariz. Torna-se de certa forma compreensível, caso sejamos minimamente magnânimos (ou caridosos, vá), aceitar que não deve ser nada fácil, para os ditos “distraídos” — e, por maioria de razões, para os 98% de portugueses absolutamente alheados da questão –, sequer conceber a ideia de que tenha sido possível alguns dos seus compatriotas terem ido àquela ex-colónia portuguesa oferecer a Língua nacional. Mas… a troco de quê faria aquela cáfila de bandidos semelhante coisa?

Bem, como tem sido aqui reiteradamente demonstrado, com exemplos práticos, testemunhos, provas documentais e até, quando em vez, perguntando a eventuais leitores se porventura será preciso fazer um desenho — o que implica fazê-lo mesmo, logo de seguida –, o que motiva bandidos é aquilo que, por exemplo, Budd Schulberg, com esmagadora lucidez, associou como um ferrete à mais conhecida das suas personagens: o dinheiro. É isso e só isso, o que faz correr Sammy.

Claro que no caso do #AO90, outro bestseller “mundiau”, o que faz correr acordistas é igualmente o dinheiro, sim, mas com outras, diversificadas e muito imaginativas designações. Tudo depende do câmbio em cada momento: o dinheiro é a figuração por excelência de poder, prestígio e influência, portanto pode ser trocado por tachos ou cunhas — para o próprio “investidor” e para os seus amigos, confrades e familiares –, por ao menos ter a ilusão de ver o seu nome grafado num documento “histórico” (alguns dos que se dizem anti-acordistas não passam de ressabiados que não foram tidos nem achados), ou apenas para publicar um livrinho, um artigozinho de jornal que seja, para exibir-se em palestras, para dar uns palpites nas redes anti-sociais — em suma, para “aparecer”.

Todas estas nuances são extremamente bizarras para qualquer estrangeiro — pudera, uma ex-colónia impor a sua língua ao país ex-colonizador é caso único no mundo e na História universal — e dessa estranheza resultam arrazoados por vezes confusos ou mesmo atabalhoados; sejamos novamente compreensivos, desta vez também para com estes estrangeiros, coitados, que têm de levar — manifestamente, sem compreender coisa alguma, de tão absurda que é a própria terminologia acordista — com “máximas” e dichotes inacreditavelmente imbecis (“língua universau”?, “unificação”?, “pronúncia culta”?, “teimosia lusitana“?) contidos naquela aberração “oficiau”.

15 Fascinating Facts About the Portuguese Language

1. It’s the sixth most spoken language in the world

You probably know that Portuguese is one of the most spoken languages in the world, but did you know that it’s among the top 10 most spoken languages?

With over 200 million native speakers, Portuguese is ranked sixth most spoken language in the world. It’s also the second most spoken Romance language, after Spanish.

The reach of the Portuguese language is connected to its colonial past. Portuguese conquerors and traders brought their language to America, Asia, and Africa. And the rest is, well, history.

2. It’s one of the fastest-growing European languages

The Portuguese language isn’t spoken in such widely-distributed parts of the world only because of its past. Portuguese is also becoming more and more popular, and it’s growing fast.

Many people decide to take Portuguese lessons, and there are many reasons for this. Of course, one of them is the wide reach of the language, so everything is quite connected.

Either way, according to UNESCO, Portuguese might actually become an international communication language. And that’s definitely a solid reason to start learning Portuguese.

3. It’s the official language of 9 countries

If you learn Portuguese, you will be understood in many countries. After all, many people study it as a second language. But Portuguese isn’t only widely spoken and popular – it’s also the official language in nine countries!

Many people believe that Portuguese is the official language in Brazil and Portugal. But it’s also the official language in Angola, Mozambique, Cape Verde, Guinea-Bissau, São Tomé and Príncipe, Equatorial Guinea, and East Timor.

In Brazil, Portugal, Angola, and São Tomé and Príncipe (island country in Central Africa) it’s spoken by the vast majority as a native language, and in others countries, it’s spoken by the minority as a first or second language.

4. Only 5% of Portuguese speakers actually live in Portugal

If you take into account all of the above, it’s easy to conclude that the majority of Portuguese speakers are not from Portugal. In fact, it’s estimated that only 5% of Portuguese speakers live in Portugal.

Brazil is by far the world’s largest Portuguese-speaking nation. And it’s the only Portuguese-speaking country in the Americas. But although more than 90% of people in Brazil speak Portuguese, the language is the most widespread in Portugal.

All in all, the fact that less than 10% of Portuguese speakers live in the language’s country of origin is quite fascinating.

5. European and Brazilian Portuguese is not the same

If you want to take Portuguese classes, you’ll have to decide which dialect you want to learn: European or Brazilian Portuguese. The thing is, although they’re mutually intelligible, they’re actually quite different.

So, what is the difference between Brazilian and European Portuguese? For starters, there are many differences in pronunciation, so they sound different.

Also, some words are spelled differently, and when you’re in Portugal, you’ll have to pay attention to formal and informal speech. There are some differences in the vocabulary too, and that’s perhaps the most obvious difference.

As you can see, although it’s the same language, the difference between the two is distinct, especially if you ask a native speaker.

6. New letters were added to the alphabet recently

Generally, Portuguese is based on the Latin alphabet and comprises 26 letters of which 5 are vowels and 21 are consonants. But there weren’t always 26 letters in the Portuguese alphabet – 3 of them were integrated in 2009.

The thing is, the letters K, Y, and W are only used for loanwords, so up until recently, they weren’t a part of the alphabet, at least not officially. But the new Orthographic Agreement (which standardizes spelling forms) made them a part of the alphabet.

However, they’re still only used for certain words such as foreign places, people’s names, units of measurements (like kilogram), acronyms, and symbols.

7. It’s influenced by Arabic

Another interesting thing about Portuguese is that it’s influenced by the Arabic language. If you’re good at history, you know that in the early 8th century, the Islamic Moors from North Africa and the Middle East conquered Portugal and Spain.

Therefore, until the 13th century and the Reconquista, the official language of the Iberian Peninsula was a form of Arabic. As a result, Arabic had a great influence on Portuguese, and many Arabic words have been adapted into the Portuguese language.

This linguistic mark can be seen in hundreds of Portuguese words, and can still be heard in everyday conversations.

8. It has some super long words

If you think that the German language has very long words, you should know that Portuguese has some unusually long words too.

For example, the longest non-technical word in the Portuguese language has 29 letters – it’s anticonstitucionalíssimamente. But since it means “in a very unconstitutional way/manner”, you won’t use it that often. Probably.

9. Six different endings in each verb tense

If you want to learn how to speak Portuguese, you shouldn’t be worried about learning long Portuguese words. But something that might be a real and more immediate challenge is learning six different conjugations for pronouns.

In Portuguese, each verb tense has six different endings. Unlike English, Portuguese requires you to think about who is performing the action. While in English there are only two options (for instance, run or runs), in Portuguese, there is more than one way to say ‘you’, ‘it’, and ‘they’.

You’ll also have to learn to identify Portuguese verb tenses and moods. So, learning basic Portuguese grammar and building a strong foundation is a must.

10. There are twoways to say “to be”

Another difference between English and Portuguese is that Portuguese has two different verbs for saying “to be”: ser and estar.

The verb ser is used to describe permanent states, whereas estar is used for something temporary or circumstantial (like mood or weather). So, it all depends on the context’s time frame.

11. Portuguese has influenced English

Unsurprisingly, the worldwide spread of the Portuguese language influenced many languages including English. English speakers will find many familiar words in the Portuguese vocabulary.

Some of the most popular English-Portuguese cognates are Animal (Animal), Original (Original), and Real (Real). Also, a lot of English adverbs ending in –ly can easily be converted into Portuguese; Really (Realmente), Naturally (Naturalmente), and so on.

12. It comes from Galicia, Spain

As you already know, Portuguese is one of the most widely spoken languages in the world. But do you know where it comes from?

The roots of the Portuguese language are in the autonomous community of Galicia located in northwest Spain. The Galician language (also known as Gallego) was born in the 10th century, and it’s a combination of common Latin and local dialects. And back in the 14th century, Portuguese emerged as a descendant language.

So, Portuguese and Galician are sister languages, and their native speakers can easily understand each other.

13. Portuguese passport is the fifth most powerful in the world

According to the Passport Index, Portugal has the fifth position in the ranking of the most valuable passports in the world. The Henley Passport Index (HPI) is a global ranking of countries according to travel freedom.

With the Portuguese passport, you’ll have visa-free access to 187 countries. So, it’s fair to say that Portugal has valuable citizenship. And although this fact is more related to the country than to the language, the fact that Portugal is in the same ‘passport’ group as the UK, France, and Ireland is quite amazing.

14. It’s very romantic

Besides being popular and useful, Portuguese is also quite romantic. The Portuguese language has a lot of vowel sounds, and its consonants have a percussive quality to them. Also, native speakers use a lot of intonation in their speech.

All of that makes the Portuguese language very unusual but also smooth and intriguing. In our opinion, it’s definitely one of the most beautiful and romantic languages in the world.

15. Portuguese has some unique words

Another thing that makes Portuguese very interesting (and romantic) is that Portuguese has certain words that are unique to the language.

You’ve perhaps heard of the word saudade – it’s used for the feeling of melancholy, desire, and nostalgia. And having unique words that are hard or impossible to describe in another language is quite fascinating.

Final Thoughts

We hope these interesting and fun facts about Portuguese helped you realize how amazing this language actually is. It’s beautiful and unusual, and it’s spoken all around the world.

And if all of this also inspired you to start learning Portuguese, you can check out our reviews of the best apps to learn Portuguese and the best online Portuguese classes.

Linguatics

Written By Jessica Knight

Founder of Linguatics. Passionate multilinguist.

[Transcrição integral. Acrescentei “links” (a verde).]


[tradução]

15 Factos Fascinantes sobre a Língua Portuguesa

1. É a sexta língua mais falada no mundo

Provavelmente sabe que o Português é uma das línguas mais faladas no mundo, mas sabia que está entre as 10 línguas mais faladas?

Com mais de 200 milhões de falantes nativos, o Português aparece por vezes classificado como sendo a sexta língua mais falada do mundo; e também como a segunda língua românica mais falada, a seguir ao espanhol.

A difusão da Língua Portuguesa está ligado ao seu passado colonial. Os conquistadores e comerciantes portugueses levaram a sua língua para a América, Ásia e África. E o resto é, bem, o resto é História.

2. É uma das línguas europeias que mais crescem

Continue reading “O que faz correr os acordistas?”

Against the Brazilian spelling reform

[Google]

«The language reform has simplified European Portuguese through the elimination of many accent marks and many silent consonants
«These reforms have a major impact on translation, localization, and global business.»

“The Brazilian Portuguese Spelling Reform” – United Language Group

We are stronger together

“In the eyes of a translator”, 8 august , 2023

We are stronger together and if we want to win this battle, we must be united and focus on what’s important. The reality is that we are not fighting each other, we are fighting the inactive and corrupt Portuguese political class. They are the ones who put us all into this mess, they are the ones who need to be made accountable for it.

Variants and divisions

One of the main features of this Orthographic Agreement is the variant argument and division. I can see why. For those who do not speak Portuguese or don’t have any connection with the language and culture of the countries that speak it, let me give you a small introduction.

Portuguese is the official language spoken in Portugal, sometimes referred to as European Portuguese. This is the only Portuguese, the same happens for English, the official language of the United Kingdom. Other countries, due to centuries of colonisation, adopted the Portuguese Language as their official language. However, the way the language is spoken in those countries is different from the Portuguese. That originated variants, just like we have in English. Although there is a lot in common, there are also a lot of differences between them.

Mixing bad politics with languages

The Portuguese politicians decided to “unify”, they said, the Portuguese Language by signing the Orthographic Agreement of the Portuguese Language 1990 (AO90). They claimed it would be beneficial for all Portuguese-speaking countries to have a unified/simplified language. In reality, what they did was to impose a variant of the language (Portuguese from Brazil) into the Portuguese language and in the process erase the language and culture of all other countries who speak the language. Some did not sign this absurdity and in reality, only Portugal, or should I say, the Portuguese politicians imposed it upon their citizens.

The disastrous result can be seen in Portuguese newspapers, TV channels, books, and everywhere, including the Diary of the Republic, which should be the Government’s official diary.

The citizens fight

Shortly after this absurdity was imposed upon the Portuguese citizens, they rebelled and started fighting for their language, their culture, their values, and their sovereignty. But that also brought a lot of division and negativity against Brazil and Brazilians. Well, we are not fighting against Brazil, we are fighting against the Portuguese Government. In fact, there are lots of Brazilians against it as well, even though for them was business as usual.

We must continue our fight against this linguistic dictatorship. Portugal is a democratic country, however, the Portuguese had no say in this absurdity, they did not ask for it, they did not vote for it, and they were not consulted on it, so how can a Government impose such a change on its constituents without their consent or approval? This is a dictatorship and we must act fast to end it as soon as possible. This absurd must be annulled and the Portuguese Language must be restored. For that, we must unite and fight the right battle.

Say NO to the AO90!

[Transcrição integral, com ligeiras alterações apenas no aspecto gráfico.
Acrescentei “links”.]

[tradução]

Juntos somos mais fortes

“In the eyes of a translator”, 8 de Agosto de 2023

Juntos somos mais fortes e se queremos ganhar esta batalha, temos de estar unidos e concentrarmo-nos no que é importante. Na realidade, não estamos a lutar uns contra os outros, estamos a lutar contra a classe política portuguesa, inactiva e corrupta. Foram eles que nos meteram a todos nisto, portanto são eles que têm de ser responsabilizados por isso.

Variantes e divergências

Uma das principais características deste Acordo Ortográfico é o argumento das variantes e das divergências. Percebo porquê. Para aqueles que não falam Português ou não têm qualquer ligação com a língua e a cultura dos países que a falam, aqui fica uma pequena introdução ao assunto.

O português é a língua oficial falada em Portugal, por vezes designada como Português europeu. Este é o único Português, como sucede com o Inglês, a língua oficial do Reino Unido. Outros países, devido a séculos de colonização, adoptaram a língua portuguesa como língua oficial. No entanto, a forma como a língua é falada nesses países é diferente do português. Isso deu origem a variantes, tal como acontece com o Inglês. Apesar de haver muita coisa em comum, há também muitas diferenças entre elas.

Misturar má política com línguas

Os políticos portugueses decidiram “unificar”, segundo eles, a língua portuguesa, assinando o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90). Alegaram que seria benéfico para todos os países lusófonos ter uma língua unificada/simplificada. Na realidade, o que fizeram foi impor uma variante da língua (o português do Brasil) à Língua Portuguesa e, no processo, apagar a língua e a cultura de todos os outros países que falam a Língua. Alguns não assinaram este absurdo e, na realidade, apenas Portugal, ou melhor, os políticos portugueses, o impuseram aos seus cidadãos.

O resultado desastroso pode ser visto nos jornais portugueses, nos canais de televisão, nos livros e em todo o lado, incluindo o Diário da República, que deveria ser o diário oficial do Governo.

A LUTA DOS CIDADÃOS

Pouco depois de este absurdo ter sido imposto aos cidadãos portugueses, estes revoltaram-se e começaram a lutar pela sua língua, pela sua cultura, pelos seus valores e pela sua soberania. Mas isso também trouxe muita divisão e reacções negativas contra o Brasil e os brasileiros. Bem, nós não estamos a lutar contra o Brasil, estamos a lutar contra o Governo português. De facto, há muitos brasileiros que também se opõem a isso, apesar de para o Brasil ter sido só “business as usual”.

Temos de continuar a nossa luta contra esta ditadura linguística. Portugal é um país democrático; no entanto, os portugueses não tiveram voz activa neste absurdo, não o pediram, não o votaram, não foram consultados, portanto, como pode um Governo impor uma mudança destas aos seus eleitores sem o seu consentimento ou aprovação? Isto é uma ditadura e temos de actuar rapidamente para acabar com ela o mais depressa possível. Este absurdo tem de ser anulado e a Língua Portuguesa tem de ser restaurada. Para isso, temos de nos unir e travar a batalha certa.

Diga NÃO ao AO90!

[/tradução]

[Adaptação, destaques, sublinhados e “links” meus.]

donos da língua a que chamam “portuguesa” dão aulas a anglófonos

bandeiras de Portugal continuam a desaparecer

Imagem copiada de https://stopworldcontrol.com Imagem copiada do Facebook, de uma empresa qualquer de “ensino” de brasileiro online

“Arranha-nos a mente”

«De qualquer modo, mesmo em relação ao Brasil, não se trata de uma simples questão de ortografia, é o léxico e a sintaxe, que são muito diferentes. Um livro de Portugal, para os brasileiros, que inovam muito em termos linguísticos, soa sempre a arcaico. É muito difícil exportar para lá. E quando um livro em português do Brasil aparece em Portugal, escrito por um autor mais idiossincrático, parece mais estranho do que ler em francês ou inglês. Arranha-nos a mente. O Acordo Ortográfico não facilitou o intercâmbio cultural e não teve qualquer papel positivo nas exportações.» [Francisco Vale, director da editora Relógio d’Água, 8 de Fevereiro de 2018]

A expressão “português do Brasil”, infinitamente repetida, martelada, a ver se cola.

  • «o português do Brasil é diferente do que se fala e escreve em Portugal» [Nuno Pacheco, “Público”, 14.06.23]
    A língua brasileira não é nem tem nada a ver com “português do Brasil”. Esta é uma expressão obsoleta em que apenas alguns persistem, provavelmente à falta de melhor “argumento” para continuarem a fingir que as duas línguas são uma só — a língua univérsáu brasileira. [post “Uirapuru, saci, cocada”]

Não existe “português do Brasil”. Existe a Língua Portuguesa e existe a língua brasileira. Por mais patacoadas que alguns tugas vendidos aos interesses geopolíticos e económicos brasileiros tentem impingir às pessoas normais, o Português é a língua nacional de Portugal e a oficial dos PALOP, enquanto que o brasileiro é a língua nacional da República Federativa do Brasil.

À boleia do inexistente “português do Brasil”, este artigo da CNN-Portugau incide sobre uma nova rapsódia, a turbo-tradução (ou tradução a granel) via estupidez artificial, retomando as já velhas historinhas sobre o “mercado editorial brasileiro” — outra inexistência –, a admiração bacoca pelo “gigante” brasileiro (“ah, e tal, eles são 230 milhões e nós somos só 10 milhões“) e a habitual, geral, nacional tergiversação: nunca, ou muito, muito, muito raramente alguém se atreve a ligar os pontos ou a, ainda que apenas pela rama, relacionar causas e efeitos — nomeadamente entre o #AO90 e as suas desastrosas consequências nos planos educacional, editorial, patrimonial, identitário, histórico e cultural.

Tarefa essa que fica a cargo daquilo que jamais poderá ser substituído: a inteligência natural (passe a redundância).

Fundador da Relógio d’Água acusa BookCover de fazer traduções com Google Translate e ChatGPT. Editora diz que “é mentira”

Francisco Vale diz que esmagadora maioria das traduções da BookCover Editora são assinadas por Lúcia Nogueira, “a tradutora mais eficiente do planeta”, sugerindo que há recurso a ferramentas de tradução automática ou a uma equipa de tradutores que não são identificados. Responsável da BookCover garante que acusações são infundadas, tradutora também

A polémica começa com uma longa publicação no Facebook, assinada por Francisco Vale, editor e fundador da editora Relógio d’Água. O título é auto-explicativo e não deixa dúvidas sobre o tema e as acusações que se seguem: “Traduções por Inteligência Artificial (IA) Chegam a Portugal sem Se Fazer Anunciar”.

Francisco Vale alega que circulam em Portugal “nas livrarias, em feiras do livro ou na companhia de alguns jornais, centenas de milhares de exemplares de clássicos ingleses, franceses, alemães, italianos ou russos traduzidos com recurso a programas de inteligência artificial (IA), do Google Translate ao ChatGPT, passando pelo DeepL”. Mas vai mais longe e identifica mesmo a editora que é a visada nas suas críticas: “Tudo indica que um dos principais agentes desta situação seja a BookCover Editora, que tem publicadas centenas de clássicos de diversas línguas, o mais das vezes com preços de cerca de 5 euros. À primeira vista trata-se de uma oferenda aos leitores — clássicos a preços acessíveis. Mas na verdade a BookCover é uma esfinge com alguns mistérios”.

Segundo Francisco Vale, todos os livros da BookCover, excepto a série ConanDoyle, são traduzidos por Lúcia Nogueira, “a tradutora mais eficiente do planeta” porque, só em 2023, “aparece na ficha técnica como tradutora de dezenas de obras, entre elas ‘Guerra e Paz’, com as suas mais de mil páginas, e outros romances volumosos. Nos últimos dois anos e meio terá traduzido cerca de 80 clássicos, muitos deles extensos, como ‘Os Miseráveis’, ‘E Tudo o Vento Levou’ ou ‘Vinte Mil Léguas Submarinas'”. O fundador da Relógio d’Água aponta: “Qualquer editor sabe que mesmo tradutores a tempo inteiro e com larga experiência são incapazes de traduzir mais de 10 a 15 páginas por dia, o que a incansável Lúcia Nogueira parece fazer antes do pequeno-almoço, seja a partir do inglês, do alemão, do italiano, do cirílico russo e em breve talvez do mandarim ou grego antigo. As fichas técnicas da BookCover não indicam o título original nem a língua de que se traduz, nem o nome de revisores”.

O editor assinala ainda outro problema: Francisco Vale diz que existem nos textos traduzidos “numerosas gralhas, erros ortográficos e gramaticais, confusão de Acordos, termos brasileiros e outras incongruências”, pelo que defende que Lúcia Nogueira fará apenas uma correcção dos erros mais graves de uma tradução automática. “É muitíssimo mais provável que se trate de uma tradutora experimentada em tecnologias de tradução automática, que começaram no Google Translate, evoluindo para a tradução neuronal do DeepL e, mais recentemente, o ChatGPT“, aponta.

“Outra hipótese, menos provável por exigir que se escrevam os textos ao computador, é a de que dirija uma equipa de tradutores/revisores que usam o inglês, o que deveria ser referido e individualizado”, lamenta ainda o fundador da Relógio d’Água, no texto partilhado nas redes sociais.

A resposta da BookCover

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Margaritês para totós

«Margarita Correia é doutora em Linguística Portuguesa pela Universidade de Lisboa, tendo-se especializado nos estudos do léxico. Actualmente é professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigadora integrada no Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC), onde coordena o grupo de Léxico e Modelização Computacional. Coordenou a realização do Vocabulário Ortográfico do Português (VOP) e, com José Pedro Ferreira, o Lince – Conversor para a nova ortografia. Garante a coordenação científica do Portal da Língua Portuguesa.» [Webinars da DGEDA]

Desta vez, “nossa” Margarita brinda-nos, fazendo gala da sua habitual pesporrência, com “descobertas” traduzidas em formulações que certamente a autora julgará serem, no mínimo, geniais; como, por exemplo, esta verdadeira pérola de cultura: «a maioria das ofertas de trabalho não são publicadas em inglês, mas nas línguas nacionais de cada país».

‘Margarita Correia, professora auxiliar da Faculdade de Letras de Lisboa e investigadora do ILTEC-CELGA. Coordenadora do Portal da Língua Portuguesa. Entre outras obras, publicou Os Dicionários Portugueses (Lisboa, Caminho, 2009) e, em co-autoria, Inovação Lexical em Português (Lisboa, Colibri, 2005) e Neologia do Português (São Paulo, 2010). Mais informação aqui. Presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) desde 10 de maio de 2018. Ver, ainda: Entrevista com Margarita Correia, na edição número 42 (agosto de 2022) da revista digital brasileira Caderno Seminal.’in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/autores/margarita-correia/15/pagina/1 [consultado em 27-06-2023]

Fantástico. Parece que afinal um doutoramento (ou até dois) não é coisa que se deite fora sem mais aquelas, de vez em quando as estopadas (ou estuporadas) horas de biblioteca podem dar um jeitão para, por exemplo, chegar a conclusões assim e conduzir a descobertas que nunca tinham ocorrido a ninguém. Aliás, naquilo que tange à descoberta de coisas absolutamente inéditas, há que reconhecê-lo, estamos perante uma verdadeira autoridade na matéria; até em termos editoriais, digamos, como pode ser aferido pela extraordinária descrição aposta por um pretenso leitor a um dos livrinhos de Margarita, aquele que dá pelo nome de “Dicionários Portugueses“: «Um pequeno livro que nos dá a conhecer o mundo fantástico das colecções de palavras alfabeticamente organizadas.» Lá está, até parece plágio e tudo, este “leitor” copia literalmente — e por antecipação, o que é ainda mais extraordinário — o adjectivo que inicia este parágrafo. É mesmo fantástico, vejamos, isto dos dicionários serem colecções de palavras alfabeticamente organizadas é um achado, nunca semelhante coisa ocorreu a mais ninguém nem hoje em dia nem “aqui há atrasado”.

Não estraguemos, porém, o imenso prazer que seguramente experimentarão os leitores fiéis de Margarita. Até porque, à semelhança do que sempre acontece com os seus (lá está, toca a repetir de novo) fantásticos textos, também por este, em concreto, perpassam, vibrantes de sageza, frementes de acuidade, outras ideias inovadoras, umas percentagens surpreendentes e até mesmo, como brinde, incursões pelos áridos terrenos da inteligência em geral e da artificial em particular.

É ler, é ler. É embasbacar, é embasbacar.

Tanto o incipit como o explicit são do melhorzinho que anda por aí mas, cá p’ra mim, devo confessar, o que mais me toca, salvo seja, é a frase de desfecho: «Dominar várias línguas vale a pena. E continuará a valer.»

Eish. Não fazia a menor ideia destas coisas, ambas as duas em simultâneo. Isto, verdadeiramente, merecia honras de Panteão Nacional. Ou que Marcelo, esse brasileirista declarado, a condecore com a Ordem de Mérito Cultural; pois merece, emparelhando nas pendurezas com a brasileira Janja, outro colosso cultural que o mesmo fulano agraciou.

Mas que maravilha de texto, ó Margarita. Estou varado.

Conhecimento de línguas e mercado de trabalho

Margarita Correia
www.dn.pt, 26.06.23

Foi publicado a 14 de Junho, pela OCDE, o estudo A procura de competências linguísticas no mercado de trabalho europeu: evidência a partir de anúncios de emprego online. O trabalho foi desenvolvido nos 27 países da UE e no Reino Unido (RU), com dados de 2021, e analisa os requisitos de competências linguísticas, com destaque para inglês, alemão, francês, espanhol e chinês. O documento merece leitura atenta, especialmente por parte dos decisores políticos em linguística e educação; aqui apenas poderei partilhar algumas informações de interesse geral.

Uma das principais conclusões é a de que a Europa continua a ser um mercado de trabalho linguisticamente diversificado e que quem procura emprego num determinado país tem de dominar a(s) língua(s) usada(s) nesse contexto. Em média, nos países da UE e no RU, mais de 10% dos anúncios requerem explicitamente competências em línguas que não a(s) do país; em França e na Alemanha, esses valores ascendem a 45% e 32%, respectivamente. Na Áustria, Bélgica, Dinamarca, Hungria, Itália, Países Baixos, Portugal e Suécia, mais de 15% dos anúncios requerem competências em pelo menos uma língua diferente daquela em que o anúncio é redigido.

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